Redação Pragmatismo
Educação 05/Jan/2017 às 13:09 COMENTÁRIOS
Educação

O que é preciso para ser uma superpotência educacional?

Publicado em 05 Jan, 2017 às 13h09

O que os países que são considerados superpotências educacionais fizeram para chegar a este patamar? Conheça 9 características que eles têm que outros países não têm

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Quando se fala em rankings globais de educação a história parece se repetir. As superpotências educacionais asiáticas ocupam os primeiros lugares e, para o resto do mundo, sobram dúvidas e recriminações.

Para os ministros da Educação de grande parte do mundo este deve ser um momento difícil, no qual eles precisam encontrar algum aspecto positivo para destacar e tentar explicar a razão de seus países estarem mais uma vez no meio ou até nas últimas colocações da lista.

Cingapura dominou os resultados do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), divulgados no começo de dezembro, nas três áreas avaliadas, Matemática, Ciência e Leitura.

Cerca de 540 mil estudantes de 15 anos em 70 países participaram do exame, realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No ranking de Ciência, Cingapura foi seguida outra potência asiática da educação, Japão. Em terceiro, a Estônia. No de Leitura, o segundo e terceiros lugares ficaram com China (Hong Kong) e Canadá. E no de Matemática , Hong Kong e Macau (também China).

Mas o que estes países fizeram para chegar a este patamar? O que eles têm que outros países não têm?
Veja algumas das características destes vencedores.

1 – É melhor estar na Ásia Oriental

Cingapura está em primeiro lugar, seguida pelo Japão. Outros daquela região estão entre os dez primeiros como Taiwan, Macau, Hong Kong, China, Vietnã. A Coreia do Sul está em 11º lugar.

2 – Um pouco de conformismo?

Falando de uma forma muito diplomática, a expectativa em muitos dos países que ocupam as primeiras posições geralmente é que as pessoam obedeçam as ordens que recebem.

Uma cultura conformista e concentrada, um senso de objetivo coletivo ou até um Estado onde exista apenas um partido, sem oposição, frequentemente são elementos que podem ser observados entre os países mais bem colocados.

Mas há exceções: a Finlândia ficou em quinto lugar e este é um país com um sentimento forte de independência liberal.

3 – Melhor não ter recursos naturais

Existe um fenômeno em educação chamado “a maldição dos recursos” que mostra que as economias cuja base são os recursos naturais – como as que dependem em grandes reservas de petróleo – têm uma tendência a performances ruins no setor de educação.

Países do Oriente Médio podem ser citados como exemplo. Como motivar uma pessoa que espera ser rica independente de seus resultados na escola?

Os países pequenos e com poucos recursos, por outro lado, precisaram aprender rapidamente como viver e progredir a partir de sua própria inteligência. Por exemplo, há 60 anos a Coreia do Sul tinha um dos piores índices de analfabetismo do mundo, agora muitos de nós estamos assistindo programas em aparelhos de televisão criados ou fabricados naquele país.

4 – Aposte nos professores

Andreas Schleicher, guru educacional da OCDE, tem uma frase: “Nenhum sistema de educação pode ser melhor do que a qualidade de seus professores”.

E a classificação no Pisa demonstra isso: o sucesso está unido à oferta de professores de boa qualidade.

Não importa quais as declarações polêmicas dos ministro de Educação, tudo se resume em um bom investimento nos professores.

5 – Ser uma nação (relativamente) jovem

Os países mais bem colocados em rankings educacionais podem ter culturas antigas, mas uma característica interessante deles é que muitos são Estados relativamente novos ou tiveram suas fronteiras reconstituídas recentemente.

A Finlândia vai celebrar seu centenário em 2017 e a Coreia do Sul e Cingapura, em suas atuais formas políticas, são produtos do século 20.

O Vietnã, que saiu de uma guerra na década de 1970 foi um dos que melhoraram mais rapidamente seu sistema educacional, ultrapassando os Estados Unidos e os dinossauros da velha Europa.

6 – Ter um vizinho grande que brilhe mais que você

Outra característica surpreendente dos países mais bem posicionados em rankings de educação é o quanto eles tiveram que lutar para conseguir um lugar ao sol por causa de um vizinho muito maior.

As histórias de sucesso em países europeus nos últimos anos – na Finlândia, Polônia e Estônia – mostra que eles tiveram que sair da sombra do antigo bloco soviético.

A Coreia do Sul e Hong Kong têm como vizinha a China. Cingapura é uma cidade-estado minúscula cercada por vizinhos bem maiores em tamanho e população.

A educação é que permite a todos estes países competirem com os países maiores.

7 – Não é uma competição por eliminação

As classificações em rankings de educação se baseiam na proporção de jovens que conseguem alcançar algum ponto de referência de capacidade

Os ganhadores serão aqueles países que presumem que todos devem cruzar esta linha de chegada, alcançar este padrão, até os mais pobres – e esta é uma característica que marca os mais bem-sucedidos sistemas educacionais da Ásia.

Eles colocam os melhores professores cuidando dos alunos mais fracos para garantir que todos alcancem o padrão básico.

O sistema ocidental, por sua vez, aborda a educação como uma corrida de cavalos, com a expectativa de que poucos dos que começam a corrida alcancem a meta.

E as classificações refletem esta diferença fundamental.

8 – Copiar dos melhores

É difícil separar os sistemas educacionais da política e da cultura onde eles se desenvolvem.

Por mais que todos gostem de falar de “inovação”, há muita pressão de todos os lados contra a mudança.

Mas muitos dos países com alto rendimento não tem nenhum problema em pegar as melhores ideias de outros países e usá-las em suas próprias escolas.

9 – Planejar para o longo prazo em um mundo onde tudo é no curto prazo

Dez anos ou até mais podem passar antes que as mudanças em um sistema educacional façam alguma diferença positiva a ponto de mudar o lugar do país em rankings globais do setor.

E isto não é um grande incentivo para a curta vida útil de um gabinete de ministro da Educação.

Em alguns países os ministros podem ser trocados várias vezes até em uma questão de dias.

A grande mensagem que os países precisam entender a partir destes rankings globais de educação é que os dois fatores necessários são coerência e continuidade.

10 – Culpe todo mundo

É preciso muito tempo para mudar a educação de um país e para notar estas mudanças.

Então os ministros desta pasta podem se vangloriar de qualquer coisa que tenha sucesso e culpar todos os da administração anterior pelos fracassos.

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Sean Coughlan, BBC

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