Homofobia

Professor universitário diz que “os homossexuais inventaram a Aids”

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"Homossexuais inventaram a Aids"; "mulheres lésbicas são fruto de abusos dos pais"; “homossexualidade é uma anomalia genética fruto de incesto”. Universidade Federal do Acre abre processo contra professor de jornalismo após comentários homofóbicos em sala de aula

O professor de Jornalismo Mauro Cesar Rocha

Um professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac) está sendo investigado após alunos do 2º período da instituição de ensino relatarem um episódio de homofobia em sala de aula.

Segundo os estudantes, o docente Mauro Cesar Rocha, que dá aulas de Sociologia da Comunicação, disse que “homossexuais inventaram a Aids” e que “mulheres lésbicas são fruto de abusos dos pais”.

A direção da universidade informou que vai averiguar o caso e aplicar as penalidades previstas no Regimento Interno da Instituição, caso julgue necessário.

Em nota, a Ufac comunicou também que “repudia qualquer ato de racismo, preconceito e discriminação social, seja de identidade étnica, sexual, de gênero, religiosa ou de qualquer outra natureza, que venha ferir o direito de qualquer cidadão”.

Segundo um aluno de 23 anos que não quis se identificar, o professor falava sobre capital desregulado quando enfatizou que, de alguma forma, esse “desregulado é uma consequência da falta de moral do país”.

Em seguida, Rocha deu o exemplo: o “homossexualismo é uma anomalia genética, causada por incesto” e “a Aids surgiu a partir das relações dos homossexuais”.

Indignados, os estudantes ainda ouviram da boca do professor que “homossexuais não poderiam adotar uma criança”. Alguns universitários saíram da sala de aula e denunciaram o docente na ouvidoria da universidade.

“Eu sou homossexual e me senti extremamente ofendido pelas opiniões dele. Se é um professor, tem que ter ética pelo menos na sala de aula. Ele nem se importou se algum aluno é homossexual”, contou um aluno ao jornal Extra, acrescentando que Rocha é um professor conhecido entre os estudantes por falar coisas que não fazem muito sentido.

O Centro Acadêmico de Jornalismo emitiu uma nota de repúdio contra as declarações que teriam partido do professor Mauro Rocha. Leia abaixo:

NOTA DE REPÚDIO

Com discurso claramente homofóbico, o citado professor fez as seguintes afirmações: “os homossexuais inventaram a AIDS”, “mulheres lésbicas são frutos de abusos dos pais”, “homossexualidade é uma anomalia genética”, “gays não podem adotar” e finalizou com “ser gay é uma opção”. Ao ser questionado por um dos alunos presentes, o docente respondeu: “eu não sabia que aqui nessa sala tinha essas coisas”, referindo-se aos alunos homossexuais da sala como meros objetos.

O Centro Acadêmico do Curso de Jornalismo (CACJ) repudia todo e qualquer discurso de ódio por parte de docentes, discentes, servidores ou quaisquer membros da sociedade, seja no âmbito acadêmico, profissional ou social. Repudia, também, o ensino baseado em opiniões pessoais sem o devido fundamento teórico ao qual se destina a formação acadêmica.

Ressalte-se que o CACJ tem ciência da relação construída entre alunos e professores ao longo dos 15 anos de existência do curso de Jornalismo e que tal atitude destoa da imagem ora fortalecida e que a cada dia cresce em prol do bem-estar individual e coletivo baseado no respeito mútuo.

Como jornalistas em processo de formação, aprendemos que é nosso dever ético opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e estaremos acompanhando o desenrolar dos procedimentos e tomando as providências cabíveis.

Rio Branco, Acre – 18 de julho de 2017

Centro Acadêmico do Curso de Jornalismo

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