Corrupção

“Eduardo Cunha era uma máquina de arrecadar dinheiro, um monstro…”

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Pedro Corrêa e Lúcio Funaro detalham o papel de Eduardo Cunha no sistema de corrupção do Congresso Nacional

Em depoimentos da delação premiada, o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) afirmou que o ex-deputado Eduardo Cunha era uma “máquina de arrecadar propina“. Os vídeos da delação, prestada no ano passado e em agosto deste ano, foram divulgados na última segunda-feira (16) e expõem o papel de Cunha no sistema de corrupção no Congresso.

Cunha era uma máquina de arrecadar dinheiro, um monstro. Impressionava todo mundo“, afirmou Corrêa, em depoimento divulgado pela TV Globo. “Arrecadava dinheiro de todo o jeito. Tinha uma coragem imensa de fazer as coisas.”

O ex-deputado do PP ainda contou que havia alertado Cunha e o deputado Júlio Lopes, também do PP, sobre a chance de a “sede ao pote” dos dois acabar em cassação. “Eu disse aos dois: ‘olha, vocês tinham acabado de chegar em Brasília, foram com tanta sede ao pote, vão acabar cassados. Porque cuidado que o cargo de deputado federal é muito visado’.”

Os depoimentos de Corrêa foram homologados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, em agosto deste ano.

Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff também foram citados na delação de Pedro Corrêa. Segundo o ex-deputado, Lula participou diretamente da nomeação de Paulo Roberto Costa — primeiro delator da Lava Jato — para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras e teria negociado compras de votos do PMDB para apoio à nomeação de Costa e do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.

Ainda segundo o depoimento de Pedro Corrêa, Dilma mandou, em 2011, um diretor da estatal a pagar propina ao Partido Progressista.

Funaro

Na semana passada, o operador financeiro Lúcio Funaro também definiu o papel de Cunha na Câmara dos Deputados como um “banco de corrupção de políticos“. Em seu acordo de delação premiada, Funaro afirmou que todos os deputados que precisavam de recursos pedia dinheiro a ele e ele cedia. Em troca, ele “mandava no mandato do cara“, acrescentou. “Não precisava nem ir atrás de ninguém, fazia fila de gente atrás dele”. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com Funaro, 60% a 65% do valor de cada repasse de propinas na Caixa Econômica Federal ficavam com Geddel Vieira Lima e o resto, entre 40% e 35%, era dividido entre Funaro e Cunha. “Dependia da operação e da necessidade de caixa que ele tinha”, acrescentou.

Impeachment

Em outro depoimento à Procuradoria-Geral da República, Funaro confirmou o repasse de R$ 1 milhão para Cunha “comprar” votos a favor do impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado.

Na delação, o operador financeiro afirma que Cunha lhe pediu o dinheiro um dia antes da votação na Câmara, que aconteceu no dia 17 de abril. “Depois de uma semana de aprovado o impeachment, comecei a enviar dinheiro para ele [Cunha] ir pagando os compromissos que ele tinha assumido“, relatou Funaro, acrescentando que o dinheiro foi entregue em Brasília, São Paulo e no Rio.

Funaro prestou depoimento em agosto deste ano e sua delação foi homologada por Fachin, do STF.

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