Eleições 2018

Caetano e Chico comandam ato pró-Haddad no Rio de Janeiro

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Apoiado por artistas, intelectuais e lideranças políticas, Haddad diz estar confiante na vitória no próximo domingo. “Ato da Virada” reuniu milhares de pessoas no Rio de Janeiro

Cerca de 70 mil pessoas estiveram nos Arcos da Lapa, zona central do Rio de Janeiro, na noite desta terça-feira (23) para o “Ato da Virada – Brasil pela Democracia”, realizado em apoio ao candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad.

O ato, que teve a participação de artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso, foi marcado pelo repúdio às recentes declarações do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que ontem (22) ameaçou seus opositores com “a prisão ou o exílio” e afirmou que colocará as forças de segurança do país para “dar no lombo” dos “petralhas”.

“Ele disse que depois das eleições eu teria dois destinos: a prisão ou o exílio. Eu fiz uma opção: resolvi derrotar Jair Bolsonaro. Eu não o quero preso nem exilado. O que eu quero é que ele viva com saúde para ver os negros na universidade, as mulheres emancipadas e donas do seus destinos, as terras indígenas demarcadas, os nordestinos progredindo com água, comida, trabalho e educação”, disse Haddad em discurso.

O candidato do PT adotou um tom duro contra o adversário: “Ele disse que quer acabar com o ‘coitadismo’ de mulheres, negros, nordestinos e gays. O meu recado pra ele é: Jair, se olha no espelho, o coitado é você, que não passa de um soldadinho de araque e só fala grosso porque tem gente armada à sua volta. Você não é capaz de enfrentar um debate, não é capaz de enfrentar uma entrevista sem censurar jornalista livre”.

A atividade pública de Bolsonaro também foi criticada: “Foram sete mandatos de nada, com o dinheiro público pagando o teu salário. São 28 anos no Congresso Nacional propagando o ódio, sem apresentar uma ideia, medíocre que fosse. Não sai nada dele que não seja o pior do ser humano. Ele só sabe agredir, difamar e caluniar, e agora se sabe como: através das fake news nas redes sociais bancadas por amigos empresários que apoiam o projeto neoliberal que ele representa”.

Haddad falou também sobre a possibilidade de virar o jogo até o dia da votação e a necessidade de “dar razão às pessoas’ para conquistar as pessoas. “Não estou falando dos coxinhas que sempre nos odiaram, mas das pessoas que estão revoltadas porque estão desempregadas ou deixaram a universidade”, explicou. “A essas pessoas nós precisamos abraçar e sentar para conversar daqui até o domingo. Vamos dialogar, eles não são nossos inimigos. Vamos fazer um projeto fraterno e avançar do ponto de vista social. Domingo nós vamos ganhar a eleição. Estou sentido no ar uma virada. Nós começamos a crescer e ele começou a cair. Nós temos cinco dias para fazer crescer ainda mais essa onda positiva.”

Caetano, Chico e Brown

Líder dos Racionais Mc’s, o rapper Mano Brown fez uma avaliação crítica do atual cenário político e não se disse muito otimista com as perspectivas do resultado da eleição.

“Vim representar a mim mesmo e não representar ninguém. Não gosto de clima de festa, e a cegueira que atinge lá atinge cá também. Não estou pessimista, estou realista”, declarou Mano Brown.

“Gente que me servia café, que atende meu filho no hospital, viraram monstros. Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil, tem que falar para uma multidão que precisa ser conquistada, senão vamos cair no abismo”, disse o músico.

Logo em seguida, Caetano Veloso tomou o microfone e contemporizou a fala de Mano Brown. “Ele trouxe complexidade aos discursos. Há meios de dizer àqueles que se deixaram hipnotizar por essa onda. Estou aqui por isso, assim como vocês e Mano Brown. O que estamos para defender aqui é dignidade de cada brasileiro”, disse o baiano.

Chico Buarque também defendeu Mano, mas com uma postura mais otimista. “Entendo o que Mano disse, tendo a concordar, mas ainda tendo a acreditar que podemos virar o jogo. Cristãos e coxinhas votaram no fascista, e vendo as barbaridades, a matança de gays, de capoeiras e outros, podem votar no PT. Acredito que o povo da periferia que votou contra si mesmo talvez vire o voto. Queremos paz e alegria”, completou Chico.

Haddad disse que era preciso ouvir com atenção as palavras de Mano Brown. “Entendo e respeito muito o que você disse, Mano Brown, e primeiro porque veio aqui. O que ele disse é sério, as pessoas da periferia estão com ódio. Estão desempregadas, tiveram que deixar a universidade, precisamos abraçar e conversar com essas pessoas, não são nossos inimigos. É sério o que ele disse, essas pessoas precisam de acolhimento”, discursou Haddad.

Imagens do ato:

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