Luis Soares
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Barbárie 17/Set/2012 às 11:31 COMENTÁRIOS
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Crianças indígenas são vítimas de pedofilia em troca de comida

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 17 Set, 2012 às 11h31

Em geral as meninas indígenas são tiradas de suas aldeias por causa da fome e acabam recebendo em comida. Os abusadores são “homens maduros, comerciantes estabelecidos na cidade, que raramente vão em festas e que, aparentemente, possuem conduta ilibada”

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A condição de extrema pobreza das crianças é a principal causa dessa situação dramática. Faz vítimas entre a população indígena, mas não é só. Foto: divulgação

A exploração sexual de meninas indígenas está crescendo e se tornando escancarada, no norte do País.

Segundo reportagem do site A Crítica, uma rede de pedofilia cujas principais alvos são crianças indígenas está se consolidando na região amazônica.

No município de São Gabriel da Cachoeira que fica a 858 km de Manaus e 90% da população é indígena pessoas ou organizações são ameaçadas para ficarem em silêncio.

A rede de pedofilia da região se tornou conhecida nacionalmente após junho deste ano. A mãe de uma garota indígena de 13 anos com leve retardo mental decidiu denunciar o estuprador de sua filha que ficou grávida.

A menina teve de ir até Manaus fazer exames e mãe aproveitou para denunciar o caso na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).

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“Essa rede de pedofilia, como a gente chama, existe há muito tempo, mas aumenta a cada ano, a cada mês. Está se alastrando. Está a olho nu. Antes, estes homens pegavam meninas de 14, 16 anos. Agora, pegam meninas de 12, 11 e até 10 anos“, disse uma conselheira tutelar sob a condição de anonimato. Que completou: “sem condições financeiras, elas acabam sendo vítimas desses comerciantes” (acrítica.com, 8/9/2012).

Tudo isso acontecia sob a vista da polícia federal e nada acontecia. “Respaldados pela falta de investigação, os exploradores sexuais e aliciadores não temem ser punidos e continuam praticando o crime”.

Em agosto finalmente algumas meninas indígenas decidiram formalizar a denuncia e deram seu depoimento à Polícia Federal que vai preparar um relatório para a Promotoria da cidade.

Mas nem mesmo os denunciantes confiam que de fato algo será feito. “As pessoas sabem que existe a rede. Já denunciamos ao Ministério Público, o Fórum de Justiça, mas não passa disso. Deixamos até de ir à Polícia Civil porque nada acontece ali. Além do mais, as meninas e as famílias ficam com medo de denunciar”, concluiu a conselheira.

Uma psicóloga da cidade traçou o perfil das crianças vítimas e dos abusadores. Em geral as meninas são tiradas de suas aldeias por causa da fome e acabam recebendo em comida. Os abusadores são “homens maduros, comerciantes estabelecidos na cidade, que raramente vão em festas e que, aparentemente, possuem conduta ilibada”.

A condição de extrema pobreza da região é a principal causa dessa situação dramática. Faz vítimas entre a população indígena, mas não é só.

É conhecido o turismo sexual com crianças exploradas sexualmente em barcos que navegam os rios da região. Em 2004 um iate que afundou no Rio Negro e levou à morte cinco garotas. Além delas estavam no barco deputados, advogados… o caso revelou o envolvimento de políticos e pessoas poderosas de todo o País com a exploração sexual de menores.

Denunciar, investigar e combater esse crime é fundamental, mas passa necessariamente por melhorar as condições de vida dessas populações e garantir às garotas oportunidades e direitos.

Diario da Liberdade

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