Marcos Taquechel
Colaborador(a)
Saúde 21/Jul/2016 às 11:51 COMENTÁRIOS
Saúde

Os perigos da farinha de trigo refinada – sobretudo para os diabéticos

Marcos Taquechel Marcos Taquechel
Publicado em 21 Jul, 2016 às 11h51

Entenda por que a farinha de trigo refinada é tão prejudicial – especialmente para quem tem diabetes. O perigo encontra-se na aloxana

farinha de trigo refinada perigos

por Marcos Taquechel*

Quase ninguém pensa duas vezes antes de consumir um pedaço de pão ou massas feitas com a farinha branca. Passamos pela vitrine da padaria e os biscoitos e pãezinhos olham pra gente dizendo: “coma-me”. Farinha branca faz tudo ficar mais gostoso, cremoso e bonitinho. A farinha integral é escura, grossa e dá um aspecto rustico que muitos não gostam, mas tudo tem o seu preço. Farinha branca para quem é diabético pode ser muito pior do que se pensa e não é tanto devido à alta de glicose que produz ao consumirmos.

O problema é que quando retiramos todo o germe e o farelo da farinha de trigo, ficamos com um produto final empobrecido. Vitaminas e minerais quando removidos deixam apenas o amido: um carboidrato simples. Aqui estão alguns componentes encontrados na casca removida do trigo o qual não aproveitamos:

— Metade dos ácidos graxos não saturados
— Praticamente toda a vitamina E
— 50% de cálcio
— 79% de fósforo
— 80% de ferro
— 90% de magnésio
— 50 a 80 % de vitaminas B

O outro problema é que removendo o germe removemos também o elemento fibroso do alimento. Isso permite que o amido seja absorvido mais rapidamente contribuindo para uma taxa de glicose alta imediata. A fibra funciona como uma atenuadora no processo da digestão, retirando-a tornamos o alimento mais digerível mas isso implica a aceleração da taxa de glicose o que é péssimo para diabéticos.

Não só removemos todas as propriedades boas do trigo, mas no processo transformamos ele em um dos alimentos de maior índice glicêmico que existe. Isso traz graves consequências para o diabético e provoca o acumulo degordura visceral ou o fígado gorduroso.

Porém, remover a casca do trigo ainda não é o suficiente para satisfazer o desejo da indústria em desenvolver um produto comercialmente atraente e irresistível. O consumidor quer uma farinha branquinha como se fosse um talco. Porem poucos conhecem a técnica usada para branquear a farinha, e é ai onde está o perigo, especialmente para diabéticos.

Conheça a aloxana

Uma vez que retiramos o farelo e o germe do trigo sem o clareamento químico, ainda temos uma farinha que é razoavelmente natural, branca mais ainda contem resíduos da fibra. Mas a indústria não está satisfeita até que todos os vestígios da casca sejam removidos.

A farinha, em seguida, vai para um processo de branqueamento que é semelhante a qualquer branqueamento em que se utiliza o cloro. No caso da farinha de trigo, um produto químico semelhante ao cloro é usado, mas através deste processo uma outra substância química é formada: seu nome é aloxana.

Infelizmente aloxana é tóxica para todos os animais e causa a destruição de células beta no pâncreas. Estas células são responsáveis pela produção de insulina. Aloxana é tão eficaz na destruição de células beta do pâncreas que se tornou uma droga de laboratório padrão usada para induzir a diabetes artificialmente em ratos para estudos sobre diabetes.

Num artigo publicado pela revista “Diabetologia” intitulado ” O mecanismo da alloana e a diabetes induzida por estreptozotocina “  mostrou-se que “Os radicais de hidroxilo são responsáveis pela morte das células beta, que têm uma capacidade de defesa particularmente baixa aos antioxidantes, a ausência destas células levam a um estado de dependência a insulina chamado ‘diabetes por aloxana’ Simplesmente os radicais livres são liberados, matando células pancreáticas.

Aloxana é um subproduto do processo de branqueamento de farinha e não uma substância adicionada

A aloxana ou C 4 H 2 O 4 N  é um produto da decomposição do ácido úrico e um subproduto do cloro gasoso  que é usado como agente de branqueamento da farinha de trigo. O gás de cloro é também um agente altamente oxidante e um poderoso irritante que é perigoso se for inalado e pode ser letal. Outros agentes incluem azoto, nitrosilo, e peróxido de benzoílo misturado com vários sais químicos.

O único uso médico da aloxana é para induzir artificialmente o diabetes em animais de laboratório. Não há nenhum outro uso comercial para a aloxana devido a sua alta toxicidade. Devido a epidemia de diabetes que enfrentamos hoje não podemos nos dar ao luxo de ignorar este problema mesmo considerando-se que apenas pequenas quantidades de aloxana está presente na farinha branca.

A aloxana não pode ser removida

Aloxana tem ação similar aos desinfetantes (DBPs) em água. Aloxana é formada quando o cloro reage com certas proteínas que restam após a farinha ser moída e após o farelo e o gérmen terem sido extraídos. As proteínas comprazem de 5 – 15% da farinha branca. Portanto cada 15 gramas de proteína consumida como farinha de trigo branqueada, produz 100 gramas de farinha de trigo contaminada. Simplesmente não há estudos suficientes para saber os efeitos a longo prazo da aloxana no ser humano.

Aloxana é tão eficaz na destruição de células beta que é a droga de laboratório padrão usada para induzir artificialmente diabetes em ratos para testes de drogas e outros estudos

Como o trigo era processado no passado

O nosso caso de amor com a farinha branca começou a cerca de 100 anos atrás e esta paixão ingênua virou em um grande problema comprometendo todos os produtos à base de trigo. Antes da era do refinamento e clareamento; os agricultores deixavam a farinha envelhecer naturalmente, melhorando a glúten e o cozimento do pão. Hoje a indústria de moagem só nos EUA produzem cerca de 79 milhões de quilos de farinha por dia e não possui condições de armazenar a farinha e deixa-la envelhecer naturalmente. Outro problema é que a farinha curada naturalmente tem menos vida útil nas estantes. Hoje o branqueamento é o método preferido para alcançar o “efeito de envelhecimento” imediato. É difícil determinar quantos moinhos fazem o clareamento com óxido de cloro, mas sabemos que os cloretos  são o padrão da indústria para o clareamento.

Moinhos antigos processavam a farinha lentamente, mas os moinhos de hoje são projetados para produção em massa, usando alta temperatura, e rolos de aço de alta velocidade. A farinha branca resultante é quase puro amido.  A farinha de trigo comercial de hoje perdeu uma boa quantidade de valor nutricional devido aos métodos de processamento agressivos. Se você já se perguntou como farinha branca é feita hoje verifique  Política da Alimentação Saudável.

Se você já teve a oportunidade de ver um desses moinhos de manivela você sabe o que a farinha de trigo integral verdadeira se parece. Pão feito com essa farinha não tem nada a haver com o pão comercial que encontramos nas lojas. Tem uma outra qualidade que é quase impossível de descrever. Pães que chamamos de integral são feitos geralmente de farinha branca tingida de marrom ou é farinha integral misturada com farinha branca.

Conclusão

Não estou pregando a total abstinência do pão, ou do bolo de chocolate pois isso é quase impossível. Não precisa entrar em pânico, aliás o medo é outro toxico. Só é necessário estar mais consciente daquilo que ingerimos diariamente. Alimentos industrializados são sempre carregados de processamentos químicos e devemos simplesmente pensar um pouco antes de engolir qualquer coisa que apanhamos numa prateleira de supermercado. 70% de todos os alimentos processados tem um número estimado de 5.000 aditivos. Pense nisso e procure uma alternativa alimentar saudável pois isso pode prolongar a sua vida com saúde.

*Marcos Taquechel escreve sobre saúde e mídia e colaborou para Pragmatismo Político

Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS