Mulheres violadas

Atriz da Globo se pronuncia sobre vazamento de fotos íntimas

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A atriz Paolla Oliveira, da TV Globo, divulgou uma manifestação de repúdio após o vazamento de fotos em que aparece despida. Principais suspeitos do crime são funcionários da própria emissora

A atriz Paolla Oliveira, da TV Globo, divulgou uma manifestação de repúdio após o vazamento de fotos em que aparece despida.

As imagens foram tiradas dentro de um set de filmagens na própria emissora e os principais suspeitos de cometer o crime são funcionários da Globo.

A Globo se pronunciou e garantiu que não poupará esforços “para que sejam identificados os culpados e aplicadas as punições previstas na lei”.

“A Globo repudia com veemência esse tipo de abuso, que atenta contra os direitos da atriz e viola a privacidade de seus ambientes de trabalho. O ato, que configura crime previsto em lei, também foi informado às autoridades policiais”, diz o texto divulgado pela emissora.

Paolla Oliveira, por sua vez, foi bem mais enérgica em seu posicionamento. “Até quando a invasão da privacidade de um ser humano, o desrespeito a um ambiente de trabalho e a atitude desonesta de trair a confiança de colegas de trabalho serão tratados como um ato de esperteza em nossa sociedade?”, escreveu a atriz.

“As autoridades já foram acionadas para que esta atitude seja punida exemplarmente, e qualquer pessoa possa trabalhar dignamente, sem correr o risco de ter a sua intimidade exposta, explorada, desrespeitada por invasores, covardes e criminosos”, prosseguiu, em texto publicado no Instagram.

Leia a íntegra do texto publicado pela atriz:

ATÉ QUANDO? Até quando a invasão da privacidade de um ser humano, o desrespeito a um ambiente de trabalho e a atitude desonesta de trair a confiança de colegas de trabalho serão tratados como um ato de esperteza em nossa sociedade? Esta é a pergunta que me faço e gostaria de compartilhar com todos. Sou atriz e estou trabalhando em uma série que se chama ‘Assédio’, uma produção da Globo com a O2Filmes. Em um ambiente controlado, fechado e profissional, um criminoso (não há outra palavra que o defina – pois o que foi feito é crime) resolveu fazer fotos clandestinas de um momento mais sensual da série e divulgar em redes sociais. O que para mim é trabalho se transformou em oportunidade para alguém tentar tirar vantagens. O que esta pessoa ganhou com isso? Dinheiro, fama, cliques, likes, popularidade? Pouco importa. Pois o que ele (ou ela) fez para obter isso é crime previsto na lei. Em um momento em que todos estamos buscando uma sociedade mais correta, não há mais espaço para considerarmos esperteza o que é um desrespeito. As autoridades já foram acionadas para que esta atitude seja punida exemplarmente, e qualquer pessoa possa trabalhar dignamente, sem correr o risco de ter a sua intimidade exposta, explorada, desrespeitada por invasores, covardes e criminosos. #AteQuando

Vazamento de fotos íntimas

Como proceder se você for vítima de divulgação de conteúdos íntimos sem consentimento?

Infelizmente, a divulgação de imagens íntimas em sites e redes sociais é um problema muito comum, que tem como principais vítimas as mulheres — muitas, inclusive, já chegaram a tirar a própria vida após serem expostas.

Mas, ao passar por essa situação, é possível acionar a Justiça para resolver o problema e punir o divulgador dos conteúdos.

No ano passado, a atriz Mischa Barton venceu uma ação judicial contra o ex-namorado, servindo de exemplo para muitas mulheres vítimas do mesmo crime.

“A gente não tem uma Lei específica para essa conduta, mas pode-se acionar a Justiça com base na injúria e difamação. Porém, se o conteúdo foi obtido por meio de invasão de um dispositivo, por exemplo, o crime pode ser enquadrado na Lei 12.737/2012, conhecida como ‘Lei Carolina Dieckmann’”, explica o advogado Renato Ópice Blum, especialista em direito digital e coordenador do curso de Direito Digital do Insper.

Em 2012, Carolina Dieckmann teve fotos íntimas vazadas na internet após não ceder a uma chantagem de um homem que invadiu seu computador.

Na época, ela revelou que o homem pediu R$ 10 mil para não divulgar as imagens, que foram obtidas ilegalmente durante uma assistência técnica do computador da atriz. O caso da atriz inspirou a Lei Federal 12.737.

Além da punição a quem divulga às imagens, as vítimas querem urgência em retirar fotos e vídeos dos sites. Para isso, é necessário que as próprias plataformas exijam a remoção ao usuário que postou.

“Aqui no Brasil isso costuma ser bem rápida. Mesmo com perfis fakes, a chance de descobrir a identidade do autor é muito alta, e pode-se pedir a remoção. Se as plataformas não fizerem isso, a vítima pode entrar com uma ação judicial, e o juiz vai pedir uma liminar para o conteúdo ser retirado do ar imediatamente. As maiores dificuldades acontecem quando os conteúdos estão hospedados em sites de outros países que não têm representantes nacionais. Porém, costuma haver uma colaboração global nisso”, explica o especialista.

O que muita gente não sabe é que quem compartilha esses conteúdos divulgados ilegalmente também está cometendo um crime, como explica o advogado:

“Dá para se ter o mínimo de percepção que aquele conteúdo é ilegal, que foi publicado de forma indevida. A pessoa que compartilha pode sim ser responsabilizada e processada, e deverá pagar indenização por danos morais”.

Já a pessoa que registrou e divulgou fotos e vídeos sem o devido consentimento, além da indenização por danos morais, também podem ser condenados a até dois anos de prisão.

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