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A política e o futebol

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André Falcão*

Nasci regatiano. Diz-se regatiano aquele que torce pelo Clube de Regatas Brasil, o CRB, também conhecido como Galo de Campina, Galo da Pajuçara, Regatas, e Maior de Alagoas.

Por esse aspecto, seriam regatianos todos os que torcem por clubes “de regatas”. Mas não. Regatianos somente nós, da maior torcida do estado, posto já ocupado, bem alhures, pelo seu maior rival, assim ainda considerado em respeito à tradição e à história. Aliás, por isto mesmo, nós não seríamos o que somos sem ele, e eles não seriam o que são hoje não fosse o CRB (com trocadilho, hahaha).

Certamente, fosse um azulino a escrever a conversa seria outra, por mais que verdadeiras as afirmações por mim realizadas (hahaha), porque o que nos move é a imensa paixão por nossos clubes do coração. Então, mas não é o caso agora (hahaha), na maioria das vezes discutimos menos com a razão, e mais com o coração.

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A política também tem lado. A luta, aqui, é de classes. Independentemente do grau de manipulação, preconceito, reacionarismo, racismo, xenofobia e homofobia presentes, é essencialmente de classes. Assim, com algumas variantes, pois, agrupam-se mais à esquerda, ou mais à direita do espectro político.

Essa característica “genética” explica porque o cidadão que se diz contra a corrupção, que bate panelas quando a presidenta da república vai à TV, ao argumento de que seu governo seria corrupto, e ela também — embora nada haja contra a sua pessoa —, que se enche de irresignação com o chamado Mensalão do PT, despudoradamente silencia quando Aécio Neves, já prenhe de outros registros repugnantes, é citado nas famosas delações premiadas do célebre Sérgio Moro, ou quando sabe que seu nome está na chamada Lista de Furnas, ou por Eduardo Cunha ter sido citado em cinco dessas delações como beneficiário de propina, além de estar enrolado até o pescoço com contas milionárias na Suiça.

Há inúmeros outros casos que não desembocam em manifestações travestidas de camisetas verde-amarelas da CBF lideradas por autodeclarados movimentos anticorrupção, ou no som desafinado das panelas repercutidas nas varandas dos prédios da orla de Maceió. Também não há adesivos contra a sonegação praticada pelos milionários, nem pela taxação das grandes fortunas ou repatriação de dinheiro remetido ilegalmente ao exterior.

E sabe por quê? Porque estamos em plena luta de classes, cara-pálida. A bandeira anticorrupção é de papel. E as panelas… Bem, estas permanecem no fogão, sob a direção da mão calosa de suas empregadas.

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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