Saúde

Médica nega socorro e criança morre no Rio de Janeiro

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Criança de 1 ano e 6 meses morre após médica negar socorro porque "seu expediente já estava no fim". Testemunhas afirmam que ela estava alterada e rasgou a solicitação de atendimento. Mãe e pai desabafam: "é desumano"

O pequeno Breno morreu após médica se recusar a prestar socorro. Pai e mãe estão inconsoláveis

Um bebê de um ano e seis meses morreu uma hora e meia depois de uma médica se recusar a levá-lo para um hospital na ambulância solicitada pela família, nesta quarta-feira, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Para justificar a recusa de socorrer a criança, a médica alegou que o seu turno já havia acabado. Testemunhas relataram que a profissional de saúde estava alterada e teria rasgado a solicitação de atendimento.

O pequeno Breno Rodrigues Duarte da Silva acabou falecendo após vomitar e se engasgar, enquanto esperava por outro socorro.

“Ele estava com uma gastroenterite, passando mal do estômago. A médica que cuida dele indicou a internação. Durante a madrugada ele piorou, tinha dificuldade de respirar. O home care solicitou a ambulância às 8h20 e 9h10 já estava na porta do meu condomínio. O porteiro avisou que tinha chegado, mas não subia. Depois, ele ligou e disse que a doutora tinha ido embora. O porteiro disse que ela esbravejava ao telefone e estava nervosa. Aí ela rasgou os papéis que parecia ser a solicitação do atendimento e disse que tinha acabado o plantão e que não era pediatra”, contou a mãe de Breno, Rhuana Lopes Rodrigues, de 28 anos.

Quando a segunda ambulância chegou, às 11h, o menino já estava morto. Breno nasceu com problemas neurológicos e desde que deixou o hospital, em julho de 2016, recebia atendimento em casa no sistema home care.

Desde então Rhuana deixou a vida de empresária de lado e passou a se dedicar integralmente ao filho. “Ele tinha 1h30 para chegar ao hospital. Vou morrer com o “se”. Se ela o tivesse levado, ele estaria vivo? Se tivesse vomitado no hospital, não teria equipamentos para salvar ele?

O casal pretende entrar na Justiça por conta da negligência no atendimento. A Unimed, contratada pela família, era a responsável pela solicitação da ambulância. O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca).

Eu abdiquei da minha vida, parei de trabalhar e virei mãe 100%. Me doei tanto e por um ato desumano perdi meu filho. Tanta dedicação e quando precisei de ajuda não contei com ela. Sabia das dificuldades do meu filho, mas nunca imaginei que perderia meu filho dessa fora, por negligência“, desabafou Rhuana.

Em nota, a Unimed-Rio disse lamentar profundamente a morte de Breno e que vem “prestando apoio irrestrito à família nesse momento tão difícil.” A empresa disse que está tomando as providências para descredenciar imediatamente o prestador “Cuidar” por conta da “postura inadmissível no atendimento prestado à criança.”

Felipe Duarte, pai de Breno, também desabafou nesta quinta-feira sobre a morte de seu filho. “Não tenho raiva. Só desejo que ela jamais faça isso de novo. Como ela vai pagar, qual punição vai ter, não cabe a mim julgar. Cabe à lei o caminho que ela vai seguir. Meu filho era especial. Pais de filhos especiais já sofrem querendo dar o melhor para as crianças, e vem uma pessoa assim e não cuida, justamente quando mais precisa. Meu filho precisava de cuidado. Se ela não tivesse se omitido, ele poderia estar vivo agora“, disse, com tom de voz emocionado em entrevista ao jornal Extra.

Felipe publicou em sua página no Facebook uma homenagem emocionante ao pequeno Breno:

“Breno, meu amado filho! Por que se foi tão rápido? Ainda tínhamos tanto para viver… cada momento juntos foi tão maravilhoso! Você nos trouxe tantos ensinamentos, tanto amor e tanta esperança! Se você soubesse o quanto todos nós te amamos! Tenho certeza que agora você está em um lugar melhor e um dia vamos nos reencontrar”.

NOTA

Em nota, a Unimed-Rio disse lamentar profundamente a morte de Breno e que vem “prestando apoio irrestrito à família nesse momento tão difícil.” A empresa disse que está tomando as providências para descredenciar imediatamente o prestador “Cuidar” por conta da “postura inadmissível no atendimento prestado à criança.”

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