Redação Pragmatismo
Contra o Preconceito 17/Jun/2016 às 16:19 COMENTÁRIOS
Contra o Preconceito

Menina trans de 7 anos que virou nome de lei grava recado comovente

Publicado em 17 Jun, 2016 às 16h19

Menina trans lembra que crianças como ela precisam ser ouvidas. A pequena Willa, de apenas 7 anos, que deu nome à lei de identidade de gênero da Ilha de Malta gravou um relato emocionante. Assista

Willa Naylor menina trans vídeo criança
Willa Naylor, com 7 anos gravou o vídeo “Crianças trans precisam ser ouvidas” (reprodução)

Neto Lucon*

Willa Naylor tinha sete anos quando gravou o vídeo Trans kids need to be listened to (Crianças trans precisam ser ouvidas). Nele, a pequena fala sobre o relacionamento com os pais, a vivência trans e ainda faz um pedido: a despatologização das identidades trans.

Ela, que mora na Ilha de Malta e que atualmente está com oito anos, afirma que antes da transição foi muito “ruim viver como um garoto” e que decidiu conversar com a mãe e o pai, Bex e James, dizendo que “se sentia uma menina”.

Diferente de tantas histórias, Willa foi respeitada por eles. “Eles me aceitaram. Então, me deixaram vestir como uma menina dentro de casa para que eu pudesse ver se isso era certo para mim. E isso foi bom, porque minha vida ficou muito melhor. Se eles não tivessem me deixado viver como menina, eu teria sido triste”, conta.

Após perceberam que Willa realmente se sentia à vontade com as roupas femininas e com essa vivência, os pais então permitiram que ela vivesse fora de sua casa a real identidade. Simples, né? “Agora, estou muito feliz vivendo como uma menina. Eu sou Willa em todos os lugares, quando estou em casa e na escola também. Sou plenamente respeitada como Willa e é isso que outras crianças trans também precisam”.

O fim da despatologização

O vídeo com a mensagem de aceitação termina falando sobre um projeto que visa derrubar a patologização das identidades trans. Ou seja, que a travestilidade, transexualidade ou transgeneridade não sejam mais vistas como uma doença e que seja tirado da Classificação Internacional de Doenças (CID), pela Organização Mundial de Saúde.

Nós devemos apenas ter permissão para viver como nós somos, porque sabemos quem somos. Crianças trans precisam ser ouvidas. Não temos uma doença e você não pode nos mudar. Nós somos o que somos”, afirma a garotinha, que frisa ser “muito feliz sendo uma garotinha”.

Em Malta, graças ao reconhecimento legal de Willa, pessoas trans não precisam fornecer prova de tratamento psiquiátrico ou psicológico para conseguir ser reconhecida com a sua identidade de gênero. Mas, em grande parte do mundo, muitas crianças trans passam por procedimentos estigmatizantes com o objetivo de serem reconhecidas como tal.

Sou plenamente respeitada como Willa e é isso que outras crianças trans precisam”.

Dia Internacional pela Despatologização Trans

Muita gente não sabe, mas o Dia Internacional Pela Despatologização das identidades trans é realizado no dia 24 de outubro pela ong internacional Transgender Europe.

A ideia é que a travestilidade, transexualidade ou transgeneridade não sejam mais vistas como um problema de saúde mental. Mas como mais uma possibilidade de vivências e identidades.

Impossível? A luta pela despatologização começa a trazer resultados pelo mundo. A Dinamarca, por exemplo, foi o primeiro a eliminar a transexualidade dos manuais de psiquiatria. A modificação está prevista para ser realizada no dia 11 de janeiro de 2017.

Assista ao vídeo:

*Neto Lucon é jornalista conhecido por defender a causa trans, especialmente pelo movimento social de travestis, mulheres transexuais do Estado de São Paulo.

Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS