Luis Soares
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Processo Privatização 27/Dez/2011 às 22:01 COMENTÁRIOS
Processo Privatização

Após 20 dias, Folha finalmente rompe o silêncio e fala do livro Privataria Tucana

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 27 Dez, 2011 às 22h01

A Folha, como a Veja, incorre na mesma desonestidade de tentar descaracterizar o autor em detrimento do conteúdo relevante e caprichosamente documentado

Privataria Folha

Privataria Folha

O livro de Amaury Ribeiro Jr. foi lançado no dia 9 de dezembro, e, graças à repercussão gerada a partir das mídias sociais, tornou-se fenômeno de vendas e atingiu a parte superior das listas de livros mais vendidos do Brasil em pouquíssimos dias. Nem mesmo a ascensão meteórica do material que trata de ilicitudes escabrosas em esquemas bilionários à época das privatizações mereceu destaque nos meios de comunicação convencionais. O grupo Folha, por exemplo, só agora, através do portal UOL, quase vinte dias depois publicou matéria acerca de ‘A Privataria Tucana’, como poderão ver abaixo.

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E não haveria de ser diferente: a abordagem está muito aquém de tudo o que já foi anteriormente elaborado pela mídia alternativa. A Folha, como a Veja, incorre na mesma desonestidade de tentar descaracterizar o autor em detrimento do conteúdo relevante e caprichosamente documentado.

Espanta também (ou não mais?) o fato de utilizarem dois jornalistas para montar uma matéria bastante insossa. Isso é tudo o que são capazes?

‘Antes tarde do que nunca’, dirão os mais moderados; o que não lhes elimina, de todo modo, a gritante irresponsabilidade jornalística.

Débora Melo e Guilherme Balza – UOL Notícias

Lançado em 9 de dezembro deste ano, o livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., alcançou o topo do ranking de livros mais vendidos do site especializado em mercado editorial PublishNews. O site contabiliza as vendas de 12 livrarias –Argumento, Cultura, Curitiba, Fnac, Laselva, Leitura, Martins Fontes SP, Nobel, Saraiva, Super News, Travessa e da Vila.

A obra aponta supostas irregularidades nas privatizações ocorridas durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) (supostas?). O livro afirma também que amigos e parentes de José Serra mantiveram empresas em paraísos fiscais e movimentaram milhões de dólares entre 1993 e 2003.

Entre 12 e 18 de dezembro –última contabilização–, foram vendidos 9.032 exemplares do livro, que ficou atrás somente da biografia de Steve Jobs, de Walter Isaacson (17.784 unidades vendidas), da ficção “As esganadas”, de Jô Soares (16.150), e de “O Cemitério de Praga”, do semiólogo italiano Umberto Eco (9.083).

Na semana anterior (5 a 11 de dezembro), foram vendidos 2.414 exemplares do título em três dias, já que a obra foi lançada no dia 9.

Segundo a Geração Editorial, que publicou o livro, a primeira edição teve uma tiragem de 15 mil exemplares, que se esgotou na editora. Foram reimpressas 60 mil unidades, já que, de acordo com a Geração Editorial, cerca de 50 mil já tinham sido vendidos às livrarias antes de o lote checar à editora.

A Fnac afirmou que os exemplares da primeira edição do livro se esgotaram em três dias, e que o principal canal de vendas foi a internet. Uma nova encomenda foi feita no mesmo dia, mas os livros sumiram das prateleiras em três dias. Quanto à segunda edição, que chegou às lojas no último dia 16, a Fnac informou que 25% dos exemplares já tinham sido comprados por clientes na pré-venda.

A livraria comparou as vendas de “A Privataria…”, nos primeiros dias após o lançamento, às de grandes apostas editoriais do ano, como a biografia de Jobs e o último livro de Jô Soares. Assim como o próprio autor, a Fnac atribui a grande procura pelo livro à repercussão dada ao título nas redes sociais.

Já Saraiva afirmou que, para um período de cinco dias, o livro bateu o recorde histórico de encomendas na Saraiva.com. A empresa aponta que as vendas foram impulsionadas pelo destaque que o título ganhou nas redes sociais. Na Livraria da Folha, a obra foi a mais vendida entre todas as categorias na semana de 19 a 26 de dezembro.

O autor se disse surpreso com a vendagem. “Ninguém esperava. Os editores não esperavam, as livrarias não esperavam”, disse. “As redes sociais têm participação importante. Hoje já não se precisa mais de repercussão em programas de TV, em grandes veículos”, afirmou.

Amaury será processoado pelo PSDB

Em nota, a executiva nacional do PSDB afirmou que irá processar Ribeiro Jr. pelas acusações feitas no livro. A assessoria de imprensa do partido disse que a área jurídica da legenda está juntando elementos para entrar na Justiça contra o autor, o que deve ocorrer ainda nesta semana.

Com base no livro, a base governista protocolou, em 21 de dezembro, por meio do deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB), pedido para abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as supostas irregularidades nas privatizações e outras acusações contidas no livro.

Um dos parentes de Serra citados nas acusações é a filha do ex-governador, Verônica Serra. De acordo com o livro, ela foi sócia da empresária Verônica Dantas numa firma de prestação de serviços financeiros na internet. Verônica é irmã do banqueiro Daniel Dantas, proprietário até 2005 da antiga Brasil Telecom, empresa formada com a privatização da Telebrás.

Em nota divulgada hoje (27), Verônica negou ter sido sócia da irmã de Dantas: “participar de um mesmo conselho de administração, representando terceiros, o que é comum no mundo dos negócios, não caracteriza sociedade. Não fundamos empresa juntas, nem chegamos a nos conhecer”. Sobre o livro, ela disse se tratar de um produto de uma “organizada e fartamente financiada rede de difamação” que “dedicou-se a propalar infâmias intensamente através de um livro e pela internet” para atingir seu pai.

Já Serra, por meio de sua assessoria, disse que o livro é uma “coleção de calúnias que vem de uma pessoa indiciada pela Polícia Federal”. FHC, também em nota, afirmou que a obra é uma “infâmia” e a associou o autor à produção dos dossiês dos Aloprados e de Furnas.

Ribeiro Jr. afirmou que o livro é uma “cartilha sobre lavagem de dinheiro” e trabalhou na obra de 2000 até poucos dias antes da publicação. “Na época que comecei a apurar só se falava disso na imprensa”. O autor disse que seu interesse surgiu a partir das “lacunas que ficaram da história das privatizações” e que os documentos contidos na obra são todos “legais, obtidos na Justiça e no próprio Congresso Nacional.”

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O autor trabalhou, como jornalista, na “Folha de S. Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “IstoÉ”, “Estado de Minas”, entre outros veículos. Ribeiro Jr. já foi acusado pela Polícia Federal de ter violado o sigilo fiscal de dirigentes tucanos e de familiares de Serra. No ano passado, o jornalista teria montado uma central de espionagem no comitê de campanha da presidente Dilma Rousseff.

Por Pragmatismo Político

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