Redação Pragmatismo
Impeachment 29/Abr/2016 às 10:41 COMENTÁRIOS
Impeachment

Anastasia tem contas a prestar com a Justiça, mas vai julgar Dilma

Publicado em 29 Abr, 2016 às 10h41

Relator do impeachment no Senado é campeão de doações eleitorais e recebeu de várias empresas da Lava Jato. Apadrinhado de Aécio Neves, Antonio Anastasia vai julgar Dilma num processo que já tem desfecho conhecido

Antonio Anastasia é apadrinhado político de Aécio Neves. Ele julgará Dilma no Senado em resultado que já é conhecido
Antonio Anastasia é apadrinhado político de Aécio Neves. Ele julgará Dilma no Senado em resultado que já é conhecido

Escolhido como relator do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG) é campeão de doações eleitorais entre os senadores eleitos em 2014. Assim como a petista, ele também é acusado de “pedaladas fiscais”.

Anastasia fez sua trajetória política como braço direito do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014 por Dilma.

O relator apresenta o parecer na próxima quarta-feira. A tendência é que acompanhe a Câmara e seja a favor da admissibilidade do impeachment. São necessários 12 votos na comissão e 41 no plenário. Se isso acontecer, Dilma é afastada e o Senado tem 180 dias para análise definitiva.

Entre os senadores eleitos em 2014, Anastasia foi o que mais arrecadou. Foram R$ 18,1 milhões. Em seguida, aparece José Serra (PSDB-SP), com R$ 10,7 milhões, e depois Ronaldo Caiado (DEM-RO), com R$ 9,6 milhões. Entre as doações ao mineiro, constam empreiteiras e um banco citados na operação Lava Jato.

Anastasia foi eleito vice-governador de Minas Gerais em 2006, na chapa de Aécio. No último ano de mandato, assumiu o comando do Executivo local, com a saída do titular para concorrer ao Senado. Em 2010, o atual relator do imepachment eleito para continuar na Cidade Administrativa.

Leia abaixo o texto do jornalista Alex Solnik sobre a escolha de Anastasia para ser relator do impeachment de Dilma no Senado:

Assim não é mais possível. Eu imaginava que na Câmara dos Deputados é que se concentravam todos os cínicos, indecentes, desqualificados e hipócritas do nosso país, mas, oh surpresa, no Senado não é muito diferente.

Acabo de saber que o senador escolhido para ser o relator do impeachment, o tal de Antonio Anastasia, com aquela cara de Bebê Johnson’s, e modos educados, não só foi o dono da mais cara campanha ao Senado de todo o Brasil, 18 milhões, segundo o TSE, como também recebeu 11% do total de empresas altamente suspeitas, todas investigadas e algumas já condenadas na Lava Jato.

A saber: Andrade Gutierrez, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e o Banco BTG.

Estão tirando um sarro da nossa cara. O sujeito que deveria ser investigado é o investigador-mor! Meus sais, por favor!

Todas as empreiteiras que doaram para sua campanha milionária receberam 1 bilhão de reais para construírem a Cidade Administrativa de Belo Horizonte quando ele foi governador de Minas Gerais. Se isso não foi um toma lá dá cá, não sei mais o que é um toma-lá-dá-cá. Talvez Miguel Falabella saiba!

Ora, senhores! Brincadeira tem hora. Um pouco de compostura, por favor. Não é aceitável que esse indivíduo aparentemente dócil, meigo e inofensivo ocupe o posto mais importante do mais delicado processo que corre no país e que pode tirar do Planalto uma presidente que não cometeu nenhum dos dois crimes imputados no processo de impeachment.

Se ele próprio não teve a dignidade de ficar na moita e se abster de participar desse conluio indecente, cabe aos senadores arrancá-lo de lá e pedir urgente comissão de ética para ele.

Ainda que ele tenha sido “eleito” para esse cargo, isso não é uma cláusula pétrea, revogue-se a eleição, julgue-se o pretenso julgador.

Acumulam-se motivos para esse processo de impeachment ser anulado, não só por seu mérito, que é nenhum, mas pelo demérito dos que o comandam.

Começou com o notório Cunha, que não sei como ainda tem a coragem de se sentar naquela cadeira no alto da tribuna sendo diariamente chamado de bandido, ladrão, canalha e outros epítetos quetais por vários deputados, sem mexer um músculo do rosto e fazendo de conta que não é com ele, tais são as provas contundentes contra ele que os bancos suíços já mostraram ad nauseum, tendo fechado suas contas por entenderem que se tratava de milhões de dólares com origem espúria.

O que o STF ainda espera para dar sequência ao julgamento que deverá, evidentemente, defenestrar Cunha? Que os brasileiros percam a paciência?

Nós, brasileiros, somos um povo pacífico, mas tem uma hora que é humanamente impossível aguentar tantas cusparadas na cara!

Ontem mesmo eu vi vários deputados senadores e deputados vociferando contra as cusparadas do ator José de Abreu em pessoas que o ofenderam publicamente, num restaurante, como se eles tivessem alguma coisa que ver com isso, já que nem cuspiram, nem foram cuspidos.

Fiquei mais estarrecido ainda ao ver os deputados pedindo que a TV Globo dê direito de resposta ao casal no qual José de Abreu escarrou.

Ora, onde esses deputados pensam que estão? Viraram agora a reserva moral da nação e se acham no direito de legislar, pobres coitados, não só nos seus domínios, mas também na TV Globo?

O impeachment, ao que parece, está afetando o bom funcionamento de algumas, ou muitas cabeças que deveriam se preocupar com o seu próprio nariz, com a sua própria história, mas têm a desfaçatez de tentar impor suas posições em lugares totalmente alheios à sua jurisdição.

Não sei se há psicanalistas suficientes para atender a esse sanatório geral já previsto por Chico Buarque numa conhecida canção.

com informações de BrasilPost, AE e 247

Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS