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Plínio critica Globo com elegância e Bonner promete mais espaço

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O candidato do PSOL à Presidência da República, Plínio de Arruda Sampaio, foi o entrevistado desta quinta-feira (12) no Jornal Nacional, da Rede Globo. Diferentemente dos candidatos que lideram as pesquisas — aos quais foram concedidos 12 minutos de espaço para falar na bancada do JN — a Plínio foram concedido apenas três minutos e sua entrevista foi gravada fora dos estúdios das Globo. O candidato reclamou desta discriminação.
Chegou-se a noticiar que a primeira reclamação de Plínio, gravada pela equipe do JN na Academia Brasileira de Letras (ABL),  foi feita num tom acima do que a emissora estava disposta a transmitir. Diante da recusa, a equipe da Globo pediu que Plínio regravasse a crítica. E assim foi feito. 
Em sua reclamação, Plínio disse num tom elegante: “”Eu sou um viajante de avião de classe econômica, sempre fui e nunca reclamei. Mas agora vou reclamar. A ‘Globo’ inventou para os debates à presidência a classe executiva para os candidatos chapa branca. E a classe que não tem bancada, que não tem os 12 minutos, para o candidato do PSOL. Essa reclamação você leva lá”, disse ao repórter.

Em resposta à reclamação, o apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner, disse que a Globo estabeleceu como critério para convidar os candidatos, além da representação congressual, a pontuação de pelo menos 3% nas pesquisas. E prometeu que se Plínio subir para este patamar nas próximas sondagens, ele será convidado para participar de outros programas da emissora em grau de igualdade com os demais candidatos líderes nas pesquisas.

A Lei das Eleições (9504/97) determina que devem ser convidados para os debates eleitorais e entrevistas nas emissoras de rádio e TV os candidatos cujos partidos tenham representação na Câmara dos Deputados, que é o caso do PSOL, que tem três deputados na Cãmara Federal e um Senador.

Ocupações são legítimas

Entrevistado pelo repórter Tonico Ferreira, Plínio iniciou a entrevista respondendo à pergunta sobre ocupações de terra. Disse que ocupação é diferente de invasão e não é crime, mas “um apelo da sociedade insensível a respeito da necessidade que a população tem […] De modo que é justo (as ocupações). Estou de acordo e estarei sempre de acordo”.

Tonico Ferreira tentou carimbar o candidato socialista como uma “ameaça” à segurança econômica. Brandiu o velho discurso do “calote” na dívida pública e chegou a insinuar que, no poder, Plínio confiscaria o dinheiro da poupança, depois especificou quem seriam as “vítimas” do confisco e disse que eram os investidores. Plínio foi enfático na resposta: “Quem dá calote é a burguesia no povo. O calote da dívida, por exemplo, dos funcionários públicos, quando não fazem o reajuste e depois muda o contrato. E ninguém fala nada. Agora, quando é para ser do banqueiro o negócio é bravo”, afirmou o candidato.

Plínio disse ainda que seu plano de governo propõe uma auditoria na dívida pública, sem suspensão imediata do pagamento. Esta viria depois, “mas não precisa ser de todos. Os pequenos investidores não terão dificuldades. Para os grandões, será um problema que terão que enfrentar”.

Em sua mensagem final, Plínio voltou a defender o fim da desigualdade: “A desigualdade precisa terminar. Não pode seguir este país desigual como se encontra. Entre os mais ricos e os mais pobres, a diferença é de 40 vezes. Isso é um escândalo. Uma coisa que nós não podemos aceitar em hipótese nenhuma. Então, a idéia toda é essa.”

A íntegra da entrevista:
Cláudio González