Redação Pragmatismo
Violência 03/Mar/2016 às 17:55 COMENTÁRIOS
Violência

Membro da Swat acaba com clichê preferido do “cidadão de bem”

Publicado em 03 Mar, 2016 às 17h55

Membro da Swat destrói o clichê preferido do cidadão “revoltado com tudo que está aí”, que vive a repetir a famigerada frase: “bandido bom é bandido morto”

marcos do val swat cidadão de bem
Marcos do Val é um instrutor de Artes Marciais (reprodução)

Diário do Centro do Mundo

Circula por páginas do Facebook um vídeo que pode aborrecer aquele cidadão “revoltado com tudo que está aí” e que vive a repetir o clichê “bandido bom é bandido morto”.

Trata-se de parte da entrevista do instrutor de técnicas policiais Marcos do Val no programa do Danilo Gentili, transmitida em outubro do ano passado, no qual ele critica este mantra reacionário.

Capixaba, Do Val é mestre em aikidô e fundador do Cati (Center for Advanced Tactical Immobilization), empresa de treinamento policial. No site constam como clientes unidades da Swat, FBI e forças policiais da Itália, entre outras, bem com uma lista de cursos voltados para civis e agentes da lei.

O título de “membro honorário da Swat no Texas”, o currículo e as frequentes aparições na mídia deram a ele status de pop star. Sua página no Facebook, onde ele anuncia cursos, equipamentos e compartilha vídeos de ações policiais ao redor do mundo tem mais de 2,8 milhões de seguidores.

É o tipo de persona que faz o autointitulado “cidadão de bem pagador dos impostos” ficar com palpitações e olhos brilhantes. Há quem o considere salvador da pátria, como o internauta que fez o seguinte apelo na página:

Marcos Do Val, um apelo de um dos Brasileiros desesperados de pais em decadência , o senhor poderia pelo amor de deus c candidatar presidente do pais e ajeitar isso que esse incompetentes fizeram com nosso pais q um dia ja foi legal morar no mesmo , por favor ajude-nos….!”.

Qual seria a reação desse cidadão ao ver Do Val desconstruindo um dos principais chavões da turma conservadora e belicosa, a ideia de que a solução da criminalidade está na execução dos infratores?

Nós temos que parar de falar que bandido bom é bandido morto aqui no Brasil. Quando a gente fala isso a gente está dando carta branca para os maus policiais agirem, e quando os maus policiais acabam agindo a sociedade que falou que bandido bom é bandido morto é a mesma que critica a ação violenta da polícia e quando o bandido sabe que a polícia vai chegar com o intuito de matá-lo eles vão trocar tiro, aí vai ter bala perdida, vai ter a sociedade que vai sofrer com isso. Então bandido bom é o bandido preso e condenado, então se a gente quer uma segurança pública de qualidade no Brasil vamos exigir que a legislação seja alterada e a punição seja firme e a gente não tenha essa sensação de impunidade que tem aqui no Brasil”.

É verdade que Do Val cai em outro clichê quando chama a legislação de leniente. No programa, ao comentar sobre a atuação de grupos de defesa dos direitos humanos, ele disse que a imprensa enaltece os bandidos.

Mesmo com esse pensamento, vestido de Rambo e no sofá de um dos apresentadores mais retrógrados da televisão nacional, Do Val defendeu o uso da técnica e da legalidade no combate ao crime, deixando o julgamento dos suspeitos para os órgãos competentes.

É bem capaz de ter gente chamando-o de petralha neste momento.

Leia também:
“Bandido bom é bandido morto”? O Papa Francisco discorda
7 clichês sobre Direitos Humanos que precisam ser desconstruídos
Bandido bom é bandido pobre

Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS