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Campanha oportunista isola o tucano Arthur Virgílio no Amazonas

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Apesar de ser ainda popular entre os amazonenses, Virgílio nãocontava com uma realidade tão (merecidamente) adversa à suacandidatura. Uma das vagas do estado para o Senado é dada como certapara o ex-governador Eduardo Braga (PMDB) — que aparece virtualmenteeleito senador com mais de 80% das intenções de voto. Na disputa àsegunda vaga, o tucano duela com uma candidata que se revela cada vezmais competitiva — a deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB).

“O embate Arthur-Vanessa será mais acirrado que a campanha degovernador”, avalia Edmilson Barreiros, procurador-regional eleitoraldo Amazonas. Contra Virgílio pesa o fato de que seus adversários estãonas duas maiores coligações do estado e têm as candidaturas turbinadaspelos apoios de Lula, da presidenciável Dilma Rousseff e de EduardoBraga.

Fazendo propaganda como Artur (sem o “H”) Neto, o senador não escondeapenas o Virgílio do nome. Omite também que foi um dos inimigos maisintransigentes e grosseiros do governo Lula. Omite mais ainda o nome ea imagem de Serra em seus materiais de propaganda. É como se quisesseapagar o passado e as circunstâncias, para fazer uma campanha à modaantiga, baseada não nas ideias, mas no corpo a corpo.

Para Virgílio, os tempos de oposição raivosa e golpista a Lula nãodevem aparecer. O que importa é tão somente a reeleição, sob qualqueraparência “Segurei a oposição no Senado nas costas durante sete anos.Agora quero cuidar da minha reeleição. Quero meu mandato de volta”,afirma o senador, confirmando o pragmatismo. “Pode me chamar de poucointeligente se eu tentar me reeleger brigando com o Lula dia e noite.”

Pesquisas desfavoráveis

Segundo Virgílio, sua rotina em campanha tem sido levantar, todos osdias, às 4h e “não dormir antes da meia-noite”. O discurso é umconjunto de informações algo atrapalhadas, desconexas: “Hoje já apertei4 mil mãos. Minha candidatura tem personalidade, não tem tutor. Dependesó da minha vida e do meu passado — de mostrar o que pretendo fazer.Acredito que serei vitorioso e com base elástica”.

Os números, porém, mostram o contrário. Pesquisa feita entre 15 e 22 deagosto pela Perspectiva — empresa que faz levantamentos estatísticos noAmazonas — mostra Virgílio com 39% das intenções de voto, empatadotecnicamente com Vanessa Grazziotin, que chegou a 39,3%.



Ao contrário de Virgílio, Vanessa está cercada de aliados de peso. É ocaso do próprio Eduardo Braga – que promete transferir boa parte de seuimenso apelo popular entre os amazonenses para a candidata. Lula tambémvê as movimentações com ânimo. Afinal, se Vanessa vencer, o Amazonasterá, em 2011, três senadores da situação em caso de vitória de Dilma edo candidato a governador Omar Aziz.

Parte do PT com Vanessa

Antes do início da campanha eleitoral, o PT amazonense liberou seusfiliados no Amazonas para apoiar candidatos da coligação de Vanessa. JáDilma assumiu palanque duplo no estado e aparece com destaque nomaterial de campanha da deputada. “A Vanessa tem o respeito dopresidente Lula e do PT nacional porque é uma ótima parlamentar, masela se tornou nossa candidata por mérito”, diz Braga. “O PCdoBparticipou do nosso governo e do plano macroestratégico que temos parao Amazonas.”

Com três mandatos como vereadora em Manaus e no exercício da terceiralegislatura na Câmara dos Deputados, Vanessa liderou a transição doPCdoB da oposição para a base aliada no segundo mandato de Braga. Nesseprocesso, o deputado estadual Eron Bezerra, também do PCdoB, assumiuuma secretaria no governo estadual.

A oposição histórica ao grupo político de Arthur Virgílio continuafirme na campanha. “Vamos dizer à população que o Arthur agia de formatruculenta com trabalhadores quando foi prefeito de Manaus e ameaçoudar uma surra no presidente Lula em vez de cuidar dos interesses doestado no Senado”, afirma o presidente municipal do PCdoB em Manaus,Antônio Carlos Brabo.

Valor Econômico