Redação Pragmatismo
Racismo não 26/Mar/2015 às 11:24 COMENTÁRIOS
Racismo não

Faça o teste do pescoço (parte 2) para saber se existe racismo no Brasil

Publicado em 26 Mar, 2015 às 11h24

Quer saber se ainda o Racismo existe no Brasil? Faça o Teste do Pescoço – parte II

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Teste do pescoço para saber se existe racismo no Brasil -Parte 2 (Imagem: Pragmatismo Político)

Luh de Souza, Geledés

1. Andando pelas ruas, meta o pescoço dentro das joalherias e conte quantos negros (as) são balconistas.

2. Vá em quaisquer escolas particulares, sobretudo as de ponta, espiche o pescoço para dentro das salas e conte quantos alunos negros há . Aproveite, conte quantos são donos e quantos professores são negros, e quantos estão varrendo o chão.

3. Vá em hospitais, tais quais o Sírio Libanês, enfie o pescoço nos quartos e conte quantos pacientes são negros. Gire o pescoço a contar quantos médicos negros há . Aproveite para espichar bem o seu pescoço nos corredores e conte quantos negros limpam as vidraças e servem cafezinho.

4. Quando der uma volta em algum Shopping ou no centro comercial de seu bairro, gire o pescoço para as vitrines e conte quantos manequins de loja representam a etnia negra consumidora. Enfie o pescoço nas revistas de moda , nos comerciais de televisão e conte quantos(as) modelos (as) negros (as) fazem publicidade de perfumes, carros, viagens, vestuários e etc. Reflita acerca da auto e baixa estima das crianças negras e brancas.

5. Vá às universidades públicas, observe nos cursos mais concorridos da USP, PUC e UNICAMP, torça o pescoço a procurar pelos negros e negras. Conte. Quantos são professores, alunos e serviçais.

6. Espiche o pescoço numa reunião dos partidos PSDB e DEM, como exemplo, conte quantos políticos são negros desde a fundação dos mesmos. Depois faça uma reflexão a respeito de alguns partidos serem contra todas as reivindicações das comunidades negras, sobretudo as Cotas Raciais e pense mais um pouco qual é a necessidade de incluir sem inserir, como num Apartheid , as insígnias Tucanafro, PMDBafro e por aí vai…

7. Gire o pescoço 180° durante as passeatas dos médicos que protestam contra os médicos estrangeiros e conte quantos médicos (as) negros (as) marcham. Nos consultórios, relembre por quantos médicos você passou na vida e quantos destes eram negros?

8. Meta o pescoço nas cadeias, nos orfanatos, nas casas de correção para menores, e conte quantos são brancos. É mais fácil. Veja nos noticiários, dos erros dos policiais que atiram em jovens pra matar sem que tenham oportunidade de um julgamento justo, conforme manda lei. Melhor contar quantos dos jovens mortos pela polícia são brancos, também fica mais fácil.

9. Gire o pescoço a procurar quantas empregadas domésticas, serviçais, faxineiros, favelados e mendigos são de etnia branca. Pergunte-se qual a causa dos descendentes de europeus ou orientais não serem vistos embaixo das pontes, em favelas, na mendicância ou varrendo o chão. Meta o pescoço nos livros, internet e pesquise: Quando seus ascendentes chegaram ao Brasil? Quando terminou a Abolição?

10. Espiche bem o pescoço na hora do Globo Rural e conte quantos fazendeiros são negros, depois tire a conclusão de quantos são sem-terra, quantos são sem-teto. Gire o pescoço durante a exibição do programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios e conte: Quantos empresários são negros?

11. Nos canais abertos de televisão, acessíveis à maioria da população pobre e preta, e por vezes a única opção de lazer, gire o pescoço nas programações e conte quantos apresentadores, jornalistas ou âncoras de jornal e artistas em estado de estrelato, são negros. Onde as crianças negras se veem representadas? Pergunte-se se esta espécie de racismo ocular é construtivo para a auto estima dos pequenos filhos de determinada etnia?

12. Enfie seu pescoço dentro das instituições bancárias e conte quantos negros são gerentes, quantos são caixas, quantos estão em cargos de chefia e quantos são faxineiros. Se puder, espiche o pescoço e conte quantos negros são donos de banco.

13. Vá num dos bairros mais caros de sua cidade, de seu estado, gire seu pescoço pelas ruas, dentro das casas, no comércio. Quantos negros são moradores? Quantos são seguranças e empregados domésticos ? Aproveite e torça seu pescoço nos ‘melhores’ restaurantes, quantos clientes são negros? Aliás, conte quantos ‘chef de cousine’ são negros? Pergunte-se sobre a diferença de salários entre estes últimos e as cozinheiras, que são em sua maioria formadas por mulheres negras.

14. Sobre linchamentos, em sua maioria as pessoas morrem por motivos torpes ou inocentes por terem sido confundidos com bandidos. Estique seu pescoço e conte quantos destes linchados com requinte de crueldade, eram loiros de olhos azuis?

15. Torça o pescoço a procurar mulheres que criam seus filhos sozinhas. Mulheres do tipo que tem de trabalhar o dia todo por um salário mínimo, deixando seus filhos sozinhos à mercê da criação da rua e que depois serão as mesmas que irão chorar a morte de seus filhos expostos nos itens 8 e 14. Quantas são brancas?

16. Viaja muito em companhias aéreas? Espiche o pescoço na cabine e conte quantos pilotos e ou co-pilotos são negros? Aproveite girar o pescoço pra cima e pra baixo nos corredores e conte quantas comissárias de bordo negras a companhia aérea brasileira contratou.

Leia também: ‘Teste do pescoço’ revela racismo no Brasil

* Aplique o Teste do Pescoço no seu dia a dia, em todos os lugares e tire suas próprias conclusões. Questione-se: somos de fato um país pluricultural, uma ‘Democracia Racial’ tratados iguais e com as mesmas chances? Desde quando existe esta diferença que você viu? Procure na História do seu país, regresse 500 anos e encontre as respostas. Depois de se informar, tente continuar a ser contra Cotas, Bolsa família e outras políticas reparatórias e de justiça histórica.

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