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Julian Assange fala ao Opera Mundi

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O fundador do site Wikileaks, Julian Assange, falou com exclusividade ao Opera Mundi nesta segunda-feira (6). Assange não escondeu a irritação com o congelamento de sua conta bancária na Suíça e também falou de outras ações tomadas contra a organização desde o lançamento de documentos sigilosos de embaixadas dos Estados Unidos.
Assange se preparava para se apresentar à polícia britânica, o que aconteceu na manhã desta terça-feira (7) em Londres. O fundador do Wikileaks é acusado de crimes sexuais na Suécia. A denúncia não é clara, mas inclui a prática de sexo desprotegido com duas mulheres, na mesma época em que dava uma palestra em Estocolmo. Desde o dia 18 de novembro, a justiça sueca expediu mandado de prisão com o objetivo de interrogá-lo por “suspeitas razoáveis de estupro, agressão sexual e coerção”. Julian Assange deve ser ouvido ainda hoje num tribunal de Westminster, na região central de Londres, onde será decidido se ele será extraditado à Suécia.

Opera Mundi: Neste momento, quais acusações pesam sobre você?
Julian Assange — São muitas as acusações. A mais séria é que eu e o nosso pessoal praticamos espionagem contra os EUA. Isso é falso. Também a famosa alegação de “estupro” na Suécia. Ela é falsa e vai acabar se extinguindo quando os fatos reais vierem à tona, mas até lá está sendo usada para atacar nossa reputação.

Opera Mundi: Sobre essa acusação de espionagem, há algum processo judicial correndo? Julian Assange — Não. É uma investigação formal envolvendo os diretores do FBI, da CIA e o advogado-geral norte-americano. A Austrália, meu país, também está conduzindo uma investigação do mesmo tipo — em que se junta todo o governo — e ao mesmo tempo estão asssessorando os EUA. Uma das fontes alegadas para essa investigação, Bradley Manning [militar acusado de ser a fonte do Wikileaks], está preso em confinamento solitário em uma cela na prisão no estado da Virginia, nos EUA. Ele pode pegar até 52 anos de prisão se for condenado por todas as acusações, que incluem espionagem.

Opera Mundi: Qual a diferença entre o que faz o Wikileaks e espionagem?
Julian Assange — O Wikileaks recebe material de “whistle-blowers” (pessoas que denunciam algo errado nas organizações onde trabalham) e jornalistas e os entrega ao público. Acusar de espionagem quer dizer que nós teríamos que trabalhar ativamente para adquirir o material e o repassar a um estrangeiro.

Opera Mundi: No caso da Suécia, o que as mulheres alegam?
Julian Assange — Elas dizem que houve sexo consensual. O caso chegou a ser arquivado por 12 horas quando a procuradora-geral em Estocolmo, Eva Finne, leu os depoimentos. Depois foi reaberto, após uma articulação política. Todo esse caso é bastante perturbador. Agora, eles acabaram de congelar minha conta em um banco na Suíça, nosso fundo para pagar minha defesa.

Opera Mundi: Com base em quê?
Julian Assange — Eles estão alegando que eu os coloco em risco. Mas não têm nada que sugira isso, e de qualquer forma isso é falso.

Opera Mundi: E qual é a sua opinião sobre o congelamento de transferêcias de dinheiro pela empresa PayPal, e o fato de que a Amazon retirou o site do ar? Como você vê essas ações?
Julian Assange — É fascinante ver os tentáculos da elite norte-americana corrupta. De certo modo, observar essa reação é tão importante quanto ver o material que publicamos. A Paypal e a Amazon congelaram nossas contas por razões políticas. Com o Paypal, 70 mil euros foram congelados. Com o nosso fundo de defesa, cerca de 31 mil euros.

Opera Mundi: O que eles alegam?
Julian Assange — Eles dizem que estamos fazendo “atividades ilegais”, o que é, claro, uma inverdade. Mas estão ecoando as acusações de Hillary Clinton [secretária de Estado norte-americana] sobre como publicamos documentos que podem causar transtornos aos EUA. Mesmo assim, o líder do comitê de segurança nacional no Senado disse com muito orgulho que ele havia ligado para a Amazon e exigido o fechamento no site.

Opera Mundi: O que o Wikileaks está fazendo para se defender do congelamento das doações?
Julian Assange — Nós perdemos 100 mil euros somente nesta semana como resultado do congelamento dos pagamentos. Temos outras contas em bancos – na Islândia e Suécia, por exemplo, que o público pode usar. Estão em um site. Também aceitamos cartões de crédito.

Opera Mundi: O que mais o Wikileaks está fazendo para se defender?
Julian Assange — Nós estamos contando com a diversidade e o apoio de boas pessoas. Temos mais de 350 sites pelo mundo que reproduzem nosso conteúdo. Precisamos disso mais do que nunca.
 

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