PSDB

Doria, Huck e o desespero tucano

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João Doria Junior e Luciano Grostein Huck (reprodução)

Eric Gil*, Pragmatismo Político

Na edição desta segunda-feira da Folha de São Paulo, tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quanto o Senador Aécio Neves, elogiaram o primeiro ano do governo Temer. Ambos deram ares ao Temer de um governante corajoso, que não teve medo de fazer as “reformas necessárias”.

O PSDB imaginava no ano passado que poderia apoiar e compôr o governo de Michel Temer sem adquirir ônus algum de sua – já prevista à época – impopularidade. O atual governo, que já chegou ao recorde de pífios 4% de aprovação, segundo o último IPSOS, dividiu a sua impopularidade com seus apoiadores, incluindo o tucanato.

Segundo o Datafolha, o primeiro tucano a aparecer na lista de intenções de voto para o próximo ano – obviamente há grandes limitações ao se perguntar em quem o eleitor votará no próximo ano, o que indica muito mais quem eles conhecem do que quem votarão de fato – é João Doria, prefeito de São Paulo, ocupando a longínqua quarta colocação (atrás de Lula, Marina Silva e Jair Bolsonaro, respectivamente). Aliado a isto também há a queda da preferência partidária – também calculada pelo Datafolha – que viu tanto o PMDB quanto o PSDB caírem, enquanto o PT se recuperava (enquanto PMDB e PSDB sustentaram 4% cada de preferência partidária, o PT passou de 9% para 15%).

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Duas coisas podem explicar a queda do PSDB, partido o qual surfou na queda petista nas eleições municipais de 2016. Primeiro, a já mencionada impopularidade do governo e de suas reformas, as quais o PSDB apoia fortemente, inclusive com Doria atacando quem é contra indiscriminadamente em entrevistas e pela internet – lembrando que, novamente o Datafolha, 71% das pessoas são contra a Reforma da Previdência e 65% contra a Reforma Trabalhista. O outro fator são as menções dos tucanos na Lava-Jato. Apesar de terem se colocado como os moralizadores da política nacional, isto não cola mais no eleitorado depois de tantos nomes deste partido serem citados em delações e já serem até mesmo investigados.

Observando isto, o PSDB já falou em “se reinventar”. Traduzindo-se em atos, FHC afirmou em entrevista que “o novo” são nomes como os de João Doria e o apresentador global Luciano Huck – um dos queridinhos da direita brasileira.

Já em desespero, o PSDB tenta surfar na onda do não-político, que anda tomando conta não só das urnas brasileiras, mas também em todo o mundo. Parece já estar dispensando o seu candidato natural de 2018, Geraldo Alckmin, abrindo as portas para os “outsiders” (apesar de Doria já não poder mais ser considerado de fora do sistema, o seu discurso continua a ser de “gestor” e de “não-político”). Vejamos se isto irá ajudar a não afundar ainda mais o partido.

*Eric Gil é economista formado pela Universidade Federal da Paraíba, mestre e doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná; escreve quinzenalmente para Pragmatismo Político

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