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Alguns agradecimentos necessários antes da eleição de domingo

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Alguns agradecimentos necessários nesta derradeira crônica antes do 2º turno da eleição presidencial de 2014

André Falcão*

Nesta derradeira crônica antes do 2º turno das eleições, alguns agradecimentos, pondo-me nela, doravante, como se até então fosse um eleitor indeciso, ou mesmo um outro que pensara em votar em Aécio Neves.

Assim, agradeço, em primeiríssimo lugar, à notícia, irrefutada, de que o candidato esmurrou sua acompanhante numa festa em famoso hotel, no Rio. Agradeço, pois, ao jornalista Juca Kfouri, que não titubeou em postá-la em seu blog, ao jornal Hora do Povo e, claro, aos blogs, sítios e redes sociais que a repercutiram.

Afinal, sabedor do dantesco fato e seus prescindíveis detalhes, como votar no cabra para presidente de meu país? E depois? Como mirar-me no espelho. E à minha noiva, minhas filhas, minha mãe? O que lhes diria? Como olharia em seus olhos?

Quero agradecer, também, pelos apoios pra lá de sintomáticos que o candidato recebeu dos prs. Everaldo, Silas Malafaia e Marcos Feliciano (o triunvirato da ignorância), do homofóbico declarado Levi Fidelix, do deputado de ultra-direita Jair Bolsanaro, do ator pornô Alexandre Frota e também do irascível (e também adepto da porrada em mulher) “ator” Dado Dolabella, entre outros.

A identificação desse pessoal com o candidato ajudou-me, por demais, a conhecê-lo.

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Agradecer ao próprio Aécio pela célere indicação de seu ministro da economia, Armínio Fraga, que, sem escamotear, disse que o salário mínimo está alto demais, que há bancos públicos demais, e gastos sociais demais, dando o tom do que faria num eventual futuro governo. Também recordei quando ministro do governo FHC: juros a 45%, arrocho salarial, desemprego e inflação alta.

Agradecê-lo, muito, por sempre atribuir a FHC a paternidade do Real, deslavada inverdade e terrível injustiça com o falecido ex-presidente Itamar Franco. Nessa seara, agradecer pelo turbilhão surpreendente de mentiras desferidas nos debates, todas desmascaradas, inclusive pelo insuspeito jornal O Globo.

Agradecer, ainda, por sua atitude vil e repugnante quando sua adversária, uma mulher, sexagenária e que há pouco tempo enfrentara um câncer, teve um mal súbito ao final de um dos debates.

Agradecer, finalmente, pelo sorriso irônico, cínico e de desprezo que ostenta para as câmeras antes de fingir que irá responder ao que lhe fora objetiva e seriamente questionado por Dilma, com o naufragado intuito de humilhá-la e desqualificar o seu discurso.

Tirou-me uma chateação das costas, candidato. Agora, já sei que em você não voto. Nem que a vaca tussa!

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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