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Biblioteca móvel faz sucesso no Distrito Federal

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Cobrador monta biblioteca dentro de ônibus que circula na capital federal e empresta livros para passageiros. Antônio Ferreira tem acervo de cerca de oito mil livros em casa

Cobrador monta estante para os livros diariamente no ônibus em que trabalha (Reprodução)

O interesse pela leitura do cobrador de ônibus Antônio da Conceição Ferreira, de 42 anos, começou em sua cidade natal Santa Luzia do Tide, no Maranhão. Desde pequeno, gostava de ler os jornais e folhetos que o pai levava para casa como embrulho de objetos. Morador de Sobradinho II (DF), há 11 anos ele transformou o gosto pela literatura no projeto Cultura no Ônibus, que empresta livros para passageiros da linha em que trabalha.

“Dentro do ônibus não há atrativos para os passageiros, então vejo o livro forma de distração e de adquirir cultura”.

Ele diz que começou o projeto com uma caixa de papelão em que guardava os livros no ônibus, assim que ele começou a trabalhar na linha circular de Sobradinho II e Plano Piloto em 2003. Hoje, o cobrador monta uma estante com cerca de 15 livros assim que começa o expediente no coletivo.

No começo, Antônio anotava o nome e dados dos passageiros que pegavam os livros emprestados. Agora ele diz que não se importa mais com a devolução dos volumes.

“Hoje é livre, os leitores podem ficar totalmente à vontade para pegar os livros. A ideia é que os livros passem de mão em mão. Mas o passageiro de todos os dias sempre devolve”.

Antonio sonha em ampliar o projeto para todos os ônibus do DF.

“Aí quem pegar o livro em um coletivo em Ceilândia, poderá devolver em outro ônibus no Guará. Vejo o coletivo como uma grande biblioteca”.

Entre os volumes mais procurados, segundo o cobrador, estão os livros de contos, crônicas, romances e autoajuda. O acervo do cobrador é formado por doações de passageiros e de internautas que acessam o blog do projeto. Em casa ele já reúne um acervo com cerca de oito mil títulos, entre livros, revistas e cordéis.

Estudante do segundo ano do Ensino Médio, o maranhense diz que já tinha lido vários autores, mas o primeiro livro que teve prazer de ler foi o romance Capitães de Areia, de Jorge Amado.

“Nenhum outro havia me feito sorrir. A literatura dele é bem distrativa”.

Além do autor baiano, os escritores Clarice Lispector, Carlos Drummond Andrade, Luiz Fernando Veríssimo, Rubem Fonseca e Dalton Trevisan.

“Atualmente eu tenho procurado mais a literatura contemporânea, porque é atual”.

R7