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Professor explica Valesca Popozuda em prova: “provocação à imprensa”

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Professor que usou música de Valesca Popozuda em questão de prova diz que não foi irônico e quis "provocar a imprensa". Docente também alega intenção de provocar debate com os alunos

Professor citou música de Valesca Popozuda em prova de filosofia e gerou polêmica na internet (Ilustração: Pragmatismo Político)

“A intenção foi fazer uma provocação à imprensa. Não quis ser irônico”. Assim o professor de filosofia da Escola de Ensino Médio 3, no Distrito Federal, Antonio Kubitschek, justifica a sua decisão de colocar em uma prova do terceiro ano uma questão citando a música “Beijinho no ombro”, de Valesca Popozuda, e se referindo à funkeira como “grande pensadora contemporânea”.

O docente explica que queria gerar uma discussão sobre “formação de valores” entre os alunos e chamar atenção sobre o papel da imprensa “sensacionalista” no debate em torno do assunto. Sobre a repercussão que a história alcançou, ele diz que não esperava uma reação nacional:

“Achei que um membro da imprensa local fosse nos procurar, e não toda a imprensa nacional. A provocação partiu de um debate em sala de aula e nesse debate pensamos no papel da imprensa, que gosta de sensacionalismo e só vem à escola quando o assunto é ruim” disse Kubitschek.

Na prova elaborada pelo professor os alunos deveriam responder à seguinte pergunta: “Segundo a grande pensadora contemporânea Valesca Popozuda, se bater de frente:”, e aí vinham as opções: “a) É só tiro, porrada e bomba b) É só beijinho no ombro c) É recalque e, por fim, d) É vida longa”. Em sua página no Facebook, Valesca se disse honrada com a referência a ela.

O professor questiona o grau de polêmica que a questão da prova suscitou.

– A grande discussão foi porque eu a chamei de “pensadora contemporânea”. A proposta não era ser irônico com ela. Era muito mais uma discussão na sociedade.

Valesca se pronuncia

Valesca Popozuda se pronunciou sobre a polêmica e aproveitou para tratar do preconceito com o funk e o fato de ter sido chamada de “pensadora contemporânea”.

“Eu acho isso tudo uma bobagem! Se fosse um trecho de qualquer música de MPB ou qualquer música americana que tanto é valorizada por nós, será que fariam a mesma polêmica? É um título muito forte e ainda não me sinto pronta pra isso. Já estou pronta pra me chamarem de ‘diva’, ‘sambista’, ‘lacradora’… mas ‘pensadora contemporânea ainda não. Deveríamos nos unir e usar esse tempo todo que vocês passam me julgando para protestar por condições melhores de trabalho para os professores. Com os problemas reais ninguém se preocupa, mas com o fato de uma funkeira ser tema de uma questão de prova é um total absurdo. Meus parabéns ao corajoso professor que mesmo não ganhando muito bem é batalhador e corajoso demais para chegar em casa e elaborar uma questão de uma prova colocando um dito popular do momento e ‘sambando’ na cara de todo mundo que está a julgando por isso! Grande polêmica por algo pequeno. Vou ali ler Machado de Assis e ir treinando pra quem sabe um dia conseguir ser uma pensadora de elite!”

com R7 e Rádio CBN