Saúde

O que é kombucha e quais são os seus benefícios

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Naturalmente doce e borbulhante, tomar kombucha é mais divertido que comprimidos de probióticos e tem vários benefícios para sua saúde

Minha primeira experiência com kombucha, uma antiga bebida fermentada, foi uma preparação feita em casa por uma nutricionista meio maluca. Ela chamou a bebida de chá de cogumelos. Parecia mesmo – o líquido era meio alaranjado e turvo, com partículas em suspensão e algo lá dentro que parecia uma camisinha usada.

É a zoogleia“, disse ela, empolgada.

O que quer que fosse aquilo, não era bonito. Mas eu estava decidida a provar. O chá era ligeiramente doce, mas ao mesmo tempo um pouquinho azedo, quase com notas de vinagre, e tinha um pouco de gás. E a tal da zoogleia.

Esperei a revelação dos segredos do universo. Até agora, nada.

Mas posso te contar os segredos do kombucha:

1. Kombucha é um chá adocicado que foi fermentado entre uma e três semanas.

2. A bebida tem origem na China ou na Rússia, dependendo da fonte.

3. Kombucha, kimchi, kefir e outros alimentos fermentados são componente da dieta há muito tempo em certas partes do mundo e agora estão virando moda no Ocidente.

4. A palavra “kombucha“, literalmente “chá de algas“, em japonês, se refere a outra coisa no Japão: um chá suave, não a bebida fermentada e ligeiramente gasosa.

5. A zoogleia, também chamada de biofilme, aquele negócio que parece um cogumelo, é uma contração em inglês para culturas simbióticas de bactérias e leveduras. Parece um pedaço de borracha, mas é o que torna possível a mágica da fermentação do kombucha.

Bactérias no chá parecem má ideia? Neste caso, são as bactérias do bem.

Os benefícios de saúde

A zoogleia é responsável pelas leveduras e pelas bactérias do bem, que garantem a fermentação, a efervescência do kombucha e as características probióticas do kombucha. Os probióticos são microscópios, mas não subestime seu poder – eles são responsáveis por garantir a saúde do seu microbioma (um nome mais sofisticado para seu aparelho digestivo).

Os devotos do kombucha acreditam que ele ajuda na perda de peso e no combate ao estresse. O estudo mais abrangente sobre a bebida foi realizado na Universidade da Letônia – país em que a fermentação é parte da, erm, cultura. O mesmo vale para outros países da Europa Oriental.

O estudo descreve quatro vantagens do kombucha:

1. Ajuda a desintoxicar.

2. É rico em antioxidantes.

3. Dá energia.

4. Melhora a imunidade.

A maioria das pessoas também nota uma melhora na digestão“, diz Michelle Schoffro Cook, do site Cultured Cook. “Na minha experiência, quando a digestão melhora, melhoram também a saúde geral.” Um estudo recente da Universidade Johns Hopkins confirma a afirmação de Cook.

Não é à toa que o kombucha está cada vez mais presente nas prateleiras dos supermercados. Garrafas (de 450 ml) custam entre 3 e 5 dólares, o que não é barato, mas também não fica muito distante de um latte chique. Nos Estados Unidos, algumas marcas de sucesso são Brew Dr. Kombucha, GT’s Live Kombucha (que produz o chá há mais de 20 anos), Health-Ade, Humm e KeVita.

A história do açúcar e do álcool no kombucha

Assim como leveduras e bactérias, o kombucha também contém açúcar e álcool. Ambos são parte do processo. A maior parte do açúcar é consumida pelas bactérias durante a fermentação, mas sobre algo entre 2 e 6 gramas em um copo de 220 ml. “Não deve ser problema para a maioria das pessoas“, afirma Cook.

Na realidade, o açúcar provavelmente ajuda. Bebidas doces são responsáveis por boa parte do consumo de açúcar adicionado na dieta do americano médio. Se você adora bebidas gasosas, trocar o refrigerante por kombucha significa reduzir o consumo de açúcar e aumentar o de probióticos.

A bebida é naturalmente doce e borbulhante, e tomar kombucha é mais divertido que comprimidos de probióticos e mais saudável que uma lata de Coca-Cola, que contém 39 gramas de açúcar (mas a Health-Ade está sendo processada por informar no rótulo uma quantidade menor de açúcar do que a efetivamente contida no produto).

Quanto ao álcool, segue uma explicação rápida: durante a fermentação, as leveduras se alimentam do açúcar, gerando dióxido de carbono – o gás – e quantidades ínfimas de álcool, que funciona como conservante. O kombucha deve conter menos de 0,5% de álcool para não ser classificado (e taxado) como bebida alcoólica. Com o crescimento de 37,4% nas vendas em 2017 (e um mercado que deve chegar a 1,8 bilhão de dólares em 2020, os produtores estão fazendo lobby junto ao Congresso americano para que o limite de álcool seja elevado para 1,25%

As empresas estão acrescentando ingredientes ao kombucha

Enquanto isso, os produtores de kombucha estão competindo para ver quem cria mais sabores e novas culturas – com um mercado tão aquecido, só os probióticos naturais já não são suficientes. As empresas estão acrescentando prebióticos – alimentos ricos em fibras que ajudam a produção de probióticos – e ingredientes como ginseng, para o combate ao estresse.

Faz bem? Sem dúvida. Mas a quantidade de prebióticos é tão pequena que não faz tanta diferença. Cook recomenda: “Melhor comer frutas, nozes, sementes, legumes, grãos integrais e outros alimentos que contenham fibras e açúcar natural. Quanto ao kombucha, é importante certificar-se de que ele tem culturas vivas e não foi pasteurizado durante o processo de engarrafamento.”

Faça kombucha em casa

Muitas opções? Cook diz que dá para fazer seu próprio kombucha. Seu novo livro, The Cultured Cook, inclui receitas.

É muito fácil fazer kombucha. Faço chá doce normal, espero esfriar, acrescento a zoogleia e espero de cinco a sete dias. Depois é só tomar e guardar para a semana.”

Os produtores de kombucha artesanal são almas generosas. Faça amizade com algum e peça um pouco zoogleia. Outra possibilidade é comprá-la online.

Cook diz que seu kombucha nunca deu errado. Para quem não gosta do aspecto da zoogleia, ela sugere envolvê-la num pano de prato enquanto ocorre a fermentação.

Os alimentos fermentados são parte da nossa rotina diária porque nossos antepassados sabiam que eles são importantes para a saúde“, afirma Cook. “Fazer kombucha e outras comidas fermentadas é simplesmente voltar para nossas raízes.”

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Ellen Kanner, HuffPost

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