Redação Pragmatismo
Direita 21/Mar/2016 às 12:19 COMENTÁRIOS
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"Um ator não pode ser peitado por um negro", diz Claudio Botelho

Publicado em 21 Mar, 2016 às 12h19
Claudio Botelho Chico Buarque
Claudio Botelho e Soraya Ravenle tiveram forte discussão nos bastidores do Sesc Palladium, em BH: áudio da conversa foi divulgado pelo Mídia Ninja – Foto: Divulgação

Um áudio divulgado pelo Mídia Ninja (ouça abaixo) mostra uma tensa conversa nos bastidores da peça após a polêmica envolvendo o ator Claudio Botelho e a plateia da peça Chico Buarque em 90 Minutos.

As vozes, ao que tudo indica, são de Claudio Botelho e da atriz Soraya Ravenle, sua colega de elenco.

Na discussão, a atriz tenta acalmar o diretor, que fala aos berros. Ela afirma que ele não poderia ter provocado a plateia daquela forma em uma semana de tamanha tensão política no país. Ao que o diretor e ator responde:

“São neofascistas, são escrotos, são petistas, são o que há de pior no meu Brasil. Esta gente chega e peita um ator que está em cena”, diz Botelho.

Aos gritos, Botelho ainda continua sua fala e solta uma frase racista: “Um ator que está em cena é um rei! Não pode ser peitado. Não pode ser peitado por um negro, por um filho da puta que está na plateia. Não pode. Não pode ser peitado. Eu estava fazendo uma ficção.” [Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Botelho afirma que falou “nêgo” como expressão que quer dizer “alguém” e não para se referir a alguém negro. “Não sou racista”, se defendeu].

áudio:
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Ravenle diz então que não concorda com Botelho.

“Você tocou numa ferida que está aberta a semana inteira”.

O diretor tentou se comparar a Zé Celso, outro nome fortemente ligado à esquerda, que teve sua versão da peça Roda Viva, musical de Chico Buarque, interrompida por partidários da ditadura civil-militar em 1968, com o elenco espancado, entre eles a atriz Marília Pêra.

“Olha, em 1967 [sic], os militares pararam Roda Viva, hoje os petistas pararam Roda Viva, você entende?”

Ao que Ravenle responde: “Não concordo com você”.

“Não precisa concordar não, porque sou democrático e nunca vou parar uma peça sua”, devolve Botelho.

Ravenle continua sua fala: “Mas a plateia tem direito de vaiar, você provocou, você continuou desafiando.”

“Pega seu dinheiro de volta. Essa peça é minha”, afirma Botelho.

A atriz diz que ama o diretor e fala que precisa falar uma coisa, desse lugar. Mas, avisa antes: “sei que você não vai gostar”. E segue: “Aqui a gente tem um espetáculo que é um grupo de pessoas, que também não é só você, que estava dando a cara ali, e levantar uma bandeira neste momento, nesta semana…”

Logo, ela é interrompida por Botelho, aos gritos.

“Mas eu sou o dono, sou o produtor, sou o responsável. É uma questão de sair”, afirma, sugerindo que a colega peça demissão. “O que eu fiz é o que eu faço sempre”, conclui.

“Você falou com toda a carga da semana inteira”, tenta interceder Ravenle.

“Isso aqui são bandidos. Mas ela [a presidenta Dilma Rousseff] é bandida, ela é ladra!”, grita Claudio Botelho.

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