Redação Pragmatismo
Religião 02/Mar/2015 às 21:30 COMENTÁRIOS
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Americano que se dizia Cristo para abusar de 'virgens' é preso no Brasil

Publicado em 02 Mar, 2015 às 21h30

Pastor se dizia Cristo para fazer sexo com meninas virgens. Victor Ardem Barnard, que foi preso na praia da Pipa-RN, é acusado de praticar abusos contra 59 crianças, entre 12 e 13 anos

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Americano Victor Ardem Barnard, líder da seita religiosa “River Road Fellowship” preso em Pipa – RN (Imagem: Pragmatismo Político)

O americano Victor Ardem Barnard, 53 anos, líder da seita religiosa “River Road Fellowship”, no estado de Minnesota, e preso na noite da última sexta-feira em Pipa estava sob monitoramento há seis meses, por forças policiais do Estado e Federal, em um trabalho de cooperação mútua. Durante esse tempo, de acordo com informações obtidas com agentes de segurança pública do Rio Grande do Norte, Victor Barnard só foi visto duas vezes em ambientes públicos.

Nas duas únicas vezes que apareceu publicamente durante esse tempo de monitoramento, ele e a mulher proprietária da casa onde vivia foram a um posto de combustíveis e, em outra ocasião, estiveram em um hospital.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, expediu mandado de prisão contra o americano. A prisão ocorreu na noite de sexta-feira, 28, em Pipa, em um condomínio de casas.

Virgens

Barnard era líder da igreja cristã River Road Fellowship, que surgiu de uma dissidência da The Way International. Em 2000, ele criou em sua igreja o grupo “Donzelas de Cristo” com 10 garotas de 12 a 24 anos que deveriam permanecer virgens e nunca se casar.

Em 2011, duas dessas jovens denunciaram o líder religioso à polícia por estar abusando delas sexualmente. Uma, Lindsay Tornambe, disse que vinha sendo violentada desde os 13 anos de idade, e outra, Jess Schweiss, desde os 12.

Barnard pregava que ele era o próprio “Jesus na carne” e que suas seguidoras deveriam fazer sexo com ele, seguindo o exemplo de Maria Madalena.

Afirmava às meninas que, por ser Cristo, eram permaneceriam virgens após o relacionamento sexual com ele.

O pastor dizia, também, que o sexo era parte da história da cristandade, lembrando que o rei Salomão havia dormido com muitas concubinas.

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Victor Ardem Barnard e as “virgens” (divulgação)

Lindsay Tornambe, atualmente com 28 anos, afirmou que, com o consentimento de seus pais, no início de sua adolescência tinha se mudado para o acampamento em Pine County, Minnesota, onde ficavam as “Donzelas de Cristo”.

“Lá, ele [o pastor] começou a explicar que fazer sexo comigo era sua maneira de me mostrar o amor de Deus”, disse Tornambe à imprensa americana. E que não era para ela contar nada a ninguém porque, caso contrário, receberia uma condenação divina.

Tornambe sofreu abuso de uma a três vezes por mês até os 22 anos. Ela disse que aos 15 anos tentou deixar o grupo e que Tornambe, para fazê-la mudar de ideia, lhe deu um anel, um véu e outros presentes. Mas o que a fez mesmo permanecer no grupo foi a ameaça do pastor de que seria castigada por Deus. “Eu fiquei com muito medo.” Em 2010, ela finalmente se afastou do pastor.

Aparentemente, ninguém sabia que Barnard tinha um harém cristão. “Eu nunca tinha conhecido ninguém como ele que amava a Palavra de Deus”, disse Ruth Johnson, ex-fiel do pastor na River Road Fellowship.

Repercussão internacional

O superintendente adjunto da Polícia Federal, Paulo Henrique Rocha, descartou que Victor Barnard estivesse mantendo um núcleo da seita no Brasil. Também foi presa, ontem à noite, uma mulher que estava com Barnard e apontada como a proprietária da residência onde se encontravam. Ela estava dando “cobertura” ao fugitivo. Com o americano foram apreendidos documentos, agendas, computadores, pendrives, aparelhos e chips celulares foram apreendidos.

A prisão de Victor Ardem Barnard repercutiu na imprensa internacional. Os principais jornais dos Estados Unidos publicaram reportagens sobre a localização e prisão do norte-americano do Brasil. Como forma de acelerar uma possível captura, a Polícia americana também ofereceu uma recompensa de U$ 25 mil. No entanto, o valor não foi e nem será solicitado pelas forças policiais do RN ou do Brasil. “Entendemos que estamos no cumprimento do dever, então, a solicitação foi absolutamente descartada”, declarou o tenente Daniel Costa.

No dia 20 novembro do ano passado, Barnard foi incluído na lista dos 15 criminosos mais procurados dos Estados Unidos pela US Marshals, agência de aplicação da lei e unidade da Polícia Federal americana.

com Tribuna do Norte, CNN, Paulopes e Agência Estado

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