Redação Pragmatismo
EUA 06/Nov/2014 às 17:19 COMENTÁRIOS
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Vamos falar sobre o "bolivarianismo" dos EUA

Publicado em 06 Nov, 2014 às 17h19

EUA realizaram 146 consultas públicas nas eleições desta semana. Teriam sido os norte-americanos contaminados por Dilma Rousseff e incorporado Simon Bolívar?

eleições eua votação

Os norte-americanos saíram para votar nesta terça-feira (04) e trouxeram pautas progressistas nas eleições que definiram deputados, senadores, governadores, além de referendos em alguns Estados. De modo geral, os candidatos republicanos foram os mais votados. Causas como a legalização da maconha para uso pessoal, aumento do salário mínimo, rejeição de medidas antiaborto foram bem aceitas. Outro destaque dessas eleições foi que candidatos familiares de antigos ocupantes dos cargos não foram favorecidos, recebendo poucos votos. E, pela primeira vez, o número de mulheres no Congresso americano passou de cem.

O Partido Republicano passou a ter maioria nas duas casas do Congresso americano após as eleições realizadas na terça-feira. Além de escolher deputados, senadores e governadores, eleitores também decidiram sobre referendos em vários Estados. Veja aqui alguns dos resultados das urnas que causaram mais surpresa:

Americanos votaram pela maconha e pelo aborto legais

A noite de terça-feira foi muito boa para os republicanos, mas nas consultas aos eleitores (perguntas incluídas nas cédulas de votação em cada Estado), causas progressistas se saíram bem.

No distrito de Washington (capital) e nos Estados de Oregon e Alasca, os eleitores aprovaram legalizar a posse de pequenas quantidades de maconha para uso pessoal. Na Flórida, a votação para permitir a maconha medicinal ficou pouco abaixo dos 60% dos votos requeridos para aprovar a medida.

Arkansas, Nebraska e Dakota do Sul – todos eles Estados dominados por republicanos – votaram pelo aumento do salário mínimo. Colorado e Dakota do Norte elegeram republicanos, mas também rejeitaram medidas antiaborto, que dariam a fetos status equivalente ao de pessoas.

O comportamento dos eleitores pode parecer contraditório, mas, como explica Kyle Kondik, editor da Crystal Ball, publicação sobre política da Universidade da Virgínia, aumentar o salário mínimo é uma causa popular entre eleitores de todos os quadrantes políticos.

Ao mesmo tempo, complementa, o aumento do apoio à legalização da maconha tem acompanhado a crescente aceitação da nação ao casamento gay – talvez refletindo um crescimento do sentimento libertário. “Há definitivamente mais aceitação de algumas coisas que teriam sido tabu no passado”, diz Kondik.

Sobretaxando o açúcar

A cidade norte-americana de Berkeley, na Califórnia, votou a favor de um imposto sobre bebidas açucaradas, o primeiro caso do tipo mirando especificamente o consumo de refrigerantes nos Estados Unidos.

No entanto, a vizinha San Francisco não apoiou medida similar.

Embora contagens finais ainda estejam sendo feitas, cerca de dois terços dos eleitores de Berkeley – que exigia uma maioria simples de 50% – apoiaram a medida nas urnas.

Nomes famosos não ajudam

O país tem grande apreço pelas dinastias políticas, como os Bush, Clinton e Kennedy.

Mas isso não ajudou Jason Carter, neto do ex-presidente Jimmy Carter, que esperava ser eleito governador da Geórgia pelo Partido Democrata. No mesmo Estado, Michelle Nunn, filha do ex-senador Sam Nunn, também não conseguiu uma vaga no Senado.

O senador por Arkansas Mark Pryor foi ejetado do cargo, apesar de ter sido acompanhado durante a campanha por seu pai, David Pryor, que já ocupou o mesmo posto.

E, em Louisiana, a senadora Mary Landrieu enfrenta um segundo turno, apesar de ser a filha de um ex-prefeito de Nova Orleans e irmã do atual.

Três dígitos para as mulheres

Pela primeira vez na história, o número de mulheres no Congresso americano passou de cem, com destaque para a vitória da democrata Alma Adams na Carolina do Norte.

Já a republicana Joni Ernst – que se gabava de sua proeza em castrar porcos em um anúncio de campanha – tornou-se a primeira mulher eleita para representar o Estado de Iowa e a primeira veterana de combate – ela é comandante da Guarda Nacional de Iowa, ligada ao Exército do país – eleita para o Senado.

Já Shelley Moore Capito é a primeira senadora mulher de Virgínia Ocidental; Elise Stefanik, de Nova York, se tornou a mulher mais jovem eleita para o Congresso, e Saira Blair, 18, tornou-se a mais jovem deputada estadual da nação. Gina Raimondo se tornou a primeira mulher governadora de Rhode Island.

Tudo isso apesar de o eleitorado ter sido, na terça-feira ser “mais velho, mais branco, e mais masculino” do que o eleitorado das votações presidenciais, como disse à BBC o analista político Norm Ornstein.

Democratas cantam vitória, mas não levam

Era para ser o grande prêmio de consolação pela perda do Senado. De acordo com especialistas, os democratas deveriam ter sido capazes de levar com conforto as batalhas para governador.

Antes que os resultados viessem, Ed Rendell, um ex-governador democrata da Pensilvânia, falou com otimismo sobre vitórias de seu partido em ninhos republicanos como Flórida, Wisconsin e Michigan. Se isso acontecesse “seria uma grande noite para os democratas”, disse ele à BBC.

Em outros redutos os republicanos também estariam em apuros, como Kansas, onde o New York Times alertava para o fato de o governador Sam Brownback enfrentar uma “luta pela sobrevivência política”. No Wisconsin, o republicano Scott Walker também foi descrito como vulnerável.

Só que não foi assim. Todos estes locais reelegeram republicanos. “As disputas dos governadores foram a grande surpresa”, diz Kondik. Scott Wallker, por sinal, se tornou o primeiro governador a vencer três eleições seguidas.

Na verdade, o maior choque de todas as disputas para governador veio quando o republicano Larry Hogan triunfou em Maryland, normalmente considerado um reduto democrata.

Ser o ‘Brad Pitt’ da política não resolve

O republicanos Stewart Mills atraiu muita atenção, mas não por sua oposição aos planos de Obama para a Saúde ou pelo apoio ao direito de posse de armas. O que despertou interesse foi o cabelo na altura dos ombros e suposta semelhança com um ator de Hollywood.

Ele foi descrito como “o Brad Pitt do Partido Republicano”.

“Acho que não pareço um político típico”, disse ele em um anúncio.

Não foi o suficiente, porém, para ajudá-lo a derrotar o democrata Rick Nolan no oitavo distrito de Minnesota. A campanha conseguiu provar que a disputa política nos EUA está longe de ser um concurso de beleza.

BBC e GGN

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