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Após prisões, delegado diz ser impossível acabar com o Neonazismo no RS

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Neonazistas pregam o ódio e a discriminação contra negros, judeus e homossexuais. Mulheres também se integram ao movimento e participam das ações violentas.
Conforme a polícia gaúcha, há células neonazistas no Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além de outros locais investigados
Uma briga envolvendo punks, skinheads e ao menos um
neonazista no último sábado em um bar de Porto Alegre (RS) ligou o sinal
de alerta da polícia para a atuação de grupos que pregam o ódio e a
discriminação no Sul do País, inspirados pela ideologia de Adolf Hitler.
Responsável pelo indiciamento de 35 neonazistas no Estado nos últimos
dez anos, o delegado Paulo César Jardim, da 1ª DP, afirma que está “na
gênese” do gaúcho a guarida para movimentos deste tipo.

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“A origem do povo gaúcho é colonial e, além disso, a Argentina, que
abrigou oficiais nazistas após a 2ª Guerra Mundial, está aqui do lado e
preocupa. Para a consolidação dessa ideologia, deve existir um meio
viável, caso do Rio Grande do Sul. O neonazismo é uma coisa que jamais
vai acabar. É um sentimento, uma ideologia, e não se pode acabar com
ideologias, mas evitar suas consequências e ações”, acredita o delegado.

Segundo ele, na pancadaria do último sábado, que envolveu ao menos
oito pessoas e deixou um homem negro esfaqueado, a motivação foi uma
discussão entre punks e skinheads. Os envolvidos, porém, já possuem uma
ficha criminal conhecida por crimes como agressão a homossexuais, judeus
e negros, que configuram a ideologia nazista. “Eles seguem a ideia da
instituição de uma raça pura através da eliminação dos que não se
enquadram nela. No Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São
Paulo, os movimentos neonazistas escolheram pessoas que devem ser
eliminadas por pertencerem a uma ‘subespécie'”, salientou Jardim.

Expansão neonazista

O delegado Paulo Jardim, que se especializou em investigar como esses
grupos atuam, viaja constantemente a São Paulo e troca informações com
as polícias de outros Estados. Ele está preocupado com a expansão do
movimento neonazista no País. “O desafio é conseguir abortar os ataques,
como foi feito em 2010, quando foram desmontadas cinco células
neonazistas. Apreendemos bombas, munição, e armas, e evitamos a explosão
de uma sinagoga e um ataque na Parada Livre de Porto Alegre. As mesmas
bombas que nós apreendemos aqui foram usadas em São Paulo, o que
comprova a ligação material entre os grupos”, disse ele.

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“Estamos trabalhando para prender essas pessoas. A situação deles nos
últimos anos está complicada e alguns vão responder, em júri popular,
por tentativa de homicídio, formação de quadrilha e corrupção de
menores”, garantiu o delegado, que também investiga a ligação material
entre os grupos, como fornecimento de dinheiro e armas entre os Estados.

Agressividade e humilhação

No código de condutas de um neonazista, um dos requisitos é saber lutar e
andar armado, estando sempre pronto para um combate. Além disso, eles
costumam tatuar o corpo com diversos símbolos e desenhos que fazem
apologia à doutrina de Hitler.

“Eles são de uma agressividade muito grande e seguem uma ideia de que
não se deve apenas derrotar o inimigo, mas humilhá-lo, acabar com ele,
impor o medo. O seu combustível é o ódio e eles já saem às ruas
preparados para briga com soqueiras, facas e outros objetos cortantes.
Se as pessoas identificá-los em algum local, é interessante sair de
perto, pois eles são sinônimo de confusão”, recomenda Jardim.

Histórico de agressões e apologia

Em 2010, um grupo de defesa dos direitos dos travestis no Rio Grande do
Sul recebeu ameaças por telefone de um suposto neonazista, que disse
preparar uma ação na 14ª Parada Livre. Em edição anterior do evento,
cartazes que pregavam a morte de homossexuais foram afixados no bairro
Bom Fim, onde ocorre a passeata.

Em novembro do mesmo ano, policiais civis apreenderam material de
apologia ao nazismo em uma residência no centro de Porto Alegre. Foram
recolhidos fotografias, CDs, camisetas, distintivos, facas, uma soqueira
e um laptop, mas ninguém foi preso. Em 2009, apreensões semelhantes
ocorreram em Cachoeirinha, Viamão, Porto Alegre e duas cidades da serra
gaúcha.

Em 2009, o casal Bernardo Dayrell e Renata Ferreira foram
assassinados após uma festa neonazista no Paraná. O crime foi cometido
na BR-116, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, e teve
motivações de disputa entre o grupo neonazista liderado por Dayrell e
Ricardo Barollo, apontado pela polícia como o mandante do duplo
homicídio. Além dele, Jairo Maciel Fischer, Rodrigo Motta, Gustavo
Wendler, Rosana Almeida e João Guilherme Correa foram acusados de
participar no crime.

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No dia do assassinato do casal, vários membros do grupo neonazista
foram a uma festa em comemoração ao aniversário de Adolf Hitler em uma
chácara de Quatro Barras. Conforme a lei 7.716, de 1989, “fabricar,
comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos,
distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para
fins de divulgação do nazismo” prevê pena de até três anos de reclusão.

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