Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 14/Mar/2017 às 12:10 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

"Por que não fechou as pernas?", pergunta juiz a jovem estuprada

Publicado em 14 Mar, 2017 às 12h10

“Por que simplesmente não deixou as pernas fechadas?”. Juiz que humilhou jovem de 19 anos em tribunal apresentou sua renúncia após um comitê recomendar sua destituição imediata. A vítima ficou em choque e tentou suicídio

juiz Robin Camp fechou pernas
O juiz canadense Robin Camp

Durante uma audiência por estupro, o juiz canadense Robin Camp se dirigiu à vítima, de 19 anos, e perguntou em voz alta: “E por que simplesmente não manteve as pernas fechadas?”

Depois, após se referir à jovem como “acusada”, afirmou: “As mulheres jovens gostam de fazer sexo, especialmente se estão bêbadas; mas o sexo e a dor às vezes caminham juntos, e não é necessariamente algo ruim”.

Isso aconteceu há três anos em um tribunal de Calgary (Canadá). Na quinta-feira o magistrado Camp, de 64 anos, apresentou sua renúncia após um comitê recomendar sua destituição imediata por considerar sua conduta “profunda e manifestadamente destrutiva com o conceito de imparcialidade, integralidade e independência”.

“Estamos com as vítimas e não estamos dispostos a aceitar de nenhum modo a violência de gênero”, enfatizou a ministra da Justiça, Jody Wilson-Raybould.

O julgamento que pôs um fim à carreira de Camp, recentemente promovido à Corte Federal de Alberta, ocorreu em junho de 2014. A jovem denunciou ter sido estuprada por um homem de 29 anos durante uma festa na casa de amigos. O suposto agressor a encurralou no banheiro e a estuprou prensando-a contra a pia. Na audiência, o juiz se mostrou ostensivamente desconfiado em relação à mulher e a humilhou verbalmente. Não só a recriminou publicamente, como insistiu que poderia ter evitado o ataque “simplesmente movendo a pélvis ou colocando suas nádegas na pia”.

A vítima ficou em choque. “Fez com que eu me odiasse e me sentisse como se fosse uma prostituta”, disse. Após a audiência, o acusado foi absolvido.

Mas o caso, a essa altura, já havia superado os limites de uma sala de tribunal. A vítima tentou se suicidar e os comentários de Camp desataram tamanha espiral de queixas e reclamações que o Conselho Judicial Canadense se viu forçado a abrir uma investigação. Em suas declarações ao comitê, Camp reconheceu que era um homem preconceituoso e que pensava que “todas as mulheres se comportavam da mesma forma e deveriam sofrer as consequências”. Para demonstrar seu arrependimento e boa vontade, participou de cursos de reeducação e até mesmo levou sua filha, vítima de um estupro, para depor a seu favor.

Após 15 meses de trabalho, o comitê concluiu que o juiz era incapaz para o cargo e que deveria ser destituído. Suas desculpas não bastaram. O dano causado era maior.

informações de El País

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