Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 05/Mar/2013 às 16:04 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Miss Bixete humilha mulheres na USP e incentiva assédio sexual

Publicado em 05 Mar, 2013 às 16h04

Miss Bixete: evento na Usp São Carlos reduz mulheres a objetos. A Universidade pretende abrir processo administrativo contra organizadores

Miss Bixete: evento na Usp São Carlos reduz mulheres a objetos. A Universidade pretende abrir processo administrativo contra organizadores

Antes mesmo de o Miss Bixete acontecer, a polêmica já era grande nas redes sociais. A discussão ocorre basicamente entre dois grupos, um composto por alunos e integrantes de repúblicas da USP e o outro é representado pela Frente Feminista, grupo que se manifesta em defesa da mulher, contra o preconceito e qualquer tipo de assédio.

Poucos dias antes do evento, o grupo de feministas postou textos e imagens na rede social Facebook abordando a manifestação que seria realizada durante o Miss Bixete, que aconteceu nesta terça-feira (26) na região da Praça Central do campus I da USP. Neles, elas alertavam sobre o teor do evento, afirmando que ele “expõe as calouras como “carnes novas” aos veteranos, submetendo-as a brincadeiras pejorativas que reduzem a mulher a um “mero objeto de consumo”.

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Os organizadores do evento, por sua vez, se manifestaram por blogs de repúblicas e também nas redes sociais chamando os homens para conhecerem as bixetes e o “tradicional desfile”, “momento de peitão, peitão, peitão”. Eles também distribuíram um panfleto com os dizeres “Cinquenta golpes de cinta – a cura para o fogo no rabo dessa mulherada mal comida (veja aqui a imagem do panfleto)”

miss bixete usp

Miss Bixete gerou polêmica nas redes sociais. Organizadores sofrem processo administrativo.

Além da polêmica nas redes sociais, o Miss Bixete 2013 foi marcado por discussões em tempo real entre os grupos.
No momento do evento, cerca de 50 manifestantes da Frente Feminista foram ao campus com faixas e tambores. De acordo com o grupo e testemunhas, durante o protesto, alguns participantes do evento ofenderam, jogaram cerveja e copos e atiraram duas “bombas” na direção das manifestantes. “Houve empurrões, tentativa de agressão, assédio às meninas e um grupo que, no final da manifestação, perseguiu com pedaços de pau os manifestantes”, relata a Rede. Ao final, de acordo com a Frente Feminista, alunos tiraram a roupa e simularam ato sexual com uma boneca inflável. Veja abaixo (final do post) o comunicado do grupo na íntegra.

Organizadores do Miss Bixete sofrerão processo administrastivo

A Universidade de São Paulo (USP) vai abrir um processo administrativo contra a organização do Miss Bixete, realizado na última terça-feira (26) no campus I de São Carlos. Conhecido dos veteranos, o evento submete as calouras a um “desfile de beleza” com brincadeiras pejorativas, expondo-as.

A universidade afirma que a atividade não integra a programação oficial da Semana de Recepção dos Calouros e não foi comunicada nem pelo Disque Trote, nem pela segurança do campus. “Como nenhum registro foi feito, até então, o fato era desconhecido da Universidade. Ao serem informados, os dirigentes do campus imediatamente tomaram providências para identificar os envolvidos nesse lamentável evento e, posteriormente, promover a abertura de um processo administrativo”, afirma a instituição em nota.

COMUNICADO DA FRENTE FEMINISTA – Ato de Repúdio divulgado pela Frente Feminista, nesta sexta-feira (1º), via rede social Facebook:

“Todo ano ocorre aqui na USP São Carlos o Miss Bixete, evento o qual após passarem pela “apelidação” (em que recebem apelidos sempre pejorativos e fazendo juízo de valor sobre seus corpos e sua sexualidade), as calouras são levadas pelos veteranos para que desfilem. Ao longo do desfile os veteranos gritam em couro “peitão, peitão, peitão” pedindo para que a caloura mostre os seios e incentivam que ela dance e exponha seu corpo o máximo possível. Uma prática também frequente nesse dia do “evento” é a “competição do picolé”.

Nesta competição, cada uma das calouras recebe um picolé é tem que xupa-lo simulando sexo oral e a que terminar o picolé primeiro “ganha”. Como resposta ao evento, nos últimos cinco anos, o Coletivo de Mulheres do CAASO e Federal promovem um ato em boicote ao Miss bixete, afim de tentar conscientizar o maior número de pessoas possível. Nesta última terça-feira, a Frente Feminista de São Carlos reuniu 50 pessoas para a manifestação em repúdio ao evento. A manifestação era pacífica e contava com instrumentos de batuque, músicas, faixas com palavras de ordem e panfletagem.

Ao longo da manifestação integrantes do GAP (Grupo de Apoio a Putaria, grupo que promove o evento e outras festas na cidade) e alunos da USP que participavam do evento, arrancaram e rasgaram alguns dos cartazes da manifestação, tentarem impedir nossa entrada no CAASO (espaço em que ocorria o evento), jogaram cerveja, copos e duas bombas em nossa direção. Houveram empurrões, tentativa de agressão, assédio às meninas e um grupo que, no final da manifestação, perseguiu com pedaços de pau os manifestantes. Como resposta a nossa faixa que continha os dizeres “”, os meninos do GAP simulavam ato sexual com uma boneca inflável diante da manifestação. Além disso, antes e durante a manifestação alguns meninos panfletavam papéis com os dizeres “50 golpes de Cinta: a cura para o fogo no rabo dessa mulherada mal comida”.

Alguns participantes do evento tiraram as roupas e fizeram gestos obscenos, sempre se direcionando aos manifestantes e dizendo provocações como “isso aqui é para corrigir esse bando de viado e sapatão”. A USP abriu inquérito para investigar a respeito dos alunos que ficaram nus e a mídia local tem se focado nisso. Acreditamos que seria de extrema importância para a visibilidade da situação que outros veículos de comunicação publicassem algo que não resumisse o caso à isso. Os 50 manifestantes presentes fizeram tanto ou mais barulho, música e diversão que o próprio miss bixete – este último, tem se apresentado cada vez mais esvaziado. Acreditamos que ir contra o privilégio naturalizado cansa, testa e estressa, mas vale a pena”.

Com informações do Portal K3

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