Redação Pragmatismo
Homofobia 26/Set/2014 às 16:25 COMENTÁRIOS
Homofobia

"Quer ser mulher? Então vai apanhar como uma"

Publicado em 26 Set, 2014 às 16h25

“Virei estatística. De novo. Fui agredido e tentaram me estuprar. Quando isso vai parar? Eu só queria que esse dia desaparecesse. É o pior dia da minha vida”. Jovem reclamou ainda da apatia da polícia e de testemunhas, que pouco ou nada fizeram

Gabe Kowalczyk homofobia estupro
Gabe Kowalczyk foi espancado por três homens e sofreu tentativa de estupro

Morador do bairro de Interlagos, em São Paulo, Gabe Kowalczyk foi brutalmente agredido apenas por causa da sua orientação sexual quando se dirigia a um ponto de ônibus. O jovem, de 19 anos, que iria a uma entrevista de emprego, publicou no Facebook um depoimento dramático em que conta que foi espancado e sofreu uma tentativa de estupro. Gabe também divulgou fotos de ferimentos no seu rosto e braços.

“Você quer ser mulher? Então agora vai apanhar como mulher”, diziam os três homens que o espancaram e tentaram estuprá-lo. O jovem contou ainda que são raríssimos os dias em que não sofre agressão; quando não físicas, verbais.

“Virei estatística. De novo. Fui agredido e tentaram me estuprar. Quando isso vai parar? Eu só queria que esse dia desaparecesse. É de longe o pior dia da minha vida”, desabafou o rapaz na rede social.

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A denúncia de Gabe no Facebook tomou grandes proporções e o jovem recebeu centenas de mensagens de força e apoio.

“Eu agradeço por cada palavra gentil, por cada ‘se precisar, estou aqui’, porque eu vou precisar, tenho certeza. Não é uma coisa que vá ficar tudo bem (sic) de uma hora para outra nem é uma coisa em que eu deixe de pensar”.

Leia abaixo trechos do depoimento de Gabe Kowalczyk:

“Acordei umas 6 e 15 da manhã e me troquei porque tinha uma entrevista de emprego. Coloquei a touca na cabeça, mas o cabelo é grande, sempre fica um pouco aparecendo e sempre alguém mexe comigo. Desci umas duas ruas para baixo da minha casa em direção ao ponto de ônibus. Não tinha andado nem 300 metros quando percebi que tinha três caras andando atrás de mim. Quando vi continuei de cabeça baixa e apertei o passo para chegar o mais rápido possível até a Miguel Yunes, uma avenida movimentada onde eu poderia correr para algum lugar. Estava a 10 metros da avenida quando eles chutaram a minha perna e me derrubaram. Caí de cara no chão, ralou tudo. Tenho um piercing no nariz e ele enroscou em algum lugar e me machucou muito. Tentei me virar e um cara mais gordinho virou meu corpo e os três começaram me dar chutes e socos, enquanto falavam: ‘Sua bicha, seu ridículo, quer ser mulher então vai apanhar que nem mulher’. Meu corpo estava tão machucado que eu tentava gritar e só saíam gemidos.

Puxaram o meu cinto e desceram a minha calça, enquanto falavam: ‘Agora você vai apanhar como mulher.” Um deles estava abaixando a calça também. Os carros passavam e ninguém descia para fazer nada. Mas de repente teve uma movimentação numa casa perto de onde estávamos e eles levantaram falando: ‘Moiô, moiô’ e saíram dizendo assim: ‘Não acabou não, você vai ter o que merece.’

Polícia

Consegui me levantar e fui a pé até a base de polícia, onde caí no chão. O policial me pegou e foi muito atencioso, me colocou em um carro e me levou ao Pronto Socorro. Tive traumatismo craniano leve, lesão no tórax e no estômago e luxação nos dois tornozelos.

Fui até um posto policial e contei o que tinha acontecido. O policial falou assim: ‘O que vc quer que eu faça?’ Eu disse: ‘Faz o seu trabalho’. Eles não me deram nenhuma assistência, meu pai foi me buscar e me levou ao Pronto Socorro, onde tomei 4 pontos e muitos remédios. Fiquei um tempo em observação neurológica, porque estava confuso, meio atordoado, sem lembrar direito do que tinha acontecido por conta da batida na cabeça.

Família

Minha família felizmente me dá muito suporte, todos são muito amorosos comigo. Meus pais sempre me respeitaram muito. Eu preciso de bastante coragem e eles me dão o apoio necessário para ter toda a coragem”

com informações do portal IG

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