Redação Pragmatismo
Racismo não 03/Ago/2014 às 01:27 COMENTÁRIOS
Racismo não

Vídeo contra cotas raciais da Folha gera críticas e divide opiniões

Publicado em 03 Ago, 2014 às 01h27

Folha utiliza a modelo Carol Prazeres para se posicionar oficialmente contra as cotas raciais. Movimentos negros criticam campanha

folha cotas raciais
“A Folha é contra as cotas raciais” (Reprodução/Vídeo)

Jarid Arraes, questão de gênero

Na última sexta-feira (1º), a Folha de S. Paulo publicou um vídeo expondo sua opinião sobre o sistema de cotas raciais no Brasil. Intitulado “Sistema de Cotas: o que a Folha pensa”, a peça declara posicionamento contrário à medida usando a modelo Carol Prazeres como interlocutora.

Para Marjorie Chaves, mestra em Estudos Feministas e de Gênero pela Universidade de Brasília (UnB) e doutoranda em Política Social pela mesma instituição, o vídeo foi bem estudado e não possui propósitos democráticos. “Mesmo com o argumento de que publica opiniões contrárias, [a Folha] privilegia as opiniões contra a toda e qualquer política de promoção da igualdade racial. Além disso, não colocou uma mulher negra na campanha à toa, podia ser um homem negro. Mas nós fazemos parte do contingente que mais ingressou em universidades públicas nos últimos anos, a Folha sabe disso. A ideia é a de que recuemos em nossas conquistas. É uma campanha cínica, inescrupulosa”.

VEJA TAMBÉM: Por que me tornei a favor das cotas para negros

Para outras ativistas, a publicação pode ter um lado positivo. “Confesso que não acho ruim a Folha se manifestar contrária às cotas, mesmo tendo o STF entendido que as cotas são legais”, pondera Juliana Coutinho, militante negra dos movimentos negro e feminista. “Enquanto editorial, que seja respeitado o direito de liberdade de expressão. E para a sociedade, especialmente para a militância negra, a vantagem, sinceramente, é o jogo limpo. O pequenino jornal mostra a que veio, jogando fora a máscara de imparcialidade hipócrita usada pra vender periódicos com a etiqueta de grife ‘somos imparciais’”, finaliza.

O vídeo contrário às cotas raciais faz parte de uma série que pretende expor o posicionamento do jornal sobre “temas polêmicos” e já falou a respeito de questões como aborto, drogas e voto obrigatório.

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