Corrupção

Uma cena ridícula: Demóstenes canta Frank Sinatra no restaurante do poder

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Demóstenes Torres canta Frank Sinatra no restaurante do poder: "Let me try again...". Será que ele terá uma segunda chance?

Cassado, o ex-senador Demóstenes Cachoeira, ou melhor, Demóstenes Torres perdeu a noção do ridículo. Num jantar no restaurante Piantella, reduto dos poderosos em Brasília, que pertence ao advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ele se dirigiu ao piano, depois de uns goles, e cantou um célebre sucesso de Frank Sinatra. “Let me try again…”

No restaurante, estava presente Luiz Pacheco, que, na segunda, defendeu José Genoíno e disse que o ex-presidente do PT foi alvo de um tribunal nazista.

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Entrada do restaurante Piantella, lugar frequentado pelos donos do poder. Imagem: anual design

Demóstenes – que já havia interpretado Minha Namorada, de Vinícius de Moraes – pediu ao pianista os acordes do hit de Sinatra. Seguiu a letra em seu smartphone e foi muito aplaudido. Animado, o advogado de Genoino solicitou ao pianista que também tocasse o tema do filme O Poderoso Chefão, de Nino Rotta. José Luís Oliveira Lima, advogado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, também apareceu para jantar, mas se manteve quieto. Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay – defensor do publicitário Duda Mendonça no mensalão e de Demóstenes no processo de cassação – é sócio do restaurante. De acordo com a Folha de S. Paulo, outra advogada do ex-senador, Roberta Kauffman, também estava presente. Demóstenes seria conhecido por organizar karaokês para os senadores.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Abaixo, assista ao verdadeiro:

Agências e Brasil 247

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