Redação Pragmatismo
Homofobia 15/Abr/2015 às 16:13 COMENTÁRIOS
Homofobia

Jean Wyllys explica por que não sentou ao lado de Jair Bolsonaro

Publicado em 15 Abr, 2015 às 16h13

"Não estou lidando com amador, estou lidando com um homem perigoso. É impossível que as pessoas percam a memória em relação ao que ele fez". Ao comentar a polêmica no voo da TAM, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) apontou 12 motivos pelos quais se recusou a sentar ao lado de Jair Bolsonaro

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O deputado Jean Wyllys (Reprodução)

Em recente entrevista ao portal IGay, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) explicou por que se recusou a sentar ao lado de Jair Bolsonaro (PP-RJ) no voo da TAM e mostrou-se indignado com a tese da ‘heterofobia’ entoada por parte da imprensa brasileira.

“Acho curioso que as pessoas comprem a tese da heterofobia. Não me espanto quando os fascistas que o seguem, que costumam apoiá-lo nas redes sociais, comprem a tese da heterofobia. O que assusta é quando a imprensa noticia o caso como um exemplo de heterofobia sem que se faça uma crítica disso”, disse.

Jean conta que Bolsonaro provavelmente obteve informações sigilosas sobre o lugar do seu assento no voo da TAM e armou um circo. O deputado do PSOL entregou o caso ao seu advogado.

“Esse homem [Bolsonaro] entrou no avião já me filmando, ele sabia que sentaria ao meu lado. Sabe-se lá o que faria em relação a mim durante o voo se seu estivesse ao seu lado. O que fiz foi instinto de preservação. Há evidências claras de que ele obteve a informação. Uma informação que deveria ser sigilosa. O lugar do meu assento é uma informação sigilosa e a companhia aérea não pode [ou não deveria] vazar para ninguém. Meu advogado está em contato com a TAM, a gente precisa apurar isso”, afirma.

Para Jean Wyllys, sentar ao lado de Bolsonaro significa o mesmo que um negro sentar ao lado de um racista ou é equivalente a um judeu sentar-se ao lado de um nazista.

“É o mesmo que esperar que um judeu sente ao lado de um nazista que participou da empresa de extermínio de judeus. É o mesmo que esperar que um negro sente ao lado de um racista contumaz que ataque a comunidade negra. Se as pessoas não são decentes, ou não são capazes de ser coerentes, problema delas. Eu sou. Eu não sentei, não sentaria e se acontecer de novo, e não houver lugar para eu mudar, eu saio do avião”.

Ainda sobre a ‘heterofobia’, o deputado do PSOL sugere que os que abraçaram essa tese coloquem os seus neurônios no lugar.

“Não é heterofobia. No avião eu viajo ao lado de tantos héteros e vim ao lado de uma mulher hétero maravilhosa, professora da FGV. Sugiro que as pessoas que compraram a tese da heterofobia ponham seus neurônios para raciocinar. O que eu tive foi uma fascistofobia, uma fobia de fascistas, uma fobia de escroques”, finaliza.

Abaixo, os motivos pelos quais Jean Wyllys não sentou ao lado de Jair Bolsonaro:

1. Esse homem [Bolsonaro] foi capaz de empurrar uma deputada em pleno salão verde e chamá-la de vagabunda.

2. Esse Sr. [Bolsonaro] agrediu a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) diante das câmeras de TV.

3. Esse Sr. deu um soco no senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) na frente do Dops durante manifestação contra os torturadores da ditadura militar.

4. Esse Sr. escreveu na porta de seu gabinete um cartaz em que se lia: “quem procura de osso é cachorro”. A frase provocava os familiares de assassinados pela ditadura que buscavam encontrar os restos mortais dos seus parentes, muitos dos quais enterrados em cemitérios clandestinos.

5. Esse Sr. disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ter sido metralhado.

6. Da tribuna do plenário da Câmara Federal, esse homem disse que sónão estupraria uma deputada porque ela ‘não merecia’

7. Esse Sr. dá declarações contrárias à cidadania LGBT e estimula a violência contra gays. Esse homem me insulta toda vez que encontra comigo.

8. Esse homem é responsável por financiar uma campanha de difamação contra mim e contra a deputada Erika Kokay (PT-DF). Qualquer pessoa pode acessar o site da Polícia Federal e observar que há uma investigação em curso acerca desta difamação. Temos evidências de que a referida difamação foi patrocinada por ele [Bolsonaro].

9. Esse Sr. está sendo investigado pelo Ministério Público por causa de uma rede de difamação, que inclui ofensas a nordestinos, a homossexuais, a negros. Uma rede que o apoia e está em contato com ele.

10. Esse Sr. acumula vários processos contra si na corregedoria da Câmara e no Conselho de Ética. Já foi denunciado muitas vezes.

11. O filho desse Sr. manteve em sua página pessoal do Facebook, durante muito tempo, uma foto minha e da presidente Dilma Rousseff sob a mira de um fuzil, como se fôssemos morrer a qualquer momento.

12. Esse Sr. não teve qualquer sensibilidade quando empreendeu campanhas difamatórias contra o professor Cristiano – um professor de ensino médio de Brasília (DF) – e contra a psicóloga Tatiana Lionço. Duas pessoas comuns. Dois cidadãos que aceitaram o convite para ir a uma audiência pública na Câmara dos Deputados e que saíram dessa audiência pública difamados, porque ele [Bolsonaro] pegou a fala dessas pessoas, editou um vídeo difamador e destruiu a vida dessas pessoas. A psicóloga Tatiana entrou em depressão profunda por causa do incidente.

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