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Vai pra Cuba! (II)

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André Falcão*

Imensa a dificuldade. Não havia agências de turismo que oferecessem algum pacote para Cuba, ou que tivesse conhecimento razoável de hotéis na ilha. Mais! Não descobrimos no Brasil uma só operadora a realizar a intermediação. A “culpa” não é delas, porém, tão vítimas quanto.

Com efeito, graças ao bloqueio cruel e bestial (ainda) imprimido à Cuba pela (ainda) maior potência econômica e bélica do planeta, inexiste absoluta referência à ilha e a seus numerosos hotéis em sítios de busca na internet, invariavelmente estadunidenses.

O que (ainda) surpreendia, por ignorância, é que as dificuldades ocorriam, em primeiro lugar, no Brasil! Era aqui que a informação era suprimida, como nas piores ditaduras da história. Seria por isto, indagava então com minhas velhas e inutilizadas abotoaduras guardadas inertes no armário, a existência do autodenominado Movimento Brasil Livre, com o perdão pela irresistível ironia? Certamente que não, é claro. Bom seria que no Brasil, onde se vive a mais ampla liberdade de opinião e manifestação de toda a nossa história, tal movimento fosse contra a moderna ditadura, aquela imprimida pela grande mídia hegemônica e pelo poder econômico, muito mais determinante do que o político, como as investigações policiais hoje levadas a cabo estão demonstrando.

No fundo, porém, acreditava, então, que as dificuldades se davam mesmo pela peculiar situação de Cuba, que (ainda) persiste em estado de vigília, em face dos milhares de ataques recebidos, sejam diretamente pelo governo estadunidense de então, seja com seu apoio. Redondamente enganado, porém. A verdade estava na compreensão antes exposta. A supressão de informação nos era imposta pelos grandes grupos midiáticos e por nossa sofrível educação político-histórica; tornamo-nos tolos deslumbrados com tudo o que seja estadunidense, inclusive para desprezar a ilha. Exemplo maior é que a expressão “Vai pra Cuba!” é aqui, pasme, xingamento.

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Finalmente, depois do auxílio inestimável e irrepreensível da agência de turismo escolhida, cujo nome não posso declinar, conseguimos hotel em Havana e partirmos.

Entre outras singelas observações e reflexões que aos poucos me disponho a aqui realizar, encerro afirmando que me deparei, naqueles saudosos dias, com uma multidão(!)de turistas canadenses e europeus, desde franceses, alemães e italianos, até austríacos, suecos e australianos, além de vários latino-americanos.

Brasileiros? Alguns poucos, muito poucos.

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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