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A guerra midiática contra Cuba: como fazer uma campanha hipócrita

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Em uma tarde ensolarada, em um hotel da cidade de Miami, reuniram-se ao redor de 150 pessoas, quase todas cubanas, para escutar a um jovem professor de duas universidades francesas

O professor Salim Lamrani, francês de nascimento, de pais argentinos, amante dos fatos, da realidade e duvidando sempre daquilo que a imprensa, a televisão e os meios de comunicação em geral levam ao conhecimento do público, fez uma apresentação simples, porém essencial, recheada de dados concretos sobre as relações da União Europeia com Cuba e a manipulação que a imprensa faz dos fatos.

A guerra midiática contra Cuba foi o tema central para abordar sua crítica dos meios internacionais em geral e dos europeus, em particular. O encobrimento que esses meios realizam, oferecendo uma informação carente de referências e feita para criar um estado de opinião que justifique as políticas agressivas da União Europeia contra Cuba foi mostrada com evidências tão óbvias que os implicados no complô deveriam sentir vergonha de exercer o jornalismo.
O tema central utilizado pela imprensa para atacar a Cuba são os direitos humanos.

O professor Lamrani disse que estava de acordo que o tema deveria ser tratado; porém, havia que ser objetivos em meio à parcialidade. Por isso, o professor disse que seria somente factual.

Partindo da base de que em Cuba, como em qualquer outro lugar do mundo, acontecem violações aos direitos humanos, os meios deveriam recorres aos organismos dedicados a investigá-las e destacar realmente se o que acontece em Cuba é uma atrocidade sem nome, como a Europa e os Estados Unidos pretendem fazer-nos acreditar.

A Anistia Internacional, organismo com o qual Cuba não está de acordo e o acusa de parcialidade, tem expressado em seus últimos relatórios uma detalhada violação, país por país da Europa, em relação a prisões, torturas, assassinatos, sequestros e outras ações similares.

O professor Lamrani mostrou, uma por uma, as diferentes violações cometidas nos diferentes países da Europa e comparou os dados da Anistia com os referentes a Cuba. O resultado das violações graves contra a dignidade humana, por tratar-se de assassinatos, torturas, sequestros, repressões contra a liberdade de expressão e outros assuntos dessa dimensão foi o seguinte: dos 27 países que formam a União Europeia, 23 deles cometeram violações atrozes aos direitos humanos. Cuba não informa nem um só caso dessa natureza.

A União Europeia condena a Cuba e faz-lhe exigências a título de direitos humanos e, em troca, a imprensa, que ecoa os acordos políticos da UE não apresenta uma análise comparativa que justifique essa atitude.

Após o golpe de Estado em Honduras, foram assassinados ao redor de 500 pessoas, das quais a maioria são jornalistas, ativistas de direitos humanos e lutadores sociais. A imprensa não fala sobre esses fatos.
Há pouco tempo, na Colômbia, foi descoberta talvez a maior fossa comum que se tenha notícia na história, onde foram encontradas cerca de 2.000 pessoas assassinadas.

Muitas evidências mostram que a mão do Estado esteve envolvida nesse bárbaro crime. A imprensa mencionou o caso de maneira breve e discreta; rapidamente “virou a página” para falar de outras coisas.

O preso Orlando Zapata cometeu suicídio em uma cela cubana por ocasião de uma greve de fome. Zapata morreu no dia 26 de fevereiro de 2010. O professor Lamrani destacou que em seu país, França, o berço dos direitos humanos, desde o dia 1º de janeiro, até a data da morte de Zapata, mais de 20 pessoas cometeram suicídio nas prisões, entre elas, um adolescente de 16 anos. A imprensa em seu país tem falado de Zapata o tempo todo e não deu a mínima cobertura, em comparação com o caso cubano, a esses suicídios.

O professor Lamrani concluiu que não se tratava de dar razão ao governo cubano, mas de tirá-la de uma imprensa que, evidentemente, é um instrumento dos interesses que controlam o Estado. Dizia o professor que de todos os jornais franceses, somente dois apresentam lucro; os demais, onde estão os grandes rotativos, só dão prejuízo. Perguntava-se como era possível que as grandes corporações que são donas desses meios aceitem financiá-los mesmo que deem prejuízo, se não inferirmos que os mesmos funcionam somente como instrumentos para moldar na sociedade um tipo de mentalidade que lhes permita continuar no poder.

O expositor fez referências às limitações da imprensa em Cuba e às anomalias quanto a assuntos relacionados aos Direitos Humanos, que empalidecem frente às denúncias da Anistia Internacional em outras zonas do mundo, começando pelo próprio hemisfério americano. Como parte de sua exposição, não podia deixar de mencionar aos cinco prisioneiros cubanos que receberam condenações que nada têm que ver com o delito cometido em solo estadunidense.

Criticou que sendo pessoas que investigavam sobre as atividades terroristas de fanáticos de origem cubana que vivem nos Estados Unidos, a imprensa jamais destaca esse fato com a mesma veemência que reclama uma violação de Direitos Humanos dessa envergadura. O professor disse que lutar pela liberdade desses cinco prisioneiros não tem nada que ver com um apoio ao governo cubano, mas que se trata de um ato de humanidade elementar, com o qual se devem solidarizar todas as pessoas honradas desse mundo.

A exposição, desprovida de matizes ideológicos, sem uma só adulação a Cuba ou ao seu governo, deixou perfeitamente claro que os últimos acontecimentos da imprensa mundial e do reavivamento da chamada Posição Comum por parte da União Europeia, é uma campanha suja que pretende sobrar a vontade de soberania esgrimida pelo governo de Cuba. É uma clara amostra de que não se trata de resolver supostas violações em Cuba, mas de criar um clima favorável para o derrocamento de seu governo.

Progresso Semanal

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