Redação Pragmatismo
Meio Ambiente 23/Jun/2016 às 16:17 COMENTÁRIOS
Meio Ambiente

Corpo de ativista é achado com mãos e braços amarrados a pedras pesadas

Publicado em 23 Jun, 2016 às 16h17

Corpo de líder do Movimento dos Atingidos por Barragens é encontrado após cinco meses. A militante Nilce de Souza Magalhães era conhecida na região por denunciar as violações de direitos humanos cometidas pelo consórcio responsável pela Usina Hidrelétrica de Jirau

ativista Nilce de Souza Magalhães
(Imagem: A pescadora Nilce de Souza Magalhães/Divulgação MAB)

O corpo da pescadora Nilce de Souza Magalhães, a Nicinha, ativista do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), que estava desaparecido desde janeiro, foi encontrado na última terça-feira (21) no lago da barragem da usina hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho (RO).

Uma das líderes do movimento na região Norte do país, ela estava desaparecida desde 7 de janeiro. O corpo foi achado com mãos e braços amarrados a pedras pesadas, o que o mantinha dentro da água, a 400 metros de distância do local em que morava.

Nicinha era uma das pessoas atingidas diretamente pela construção de Jirau e não tinha conseguido ser reassentada, o que impulsionou sua luta por pessoas em situação idêntica à sua e contra a violação de direitos humanos. Duas denúncias envolvendo a atividade pesqueira e a construção das hidrelétricas no Madeira viraram inquéritos no Ministério Público.

Filha de seringueiros, ela morava num acampamento de pescadores numa ilha no rio Mutum, afluente do Madeira, e continuava atuando na pesca, reduzida, segundo o MAB, após a construção da barragem.

O reconhecimento do corpo foi feito por duas filhas, que identificaram as roupas, o relógio e objetos que estavam com a ativista. Devido ao avançado estado de decomposição, a polícia solicitou exame de DNA, que deve ficar pronto em 15 dias.

“Difícil afirmar exatamente o que houve mas, ainda que indiretamente, o verdadeiro culpado pela morte é a construção das barragens, da forma que foram construídas em Rondônia”, disse o integrante do MAB Guilherme Weimann.

Segundo o movimento, a construção de barragens levou para a região um contingente enorme de operários, gerando deficit na educação, saúde e habitação, ampliando as violações aos direitos básicos das pessoas.

Um suspeito de cometer o crime foi preso uma semana depois do desaparecimento de Nicinha. Ele disse à polícia ter atirado na vítima após um suposto furto. Há dois meses, o criminoso fugiu da penitenciária de Porto Velho.

O MAB refuta a hipótese de que uma “briga de vizinhos” motivou o crime e fará um ato político para homenageá-la na capital de Rondônia. “Sabemos que não é isso. Ela incomodava muita gente lá”, disse Weimann.

Folhapress

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