Redação Pragmatismo
Protestos 26/Abr/2017 às 12:28 COMENTÁRIOS
Protestos

As categorias que vão parar na greve geral da próxima sexta-feira

Publicado em 26 Abr, 2017 às 12h28

A próxima sexta-feira (28) será um dia histórico. Depois de 21 anos, o Brasil voltará a ter uma greve geral. A última aconteceu em 1996. Até mesmo as igrejas estão convocando para a mobilização. Confira as categorias que vão parar em cada estado

greve geral 28 de abril

A greve geral marcada para a próxima sexta-feira (28) vai parar todo o Brasil contra as reformas da Previdência e trabalhista do governo Michel Temer (PMDB).

O último movimento que teve a proposta de paralisar o país, ocorrido no´último 15 de março, apesar de ter sido nacional e de ter tido enorme adesão popular, não tinha a proposta de ser uma greve.

Grandes categorias dos 27 estados brasileiros já aderiram à greve da próxima sexta-feira. Em São Paulo, ao menos dez categorias já confirmaram adesão ao dia de protestos (confira a relação das categorias por estado no fim do post).

Arcebispos

Membros do alto escalão da igreja católica têm se posicionado favoráveis à greve geral. Na Paraíba, o arcebispo dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, que foi anunciado pelo Vaticano no início do mês passado como novo arcebispo do estado, gravou uma mensagem convocando a população para participar das manifestações contra a reforma da Previdência.

“Sabemos que esta reforma implica em tirar direitos adquiridos dos trabalhadores e assegurados na Constituição de 1988”, diz com Manoel. “Convocamos todos os trabalhadores a participarem desta grande manifestação, dizendo a palavra que o povo não aceita a reforma da Previdência nos termos que estão anunciando”, afirmou o arcebispo.

O arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, também divulgou uma mensagem nas redes sociais para convocar a população natalense para a greve geral.

“Caros irmãs e irmãos, nó estamos vivendo em nosso País um momento bastante grave e que requer a participação e empenho de toda a população brasileira. Diante do processo rápido das reformas previdenciária e trabalhista, nós devemos nos posicionar”, afirmou.

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, também convocou a população para a greve geral.

o citar “Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que vós, desonestamente, deixastes de pagar está clamando por justiça; e tais clamores chegaram aos ouvidos do Senhor dos Exércitos” (Tiago 5:4), o arcebispo falou que as propostas das reformas vão contra os direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988 e pela Consolidação das Leis do Trabalho.

“A classe trabalhadora não pode permitir que os direitos arduamente conquistados, com intensa participação democrática, sejam retirados”, comentou o arcebispo.

Segundo Dom Fernando Saburido, qualquer ameaça a esses direitos merece imediato repúdio.

História

Desde 1996 o Brasil não vive uma greve geral. Segundo Paula Marcelino, professora do departamento de Sociologia da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP (Universidade de São Paulo), o que vai garantir o sucesso da greve geral é quais categorias vão aderir a ela.

“Certas categorias têm uma capacidade de pressão mais expressiva, como os metalúrgicos, o setor dos transportes, petroleiros. Os professores, por exemplo, não têm praticamente nenhuma”, explica.

A maior greve geral nacional já realizada no Brasil aconteceu em 1989. Entre os dias 14 e 15 de março de 1989, 70% da população economicamente ativa do país paralisou suas atividades, segundo levantamento feito pelas centrais sindicais na época — o Brasil tinha mais de 59 milhões de trabalhadores.

Um levantamento feito pela “Folha de S. Paulo” mostrou que, só no dia 14 daquele ano, em 12 das 26 capitais brasileiras nada funcionou. Nas demais, a paralisação foi parcial. O comando unificado da greve avaliou em US$ 1,6 bilhão o prejuízo causado pela paralisação nos dois dias — valores da época.

Em 1989, durante o governo Sarney, a taxa de inflação acumulada ficou em 1.782,9%, a maior já registrada na história do país.

Como justificativa para conter a inflação, Sarney lançou um plano que congelava salários e direitos dos trabalhadores. Foi o estopim para a greve.

O apoio de alguns prefeitos brasileiros à greve fez com que Sarney classificasse a mobilização como “chapa-branca”. Atitude semelhante foi tomada por Michel Temer diante das paralisações do último dia 15 de março (relembre aqui).

No segundo dia de paralisação, o governo Sarney aceitou chamar os trabalhadores para negociar as perdas salariais.

Outras greves

Depois de 1989, outras greves gerais foram realizadas na década de 1990, com destaque para a de 1991, no governo Collor, e de 1996, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Mas elas não conseguiram alcançar as façanhas de 1989.

A de 1996 foi contra a política de privatização, flexibilização de direitos trabalhistas e desemprego. O movimento conseguiu atingir 12 milhões de trabalhadores brasileiros – 19% da população economicamente ativa.

Fernando Henrique chegou a dizer que “greve não aumenta salário, ela perturba os que estão querendo aumentar o salário”.

Período Lula-Dilma

De acordo com a professora Paula Marcelino, o fato de que as eras Lula e Dilma não foram marcadas por greves gerais não significa que o movimento sindical brasileiro esfriou.

“Lula e Dilma, com contradições indo e voltando, acabaram beneficiando os trabalhadores com várias políticas econômicas e sociais”, explicou, acrescentando que “uma conjuntura melhor para conquista dos trabalhadores, da política econômica mais geral, desincentiva uma greve geral”.

Segundo ela, engana-se quem acha que as categorias estavam desmobilizadas. “Esse período teve um número de greves bastante expressivo. Foram greves ostensivas e vitoriosas. Em 2012, 95% dos acordos salariais foram fechados acima do índice de inflação”, conta a pesquisadora.

Abaixo, confira as categorias profissionais que vão participar da greve geral em cada estado brasileiro nesta sexta-feira (28).

ACRE.
Rodoviários paralisam em 5 cidades, inclusive na capital, Rio Branco

ALAGOAS.
Professores da educação pública e particular
Bancários
Funcionalismo público federal
Trabalhadores de empresas de transporte público de Maceió

AMAZONAS.
Professores universitários
Petroleiros
Rodoviários
Bancários (bancos públicos)
Vigilantes
Polícia Civil
Construção civil

AMAPÁ.
Urbanitários
Bancários
Educação
Rodoviários
Técnicos da Universidade, Servidores Federais
Professores da Universidade
Servidores da Justiça
Polícia Civil
Servidores do MP
Servidores do Grupo Administrativo

BAHIA.
Petroleiros
Policiais civis
Professores da rede pública de ensino
Trabalhadores em saúde da rede pública
Rodoviários de Salvador e Região Metropolitana
Comerciários de Salvador, Irecê, Itabuna e Ilhéus
Bancários de todas as bases sindicais da Bahia
Metalúrgicos
Servidores do Judiciário estadual e federal
Trabalhadores da construção civil
Técnicos administrativos das universidades federais
Servidores públicos municipais de Itabuna
Servidores públicos estaduais

CEARÁ.
Transportes param em 20 cidades, incluindo Fortaleza
Petroleiros
Educação
Metalúrgicos
Comércio
Construção Civil
Serviço Público
Saúde

DISTRITO FEDERAL.
Rodoviários
Bancários
Limpeza Urbana
Jornalistas
Sindicato dos Odontologistas
Professores da rede pública
Professores e técnicos da Universidade de Brasília,
Limpeza urbana
Correios
Telecomunicações Departamento de Trânsito
Servidores municipais de várias cidades do entorno
Trabalhadores do Ramo Financeiro

ESPÍRITO SANTO.
Petroleiros
Saúde
Comercio
Professores
Portuários
Comerciários
Bancários
Metalúrgicos
Servidores públicos
Construção civil
Rodoviários
Enfermeiros(as) e Psicólogos(as)

GOIÁS.
Professores municipais de Anápolis
Trabalhadores em Empresas de crematório e
Cemitérios SINEF
Limpeza Urbana Stilurbs
Servidores Públicos
Técnicos e trabalhadores nas Universidades e Institutos Federais

MARANHÃO.
Rurais
Municipais
Servidores Público Feral
Urbanitários
Comerciários
Previdenciários
Bancários
Metalúrgicos
Professores
Correios
Rodoviários
Saúde
Professores
Universitários, Técnicos da Universidade

MATO GROSSO.
Servidores públicos estaduais
Servidores da Educação Pública
Bancários
Trabalhadores dos transportes públicos
Servidores de diferentes esferas do Judiciário

MATO GROSSO DO SUL.
Educação
Construção civil
Transporte coletivo
Servidores públicos
Transporte de cargas
Bancários

MINAS GERAIS.
Correios
Petroleiros
Metroviários
Rodoviários
Professores (Privados)
Bancários
Construção Civil
Municipais (BH)
Vestuários
Rurais
Metalúrgicos

PARÁ.
Portuários
Bancários
Construção Civil
Comércio
Servidores
Educação
Urbanitários

PARAÍBA.
Bancários
Professores
Limpeza urbana
Transporte

PARANÁ.
Educação
Rodoviários
Petroleiros
Construção Civil
Bancários
Vigilantes

PERNAMBUCO.
Aeroportuários
Aeronautas
Rodoviários
Petroleiros
Judiciário
Metalúrgicos
Professores da Federal
Bancários
Metroviários
Policiais civis
Servidores da Assembleia Legislativa de Pernambuco
Guardas municipais
Professores do setor público
Professores da rede privada
Enfermeiros
Técnicos de enfermagem
Agentes comunitários de saúde
Odontólogos
Fisioterapeutas
Trabalhadores em saúde bucal
Farmacêuticos
Psicólogos
Vigilância sanitária

PIAUÍ.
Professores do setor público
Professores do setor privado
Petroleiros
Servidores da saúde pública
Correios
Rodoviários
Metroviários
Comerciários
Servidores públicos municipais
Servidores judiciários federais

RIO DE JANEIRO.
Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (SinproRio)
Radialistas
Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região (Sinergia)
Bancários Rio
Teresópolis, Baixada, Campos
Petroleiros Norte Fluminense (Sindipetro-NF)
Educadores Municipais
Educadores Estaduais (Sepe-RJ)
Professores, técnicos e funcionários da UFRRJ (Adur-RJ)
Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Docentes do Cefet (Adcefet-RJ)
Servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc SN)
Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro
Correios (Sintect-RJ)
Servidores Técnico-Administrativos CEFET-RJ (Sintecefetrj)
Docentes e servidores da UFF
Docentes da UERJ (Asduerj)
Petroleiros Rio de Janeiro, Volta Redonda, Duque de Caxias

RIO GRANDE DO NORTE.
Têxteis
Bancários
Vigilantes
Professores
Construção Civil
Rodoviários
Ferroviários

RIO GRANDE DO SUL.
Bancários
Municipais
Empregados em empresas de Assessoramento
Fundações Estaduais
Metroviários
Professores

RONDÔNIA.
Servidores da educação pública do estado
Servidores públicos federais
Bancários

RORAIMA.
Saúde
Enfermeiros
Correios
Urbanitários
Bancários
Servidores do Estado

SANTA CATARINA.
Professores Estaduais
Bancários

SÃO PAULO.
Metroviários de São Paulo
Rodoviários de São Paulo, Guarulhos (paralisação de 24 horas com contingente de 30% das frotas), Santos, Campinas, Sorocaba e região)
Ferroviários linhas 11 e 12 da CPTM – Assembleia hoje, mas há indicativo de paralisação
Portuários de Santos
Professores da Apeoesp (rede Estadual)
Professores do Sinpeem (rede municipal) – Assembleia em frente à Prefeitura, às 15h
Professores da rede particular (Sinpros)
Professores Poá
Professores Francisco Morato
Professores Jundiaí
Professores estaduais, municipais e universitários de Sorocaba
Sintusp – trabalhadores da USP
Químicos da Zona sul da capital, Cotia, Barueri, Osasco, São Bernardo do Campo
Metalúrgicos do ABC, Jundiaí, Sorocaba, São Carlos e Vale do Paraíba
Bancários de São Paulo, Osasco e região; Mogi das Cruzes; Campinas; Sorocaba
Petroleiros das Refinarias de Paulínia (Replan), Capuava (Recap) de São José dos Campos e Cubatão; e terminais de Guarulhos, Guararema, Barueri , São Caetano, Ribeirão Preto, São Sebastião e Caraguatatuba
Comerciários de Osasco e Sorocaba
Municipais de São Paulo
Guarda Civil e UBS’s de Jundiaí
Empresa Brasil de Comunicação (EBC) – aprovaram estado de greve com indicativo de paralisação no próximo 28 de abril
Construção Civil de Bauru e Botucatu
Eletricitários de Campinas
Correios de São Paulo
Trabalhadores da Saúde e Previdência do Estado de São Paulo
Trabalhadores de Asseio em Conservação e Limpeza Urbana da Baixada Santista
Trabalhadores em entidades de assistência à criança e ao adolescente

SERGIPE.
Professores
Assistentes Sociais
Psicólogos
Nutricionistas
Bancários
Construção civil
Servidores do INSS, do Min. Público, do TJSE, Frei Paulo, Divina Pastora, Estância, Monte Alegre, Glória e Poço Verde

TOCANTINS.
Educação
Comerciários
Rurais Araguaiana
Vigilantes
Telecomunicação
Eletricitários
Farmacêuticos
Trabalhadores de Bares, Restaurantes e Hoteis
Técnicos e Auxiliares de Enfermagem
Saúde
Construção Civil
Correios
Bancários
Servidores do MP Estadual
Servidores Estaduais
Servidores Municipais

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