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Mídia desonesta 11/Out/2016 às 10:50 COMENTÁRIOS
Mídia desonesta

Site da Veja e blog de Mainardi espalham boatos sobre Marcelo Freixo na internet

Publicado em 11 Out, 2016 às 10h50

Corrente de mensagens falsas chega a afirmar que Marcelo Freixo “participa de surubas” envolvendo Jean Wyllys. Rede de difamação contra candidato do PSOL é capitaneada por discípulo de Olavo de Carvalho e por Diogo Mainardi, ex-Veja

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Marcelo Ribeiro Freixo, professor e candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSOL (reprodução)

Pedro Zambarda de Araujo*, DCM

Os ataques que políticos sofrem na internet não são novidade para ninguém, mas eles ganharam tons surreais a partir do dia 3 de outubro. De acordo com o Google Trends, site que rastreia as buscas e as tendências da rede, o termo Marcelo Freixo pulou de menos de 10 pontos para praticamente 100.

Para comparar, o nome de Fernando Haddad ficou abaixo 20 pontos ao longo das eleições até sua derrota frente a João Doria Jr. O motivo por trás dessa explosão de buscas está a disseminação de boatos por perfis fakes e sites jornalísticos.

O professor Fábio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, fez uma boa análise num texto publicado em seu Facebook.

Para responder às difamações, o candidato lançou no último dia 6 um site chamado “A verdade sobre Freixo”. Só não utilizará o horário eleitoral gratuito para isso.

Há alguns veículos de mídia ateando fogo na rede de calúnias.

Um deles é Blog do Pim, de Felipe Moura Brasil, na Veja, que insiste na tese de que Marcelo Freixo defende “anistia para bandido” divulgando um vídeo cortado e com fala fora de contexto.

O discípulo de Olavo de Carvalho inclui o link para o material original, mas seus leitores mais fiéis não vão se dar ao trabalho de confrontar as duas gravações para ver qual é a mais correta.

O Antagonista, da dupla Diogo Mainardi e Mario Sabino, distorceu uma declaração de Freixo ao jornal O Globo colocando que o candidato esperava conversão de votos de Flávio Bolsonaro. Seriam aqueles que identificaram a “coragem de encarar as milícias” que Marcelo Freixo teve.

O blog Spotniks também dá corda para uma história falsa de que Freixo estaria diretamente ligado aos black blocs do Rio de Janeiro. O candidato diz de fato que a tática de protesto deve ser respeitada, mas não há prova alguma do seu envolvimento com os mascarados.

Os sites pagam o Google para figurar entre as primeiras páginas de busca temporariamente. Trata-se de uma tática de Search Engine Otimization – SEO, otimização do motor de buscas numa tradução literal do inglês. A estratégia dá maior visibilidade para conteúdos pagos, sejam eles verdadeiros ou não.

As postagens e um trabalho intenso dos fakes no Twitter para disseminar a desinformação colaboraram para criar o atual clima em torno da candidatura de Freixo no Rio.

Perfis como @MarceloFrexo no Twitter, sem a letra ‘i’, dão sua colaboração. O fake insinuou que o candidato associa a violência de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com a “PM opressora”, além de defender presidiários. “Frexo” chegou a 485 mil seguidores na rede social.

O pastor Silas Malafaia, em seu perfil oficial, também espalhou que Freixo apoia a liberação de drogas, a prostituição e os black blocs. Uma rede de fakes com menor alcance tratou de aumentar a história falsa do religioso acrescentando que ele “participa de surubas” envolvendo Jean Wyllys, usando uma foto verdadeira de um selinho dos dois.

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O oponente de Marcelo Freixo, Marcelo Crivella, que tem forte ligação com a Igreja Universal de Edir Macedo, sofreu mais ataques no primeiro turno. Ele criou um site para rebater as acusações de que teria dito que “os negros só gostam de cachaça, prostíbulo e macumba”.

Freixo vai acionar a Justiça Eleitoral e a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) contra difamações envolvendo seu nome e divulgadas na internet. O Marco Civil da Internet, aprovado no primeiro mandato de Dilma Rousseff com participação da sociedade civil, pode acelerar a punição de sites responsáveis por ataques, de acordo com o Consultor Jurídico (ConJur). A solicitação de retirada do conteúdo online pode ser feita através do rastreamento do número IP na rede.

*Pedro Zambarda de Araujo é escritor, jornalista e blogueiro.

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