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Médica é alvo de racismo após resposta sobre ‘peleumonia’

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Da série: não existe racismo no Brasil. Ou "o mundo está ficando chato demais". Médica que viralizou no último final de semana ao rebater com muita delicadeza o deboche do colega de profissão foi alvo de sucessivos ataques racistas e disse estar em estado de choque

(Imagem: médica Júlia Rocha sofre ataques racistas após criticar colega que debochou de paciente)

A médica mineira Júlia Rocha — que respondeu ao deboche de um médico após ele zombar de um paciente no interior de São Paulo e afirmou que existe ‘peleumonia’ — viu seu post render milhares de curtidas, comentários, mas também ataques racistas.

Na noite deste domingo, a médica desabafou em uma nova publicação em seu perfil pessoal e disse estar em ‘estado de choque’.

Em um post acompanhado de prints com ataques racistas, ela disse que não falaria nada, mas como vai ser mãe de “uma criança preta muito amada”, não poderia ficar calada.

A médica explicou que o post feito na última sexta-feira, em resposta ao médico paulista, era uma referência à forma como os pacientes contam suas dores.

“Não citei nomes, não julguei. Apenas dei testemunho de como nós, médicos de família e comunidade tratamos nossos pacientes. Agora a noite, recebi a ligação de uma prima me dizendo que um homem do Sul havia postado ofensas racistas contra mim. Meu coração chega a doer só de pensar que esse é o mundo que minha filha ou meu filho viverá. Estou em choque”, desabafou no Facebook.

Entenda o caso

Na última sexta, Júlia publicou na rede social uma resposta ao médico Guilherme Capel, que zombou da forma como os pacientes falam.

Existe peleumonia. Eu mesma já vi várias. Incrusive com febre interna que o termômetro num mostra. Disintiria, quebranto, mal olhado, impíngi, cobreiro, vento virado, ispinhela caída. Eu tô aqui pra mode atestá. Quem sabe o que tem é quem sente. E eu quero ouvir ocê desse jeitinho. Mode a gente se entendê. Por que pra mim foi dada a chance de conhecê as letra e os livro. Pra você, só deram chance de dizê. Pode dizê. Eu quero ouvir.“. Até a noite de domingo, a publicação tinha 147 mil curtidas e 67,4 mil compartilhamentos.

Entre os comentários feitos nesse post e divulgados pela médica, estão o de uma mulher que diz: “Com vergonha da cor, essa tribufu oxigena a juba para parecer menos negra. Típico de esquerdista e mal amada”. Outro homem também a ataca: “Muito top esse cabelo ecológico, deve ter até mico leão dourado”.

A publicação também é acompanhada de ataques de cunho político. “Essa ‘entidade’ da foto se apresenta ao mesmo tempo como médica especialista em medicina da família e comunidade, preceptora de residentes e cantora. Foi ela quem atacou o guri que fez a postagem sobre “PELEUMONIA” e perdeu o emprego na Santa Casa… Conheço o tipo… Esse é o tipo de gente que sai escrevendo que ‘agora é a vez da senzala’ e ‘a casa grande não admite’. Essa aberração NÃO é medica, nem preceptora, nem cantora, nem p.. nenhuma – é bandida petista!”, disse um homem.

Na manhã desta segunda-feira, a postagem que denunciava as ofensas foi removida do Facebook.

Carolina Mansur, Estado de Minas

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