Redação Pragmatismo
Impeachment 07/Abr/2016 às 15:00 COMENTÁRIOS
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Empreiteira ligada a Aécio Neves é a nova esperança do golpe

Publicado em 07 Abr, 2016 às 15h00

A Andrade Gutierrez, empreiteira historicamente ligada a Aécio Neves e que doou mais para a campanha presidencial do tucano do que para a de Dilma Rousseff, em 2014, é a nova aposta para alimentar o golpe. Em delação premiada, a construtora mineira tenta comprometer Dilma e se cala sobre PSDB e Aécio

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Aécio Neves e Andrade Gutierrez são parceiros de longa data. WhatsApp de executivos da empreiteira revelou xingamentos a Dilma e torcida pelo tucano em 2014

Uma construtora mineira, que recebeu grandes favores do PSDB em Minas Gerais, e cujos executivos torceram abertamente pela vitória do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014 pode se tornar a nova arma do golpe em curso no Brasil.

Trata-se da Andrade Gutierrez. Isso porque seu presidente, o executivo Otávio Azevedo, que passou nove meses preso, antes de propor uma delação premiada, ainda não homologada pelo Supremo Tribunal Federal, diz que as doações ao PT – e apenas ao PT – foram fruto de propina. A acusação é a manchete desta quinta-feira da Folha de S. Paulo.

A Andrade, no entanto, tem fortes ligações com o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Além de ter doado mais para o candidato tucano em 2014 do que para a presidente Dilma, a Andrade ganhou poderes de controle sobre a Cemig, gigante do setor elétrico, durante as administrações do PSDB em Minas Gerais, mesmo sendo acionista minoritária da companhia. A parceria, desastrosa para a Cemig, foi desfeita recentemente, já na administração de Fernando Pimentel.

Durante a campanha presidencial de 2014, executivos da Andrade também torceram abertamente pela vitória de Aécio, parceiro da empreiteira na Cemig, segundo ficou constatado em grupos de WhatsApp dos executivos do grupo. Além disso, Otávio Azevedo só se tornou delator – e um delator seletivo – após a prisão de nove meses em Curitiba.

Em texto publicado no Jornal GGN, o jornalista Luis Nassif comentou a delação da Andrade Gutierrez. Leia abaixo:

Delação premiada virou arma política

A Andrade Gutierrez sempre foi considerada a principal empreiteira de Aécio Neves. Participou das maiores obras de seu governo, em Minas Geras. Mais que isso, quando enfrentou problemas de caixa, em Belo Monte, fechou um negócio que praticamente liquidou com o caixa da Cemig – empresa do governo mineiro – obrigada a adquirir debêntures emitidas por ela.

Não se trata apenas de meras propinas, mas de grandes negócios obscuros feitos à luz do dia.

Nos celulares dos principais executivos da Andrade, a Lava Jato encontrou mensagens de WhatsApp com ofensas pessoais à presidente Dilma Rousseff.

No entanto, em sua delação premiada, em nenhum momento foi exigido dos executivos da Andrade nenhuma informação sobre Aécio.

Um dos grandes problemas das discussões jurídicas é se aterem ao genérico, sem análise de caso.

O que se tem objetivamente com as delações premiadas da Lava Jato:

1. Cabe aos procuradores definir o conteúdo da delação, para ser homologada. Ou seja, o delator fica à mercê do julgamento do procurador. Se quiser benefício, tem que dizer o que o procurador quer.

2. Haveria o filtro do juiz. Quando os dois se irmanam na mesma posição política, esqueça-se o filtro. Juiz, procuradores e delegados da Lava Jato já deram provas sobejas de que tem lado partidário.

3. A delação será encaminhada ao STF para ser homologada. O Supremo vai arbitrar sobre o conteúdo incluído, não sobre o que não foi perguntado.

Não se pode analisar a delação sob a ótica genérica sem ter clareza sobre suas vulnerabilidades.

Concretamente, no primeiro caso de uso extensivo, a delação foi utilizada para manipular o jogo político.

com Brasil 247

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