Redação Pragmatismo
Barbárie 17/Fev/2017 às 12:25 COMENTÁRIOS
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Mãe diz que filho perdoou 'colegas' que o empalaram, mas queria distância

Publicado em 17 Fev, 2017 às 12h25

Mãe de jovem de 17 anos que morreu após ter mangueira introduzida no ânus relembra, emocionada, das últimas conversas que teve com o filho durante os dias de internação. Pai de Wesner também segue inconsolável

Wesner Moreira mangueira de ar
Marasilva e Valdecir, pais de Wesner Moreira

A morte de Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, é uma daquelas que não será fácil de esquecer. O jovem foi empalado no lava-jato onde trabalhava pelo dono do estabelecimento e por outro funcionário, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Thiago Demarco Sena e Willian Henrique Larrea introduziram no ânus de Wesner uma mangueira de ar comprimido. A pressão do ar foi tão intensa que estourou o intestino grosso e comprimiu os pulmões do jovem, trancando as válvulas respiratórias.

Depois de 11 dias lutando para sobreviver no Hospital Santa Casa, o jovem não resistiu e morreu na última terça-feira (14).

Em entrevistas publicadas pela mídia local, a mãe de Wesner contou detalhes de como foram os dias de internação do adolescente, que chegou a gravar um vídeo (ver abaixo) de agradecimento. Ele estava otimista de que se recuperaria das lesões.

Segundo a dona de casa Marasilva Moreira, o filho estava esperançoso e com pressa de ir embora para casa.

“Ele perguntava: ‘mãe, já pintou meu quarto, que o médico vai me dar alta já’. A pressa dele era vir embora pra casa. A tinta tava toda ali, guardadinha, a gente ia pintar no domingo, mas deixamos pra segunda e ele morreu na terça. No último dia, ele tinha vomitado sangue de manhã e estava muito debilitado, foi entubado de novo e teve a preocupação de pedir pra minha irmã me ligar e avisar pra eu não assustar de ver ele entubado de novo. ‘Eu conheço minha mãe, fala para ela ficar firme’ ele disse pra minha irmã”, lembrou.

“Suspirei para não chorar na frente dele. Entrei firme e ainda brinquei com ele, fiz um coraçãozinho para ele com a mão e falei: ‘filho, a mãe te ama’ e ele fez assim [sinal de ‘ok’] com a mãozinha. Eu falei ‘quer uma massagem’ e ele fez que queria, peguei o creme, olhei o pé dele, estava muito amarelinho, meio branco já, e comecei a passar o creme no pé dele, beijei o pé dele”, lamentou dona Marasilva.

Valdecir Ferraz, pai de Wesner, lembra que o filho era um amigo de todas as horas. “Para mim ele não morreu. É muito difícil, sabe, eu chegar em casa e saber que ele não vai estar, a qualquer momento ele estava brincando comigo, ele gostava muito de mim. Nós éramos grandes amigos”, contou, inconsolável.

Perdão, mas sem impunidade

Dona Marasilva disse que, durante os dias no hospital, Wesner contou detalhes da tortura que sofreu e que havia perdoado os agressores, mas queria distância de ambos e exigia que eles fossem punidos pelo que fizeram.

“Ele falou assim: ‘mãe, eu perdoo, mas não quero eles perto de mim.’ Eu, como mãe, fiquei olhando para ele, tanto amor dentro do coração que ele perdoou e pediu justiça. Falei: meu filho, você vai ter a justiça”.

Patrícia Brites, prima de Wesner, diz que o jovem queria juntar dinheiro para ajudar a família e comprar uma moto. “Ele ganhar o dinheirinho dele, ajudar a família, ter a moto dele, sonho dele, sonho que todo jovem da idade dele tem. Um menino sonhador”.

Os últimos registros de Wesner Moreira:

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