Redação Pragmatismo
Racismo não 22/Mai/2014 às 18:40 COMENTÁRIOS
Racismo não

Mulher é vítima de racismo em praça pública

Publicado em 22 Mai, 2014 às 18h40

“Vá sua negra safada! Além de negra, espicha o cabelo”. Mulher vítima de crime de racismo em João Pessoa faz um desabafo

Kelly Albuquerque racismo joão pessoa
Kelly Albuquerque, vítima de racismo, disse que nunca se sentiu tão humilhada (Reprodução)

“Estava indo a uma reunião de trabalho, quando surgiu uma vaga para estacionar, parei meu carro e dei a seta para entrar na tal vaga. De repente, surgiu essa uma mulher se achando esperta e “ROUBOU” minha vaga. Vendo a situação aproximei o meu carro ao dela. Quando ela saiu do seu carro perguntei: “A senhora não viu que eu ia estacionar?”. Ela simplesmente respondeu: “E dai? Vai ter o que?” Foram vários xingamentos que até então não liguei. Até o momento em que essa senhora, tentando me menosprezar, disse: “Vá sua nega Safada!” Não acreditando no que ela disse, perguntei: O que a senhora falou? E ela em tom alto falou: “Num é mesmo! Além de nega, espicha o cabelo!!” Repetiu várias e várias vezes com tom grosseiro e saiu como nada tivesse acontecido…”

Esse trecho foi retirado do desabafo que a supervisora de segurança Kelly Albuquerque postou em seu facebook, nas redes sociais da internet, após ter sido agredida verbalmente por palavras racistas. O fato aconteceu em frente ao Palácio da Redenção, na Praça dos Três Poderes, em João Pessoa, por volta das 15 horas da última quarta-feira, e acabou se transformando em um caso de polícia.

De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado na 2° Delegacia Distrital de Polícia, localizada no Centro da Capital, onde a supervisora de segurança Kelly Albuquerque prestou queixa, ela teria sido agredida verbalmente pelas palavras racistas que teriam sido proferidas pela motorista que tomou a sua vaga.

Duas pessoas que passavam pela praça e testemunharam a agressão ajudaram a supervisora a se acalmar e decidiram chamar a polícia. Poucos minutos depois, quando a motorista retornou ao carro, a Polícia Militar chegou até o local e encaminhou as duas envolvidas no episódio para a delegacia.

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Leia abaixo a íntegra do desabafo postado pela vítima me seu Facebook:

“Em toda minha vida, nunca passei por uma situação tão constrangedora como essa. Estava indo a uma reunião de trabalho, quando surgiu uma vaga para estacionar, parei meu carro e dei a seta para entrar na tal vaga.

De repente, surgiu essa uma mulher se achando esperta e “ROUBOU” minha vaga. Vendo a situação aproximei o meu carro ao dela. Quando ela saiu do seu carro perguntei: “A senhora não viu que eu ia estacionar?”. Ela simplesmente respondeu: “E dai? Vai ter o que?” Foram vários xingamentos que até então não liguei. Até o momento em que essa senhora, tentando me menosprezar, disse: “Vá sua nega Safada!”

Não acreditando no que ela disse, perguntei: O que a senhora falou? E ela em tom alto falou: “Num é mesmo! Além de nega, espicha o cabelo!!” Repetiu várias e várias vezes com tom grosseiro e saiu como nada tivesse acontecido…

Fiquei em estado de choque pela situação a qual nunca tinha passado. Quando me deparei com a situação em que estava, dezenas de pessoas olhando pra mim, apontando, filmando, tirando foto, com pena, cai em prantos.

Nunca fui tão humilhada! As próprias testemunhas, indignadas com o que assistiram, chamaram a polícia e fomos parar na delegacia! Eu nunca tinha entrado em uma delegacia e jamais imaginei que um dia estaria ali vítima de um preconceito pela cor da minha pele ou a fibra do meu cabelo. O que posso dizer é que foi muita humilhação passar por tudo aquilo.

Encontrar argumentos para explicar o motivo de estar ali e tendo que responder: “Só por causa da minha cor!!”. Como pode meu Deus, ainda existirem pessoas assim? Sou negra sim!!! E tenho o maior orgulho disso. Sou mãe, trabalho, pago minhas contas, tenho caráter e tenho valores.

Estou até agora sem acreditar que em pleno século XXI existam pessoas assim. A mulher que me ofendeu também foi parar na delegacia, mas ainda não se explicou. Registrado o boletim de ocorrência, o inquérito segue e ela só falará EM JUÍZO. Só então, ouvirei os argumentos para saber o que a fez pensar que eu deveria ceder-lhe a vaga por ela ter a pele mais clara que a minha”.

FatosPB e Geledés

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