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Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment contra Dilma. E agora?

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Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. Aécio Neves, principal líder da oposição, comemorou a decisão. Presidente da Câmara nega revanchismo por perda de apoio no Conselho de Ética

Eduardo Cunha anunciou abertura de impeachment contra Dilma Rousseff

No início da noite desta quarta-feira (2), o Congresso virou palco para as mais diversas declarações de parlamentares da base e da oposição depois do anúncio de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que sua decisão estava tomada desde segunda-feira (30/11), mas que o noticiário influenciou em adiar sua divulgação.

Tão logo o procedimento foi a público, a oposição se apressou a dar declarações de satisfação, enquanto petistas e demais membros da base passaram a denunciar o “golpe” do peemedebista, oposição a Dilma desde 17 de julho.

“Essa atitude é uma atitude de revanchismo diante da decisão do Partido dos Trabalhadores, tomada hoje pela bancada, de orientar o voto dos integrantes do PT pela admissibilidade do processo de responsabilização, no Conselho de Ética, do deputado Eduardo Cunha. Na realidade, esse é o ponto culminante de um processo de chantagem a que não só o governo, mas a que o Brasil vinha sendo submetido”, pontuou Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

“O Congresso é capaz de muitas coisas, menos de virar as costas para a opinião pública”, contraditou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado por Dilma nas eleições de outubro de 2014. O tucano negou qualquer entendimento com Cunha no sentido de arquitetar o impeachment. Nos primeiros meses de mandato de Cunha, no entanto, eram frequentes jantares e reuniões entre o peemedebista, já na condição de oposição ao governo, e parlamentares de partidos como PSDB, DEM, Solidariedade e PPS.

“Para nós do PSDB não houve em qualquer momento negociação política em troca de votos, seja no Conselho [de Ética] ou na Câmara. Isso nos dá muita serenidade nesse instante. O PSDB continua tendo a posição que teve no Conselho de Ética”, acrescentou o cacique tucano.

Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), preferiu não fazer declarações sobre a decisão de Cunha – a exemplo do correligionário, Renan é um dos principais alvos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda não foi formalmente denunciado pela Procuradoria-Geral da República, como o foi Cunha. ”Não conheço o que processo contém. Dependendo do que acontecerá na Câmara, virá ou não para o Senado. Portanto, não é prudente eu antecipar qualquer posição”, ponderou.

Cunha nega revanchismo

No anúncio de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que sua decisão está tomada desde segunda-feira (30/11), mas que o noticiário influenciou em adiar sua divulgação. Rodeado por uma multidão de jornalistas, assessores e seguranças, ele informou ter rejeitado 34 outros pedidos de impedimento presidencial, por insuficiência de requisitos formais e legais, mas assegurou ter encontrado todas essas formalidades cumpridas no requerimento assinado pelo jurista Hélio Bicudo – juntamente com outros dois juristas, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal

“Havia me comprometido com todos a fazer um processo de decisão até o fim do mês de novembro, e pretendia tê-lo feito na segunda-feira [30/11] de manhã. A decisão já estava tomada, pronta, e assinada com a Secretaria-Geral da Mesa”, declarou o peemedebista (leia abaixo a íntegra da entrevista).

Segundo aliados, Eduardo Cunha ficou muito irritado com a decisão da bancada do PT de votar pela abertura do processo de cassação contra ele, no Conselho de Ética. No PT, por outro lado, tanto parlamentares quanto a cúpula partidária concluíram que qualquer proteção ao presidente da Câmara desmoralizaria a agremiação de uma vez por todas, além de dar margem para o deputado peemedebista no futuro voltar com a “chantagem do impeachment” sempre que se visse em dificuldades. A decisão da bancada petista na Câmara contrariou as recomendações de Lula e do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que vinham buscando uma aproximação com Eduardo Cunha para evitar novas crises no relacionamento com o Congresso.

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