Redação Pragmatismo
Juristas 12/Mar/2016 às 12:25 COMENTÁRIOS
Juristas

Promotor se irrita ao ser questionado sobre troca de Engels por Hegel

Publicado em 12 Mar, 2016 às 12h25

“Vão catar coquinho”, diz, irritado, um dos promotores que pediu a prisão preventiva do ex-presidente Lula ao ser questionado sobre confusão entre Engels e Hegel. “É claro que nós sabemos a diferença entre eles”, bradou

José Carlos Blat promotor Lula
O promotor José Carlos Blat

“É claro que nós sabemos a diferença entre Engels e Hegel. Numa peça de 200 laudas, falando de crimes essenciais, vão preferir ficar discutindo a filosofia?”

Quem pergunta é o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, um dos responsáveis pelo pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula, nesta quinta-feira. Ele se refere à confusão, feita no pedido encaminhado ao tribunal, entre Friedrich Engels, coautor do Manifesto Comunista junto a Karl Marx, e Friedrich Hegel, filósofo morto em 1831, 17 anos antes da publicação do Manifesto.

“Vão caçar o que fazer. Vão catar coquinho”, continua o promotor estadual, irritado, sobre a repercussão em torno do erro presente na peça. “Isso é uma tolice, é um erro material que já foi verificado e será retificado. Tudo continua como está, não há qualquer gravidade nisso.” As informações são da BBC Brasil.

Diferente do que alega o promotor, a polêmica do pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula foi além da citação filosófica e dos comentaristas de redes sociais.

Juristas e advogados como Carlos Sampaio, coordenador jurídico do PSDB, e Gilson Dipp, ex-ministro do STJ, criticaram a fundamentação técnica da peça jurídica, afirmando que “não é usual fazer a denúncia e pedir a prisão do investigado” e que as chances de Lula fugir do país são pequenas.

Até o especialista em direito penal Aury Lopes Junior, citado pelos promotores como referência para embasar o pedido de prisão de Lula, contestou a ação contra o ex-presidente.

“Vejo como algo muito mais de caráter simbólico do que com embasamento processual. A prisão preventiva é uma exceção, não pode ser banalizada. E não acredito que haja necessidade, nesse momento, de que o ex-presidente seja detido. Isso não quer dizer que ele não possa ser, em algum momento, condenado num eventual processo”, disse o professor da PUC-RS.

Lopes Júnior não vê nenhuma das possibilidades previstas na lei para sustentar a prisão preventiva no caso de Lula. “O risco de fuga não existe, é uma figura pública, que é constantemente monitorada. A possibilidade de destruição de provas num crime como o de lavagem de dinheiro, cuja base é de comprovação documental, também não me parece razoável. Além do mais, já houve busca e apreensão na semana passada. Quanto ao risco para a ordem pública, é uma futurologia sem sentido. Ele não pode ser responsabilizado por tumultos que podem, em tese, acontecer. Para isso, existe a Segurança Pública”, afirmou.

informações de BBC Brasil

Recomendações

COMENTÁRIOS