Redação Pragmatismo
Direita 06/Ago/2014 às 15:25 COMENTÁRIOS
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O juiz que chamou os ativistas de 'esquerda caviar'

Publicado em 06 Ago, 2014 às 15h25

Juiz utiliza a expressão "esquerda caviar" para negar pedido de liberdade aos ativistas Fábio Hideki e Rafael Lusvarghi. Expressão conservadora de origem francesa é usada com frequência pelo blogueiro de Veja Rodrigo Constantino

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O juiz Marcelo Matias Pereira (esq) e os ativistas presos (Edição: Pragmatismo Político)

O juiz que negou liberdade aos ativistas Fábio Hideki Harano e Rafael Lusvarghi, acusados de liderar manifestações violentas e depredação do patrimônio em São Paulo, usou a expressão “esquerda caviar” em sua decisão, proferida na última sexta-feira 1º. Marcelo Matias Pereira, da 10ª Vara Criminal, afirmou que os ‘black blocs’ atuam “bem ao gosto da denominada esquerda caviar”.

A expressão conservadora é usada para descrever quem defende os conceitos do socialismo, mas usufrui dos benefícios do capitalismo e é citada frequentemente pelo blogueiro de Veja Rodrigo Constantino.

“Além de descaradamente atacarem o patrimônio particular de pessoas que tanto trabalharam para conquistá-lo, sob o argumento de que são contra o capitalismo, mas usam tênis da Nike, telefone celular, conforme se verifica nas imagens, postam fotos no Facebook e até utilizam uma denominação grafada em língua inglesa, bem ao gosto da denominada esquerda caviar”, escreveu o juiz, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.

VEJA TAMBÉM: Advogado escreve receita de pamonha para provar que juiz não lê os autos

O advogado de Hideki, Luiz Eduardo Greenhalgh, afirma que a manifestação do juiz foi “absolutamente ideológica” e sem fundamento. “Isso me lembrou a época da ditadura militar, da lei de Segurança Nacional, sem nenhum fundamento”, disse Greenhalgh.

Laudos apontaram que os materiais que estavam com os ativistas presos não tinham potencial para explosão. Ambos ficaram 42 dias presos acusados de um crime que não cometeram, afirmam os advogados de defesa.

As acusações contra os dois jovens são de incitação ao crime, associação criminosa armada, resistência, posse de artefato explosivo e desobediência. As defesas dos dois manifestantes afirmam que as acusações são inconsistentes.

Para o juiz, os ativistas Harano e Lusvarghi tinham “liderança sobre as massas”. O magistrado defende a ideia de que os ‘black blocs’ fizeram com que as manifestações no País perdessem a legitimidade e suas atitudes, de depredação e violência, tiraram o direito dos que pretendiam protestar de forma pacífica.

Polêmicas

Há quatro meses, o magistrado se envolveu em outra decisão polêmica ao absolver o apresentador Danilo Gentili de crime de racismo (veja aqui). Em outubro de 2012, o comediante usou o Twitter para oferecer bananas ao empresário Thiago Ribeiro, que é negro e havia acusado Gentili de fazer piadas racistas no programa “Agora é tarde”, da TV Bandeirantes.

Para o magistrado, o apresentador não tinha o intuito de ofender. “A piada (oferecer bananas), ao que tudo indica, se deu pelo fato da vítima ter se intitulado como “King Kong” e não pela cor da pele da mesma”, disse. No entanto, Pereira alertou Gentili de que há limites para brincadeiras – “ainda mais quando direcionadas a um indivíduo específico”, afirmou.

Confira a íntegra da sentença despachada pelo juiz na última sexta-feira:

com 247

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