Redação Pragmatismo
Racismo não 13/Mai/2014 às 11:41 COMENTÁRIOS
Racismo não

Um 13 de maio para refletir

Publicado em 13 Mai, 2014 às 11h41

A Abolição da Escravatura aconteceu há 126 anos, mas as condições mudaram tão lentamente que quase não mudaram. Como se inserir na sociedade se as condições mínimas não foram dadas?

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Um momento musical em torno da Abolição. Não música sobre escravidão, mas permeando o trabalho extenuante a que se submete o negro… Toda a vida em um trabalho quase escravo, sendo escravo sem sê-lo.

A escravidão acabou num 13 de maio dos idos de 1888. Mas as condições mudaram tão lentamente que quase não mudaram. Como se inserir na sociedade se as condições mínimas não foram dadas? Foi um brigar constante, de séculos em busca de igualdade de condições com os demais cidadãos.

E que as dificuldades ainda permanecem, nem se discute. Não se pode tapar o sol com a peneira nem transformar a caminhada em poesia. É preciso ter olhos de ver e ouvidos de ouvir para que a história seja, finalmente, outra.

A Abolição foi em 1888 e o Brasil ainda se debate entre o sentimento branco de superioridade e o sentimento de ser brasileiro.

E os portugueses vieram, colonizando um Brasil imenso e sem mão-de-obra para tantos trabalhos. Tentaram submeter os índios às suas necessidades. Não conseguiram, pois que os religiosos entraram no circuito pois queriam que a religião fosse o norte a submeter os povos da nova terra.

Mas os portugueses não se abalaram. Como todos os europeus da época, foram em busca de negros na África, para escravizá-los e torná-los a mão de sua obra. E assim vieram os escravos para o Brasil.

Em porões dos navios fétidos, os africanos foram roubados de si, carregados em péssimas condições, muitas vidas se perdendo durante a viagem. Ao desembarcarem, eram vendidos aos fazendeiros e senhores de engenho, que os tratavam como mercadorias.

Acordam por fim alguns da terra, e formam um grupo abolicionista. Eram literatos, religiosos, políticos ou pessoas do povo, que lutavam contra o abuso. Mas uma luta infinda, pois que a escravidão permaneceu negócio por quase 300 anos.

O econômico foi o fator primordial para a manutenção da prática. A economia do país dependia do trabalho escravo, seja para as tarefas da roça ou outras tão pesadas quanto. As providências para uma libertação teriam que ser tomadas lentamente, para não ocasionar a derrocada da economia.

Em 1850 foi dado o primeiro passo, findando o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871, vinte anos mais tarde foi promulgada a Lei do Ventre-Livre, que tornava livre os filhos de escravos que nascessem a partir de então.

A região Sul do Brasil, a partir de 1870, começou a empregar assalariados, tanto brasileiros quanto imigrantes estrangeiros. Na região Norte, as usinas substituíram os engenhos primitivos, o que pedia um número menor de escravos. Nas principais cidades, acenava no horizonte o surgimento de indústrias.

Em 1885, com a lei Saraiva-Cotegipe, ou dos Sexagenários, beneficiou-se os negros de mais de 65 anos e, em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, a liberdade foi finalmente alcançada pelos negros no Brasil. A lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no País.

E depois da lei, o que aconteceu? Assinada a lei, a vida dos negros brasileiros não ficou mais fácil. O estado brasileiro não se preocupou em dar condições para que os escravos fossem integrados no mercado de trabalho formal e assalariado. A elite brasileira continuou em seu processo de preconceito e, a prova disso, foi a preferência pela mão-de-obra européia, que aumentou sobremaneira no Brasil após a Abolição.

A maioria dos negros encontrou dificuldades para conseguir empregos e manter uma vida com o mínimo necessário para sua dignidade, como moradia e educação principalmente.

Resolvido o viés legal, o negro se viu sem eira e sem beira, sem rumo e sem norte, buscando dar conta de viver, sobreviver e ter dignidade, num mundo em que foi subjugado. Teve que fazer brotar a própria dignidade, apagar os traços da servidão e ganhar rumo, dentro de um Brasil que agora também seria dele.

Luciano Hortencio e Lourdes Nassif, GGN

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