Redação Pragmatismo
Corrupção 20/Mai/2016 às 11:30 COMENTÁRIOS
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Pastor investigado na Lava Jato ganha passaporte diplomático

Publicado em 20 Mai, 2016 às 11h30

José Serra, ministro das Relações Exteriores, concede passaporte diplomático a pastor da Assembleia de Deus investigado na Lava Jato. Samuel Ferreira foi um dos líderes religiosos escolhidos por Michel Temer para “abençoar” sua posse no Planalto

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Pastor Samuel Ferreira é aliado de Michel Temer. Foi na sua igreja que o presidente interino disse, em vídeo que viralizou, que delegava as funções mais difíceis a Eduardo Cunha

Primeiro investigado da Operação Lava Jato a ser brindado com um passaporte diplomático concedido por José Serra (PSDB), ministro das Relações Exteriores, o pastor Samuel Cássio Ferreira, mantém laços estreitos com o presidente interino Michel Temer (PMDB).

Presidente da Assembleia de Deus Ministério Madureira, que reúne cerca de 8 milhões fieis em todo o Brasil, Samuel foi um dos líderes religiosos escolhidos por Temer para celebrar um culto ecumênico no Palácio do Planalto na semana passada, quando foi empossado na Presidência da República.

O pastor é suspeito de ter cedido conta bancária da igreja para o presidente da licenciado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), receber parte de uma propina de US$ 5 milhões de contratos na Petrobras.

Em 2014, Samuel e seu pai, o ex-deputado federal Manoel Ferreira, fundador da Assembleia de Deus, apoiaram a reeleição de Dilma Rousseff e Michel Temer. Ao lado de Eduardo Cunha, o peemedebista voou até São Paulo para agradecer pelo apoio. Na ocasião, prestou uma homenagem a Manoel Ferreira e a Cunha, apontados por ele como “generais eleitorais” de sua terceira eleição à presidência da Câmara, em 2008.

O trecho em que o então vice dizia ter recebido “um auxílio extraordinário” de Cunha, a quem entregava “as tarefas mais difíceis”, viralizou na internet no mês passado. Ainda no vídeo, Temer diz conviver com Manoel há mais de 35 anos.

Ação de graça

Nos últimos anos, o presidente interino compareceu a pelo menos dois cultos de ação de graça pelo aniversário de Samuel Ferreira, em 2013 e 2014. Naquele ano, Temer estampou foto da cerimônia em que discursou para mais de 4 mil pessoas presentes no templo do Brás, em São Paulo, em sua página no Facebook.

Na comemoração de 2013, Samuel também recebeu José Serra, o novo ministro das Relações Exteriores que autorizou ontem, em um de seus primeiros atos à frente do Itamaraty, a liberação do passaporte diplomático por três anos ao líder religioso e à sua esposa, Keila Campos Costa Ferreira. A decisão foi publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União. Os cultos em homenagem ao pastor, que tem 48 anos, reuniram políticos de vários partidos, inclusive do PT.

Na eleição de 2012, Serra teve apoio declarado de Samuel e Manoel Ferreira na disputa, em segundo turno, com o petista Fernando Haddad pela prefeitura de São Paulo. O tucano acabou derrotado pelo ex-ministro da Educação, que concorria pela primeira vez a um mandato político.

Bastante cobiçado pelas portas que abre, o passaporte diplomático é concedido a autoridades como parlamentares, ministros de Estado e do Supremo Tribunal Federal (STF), presidente da República, entre outros. O portador do documento tem facilidades para embarcar em aeroportos, como prioridade em filas e no despacho de bagagens, e, em alguns casos, até a dispensa de visto para entrar em vários países.

STF e Moro

Um dia antes de Temer tomar posse no Planalto com o afastamento de Dilma, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter decisão de março do relator da Lava Jato, ministro Teori Zavascki, de enviar ao juiz Sérgio Moro a investigação sobre Samuel Ferreira. O caso é derivado de denúncia criminal contra Eduardo Cunha por corrupção e lavagem de dinheiro, aceita ano passado pelo Supremo.

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