Redação Pragmatismo
São Paulo 25/Fev/2014 às 09:32 COMENTÁRIOS
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Tropa do Braço bate em jornalistas e manifestantes

Publicado em 25 Fev, 2014 às 09h32

'Tropa do Braço' da PM-SP bate em jornalistas e usa extinta tática de polícia alemã para cercar manifestantes

caldeira de hamburgo pm sp
Tática conhecida como “Caldeira de Hamburgo” foi utilizada pela primeira vez em manifestações na Alemanha em 1986 (Reuters)

A manifestação contra a Copa que aconteceu em São Paulo, no sábado (22), terminou com 260 feridos. O ato foi organizado através da internet e contou com pouco mais de mil manifestantes.

Desde o início da manifestação esteve presente um forte aparato policial, em número igual ou superior ao número de manifestantes. Antes do ato, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), havia anunciado que iria utilizar uma nova tropa para acompanhar as manifestações, a “tropa do braço”. Segundo a corporação, os policiais deste destacamento são treinados especificamente para combate corpo a corpo, e não atuam com balas de borracha ou bombas de gás.

Segundo manifestantes e jornalistas que estavam presentes, depois de um começo de manifestação pacífico, a polícia utilizou bombas de gás para dividir o grupo de pessoas que marchavam pelo centro e começou a cercar indistintamente os grupos que se dispersavam. Os policiais utilizaram uma tática conhecida como “Caldeira de Hamburgo”, utilizada pela primeira vez em manifestações na Alemanha em 1986.

Caldeirão

A tática consiste em prender os manifestantes dentro de um cordão de policiais para retirá-los e detê-los aos poucos. Na Alemanha ela foi utilizada pela primeira vez em uma manifestação contra as usinas nucleares no país. Na época, a ação foi justificada porque o governo entendia que o grupo de manifestantes compunha-se de “indivíduos com passado de violência”, “simpatizantes da Fração do Exército Vermelho” e “integrantes do movimento de ocupação urbana da Hafenstraße e os tais autônomos”. Hoje a polícia justifica sua necessidade pela presença de “mascarados”, “vândalos” e “Black Blocs”.

Na Alemanha, os manifestantes chegaram a ficar presos durante 17 horas sem poder comer, beber, o que levou os policiais que coordenaram a ação a serem processados por cárcere privado e a própria ação a ser considerada ilegal. Em São Paulo, no entanto, a conclusão foi bem diferente e a polícia comemorou o que considerou uma ação bem sucedida: “A operação foi um sucesso. Houve menos danos, menos policiais e civis feridos e menos confrontos”, afirmou o coronel Celso Luís Pinheiro. O governador também fez uma avaliação positiva: “A operação ‘tropa do braço’ foi muito bem sucedida. Nós tivemos menos confronto, menos violência, menos depredações, menos pessoas feridas, menos estragos de uma maneira geral. Acredito que a tática usada pela Polícia Militar teve êxito sim”.

Antecipação

O coronel também afirmou que a polícia agiu por antecipação, “antes que a ordem fosse quebrada”. Além das imagens de agressão gratuita com cassetadas e chaves de braço, o ato também foi marcado pela obstrução do trabalho dos jornalistas, e muitos dos repórteres que estavam no local foram impedidos de filmar o que acontecia ou até mesmo detidos.

Os manifestantes saíram às ruas contra os gastos com a Copa do Mundo e contra a situação precária do transporte, moradia, saúde e educação no Brasil. O grupo que organiza as manifestações pelo Facebook, “Contra a Copa 2014”, convocou uma nova manifestação contra a Copa para o dia 13 de março.

Assista abaixo ao vídeo da emboscada da PM contra manifestantes:

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