Redação Pragmatismo
Educação 01/Mar/2016 às 15:45 COMENTÁRIOS
Educação

Escola troca merenda com estrogonofe, arroz e feijão por bolacha e suco

Publicado em 01 Mar, 2016 às 15h45

Estudantes que comiam arroz, feijão, estrogonofe e salada passaram a se alimentar de bolacha e suco em escola de SP. "É ruim porque a gente passa fome", relata aluno. Mudança se deu por não renovação de convênio com o Estado para o preparo e fornecimento da merenda. O motivo é o baixo valor repassado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB): R$ 0,50 por aluno

merenda escolar alckmin sp

Os alunos da escola estadual Valério Strang, em um bairro carente de Mogi Mirim (a 151 km da capital paulista), estavam acostumados com uma merenda farta: arroz, feijão, estrogonofe, salada.

Mas, desde que voltaram às aulas, há duas semanas, se depararam com um cardápio bem mais magro: bolacha com achocolatado ou suco em caixinhas de 200 ml, a chamada “merenda seca”.

“É ruim porque a gente passa fome”, disse um aluno que entrava para a aula na manhã desta sexta (26). “Disseram que na semana que vem a merenda volta. Vamos esperar”, afirmou outro.

A mudança se deu porque a prefeitura não renovou o convênio com o Estado para o preparo e fornecimento da merenda. O motivo alegado é o baixo valor repassado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB): R$ 0,50 por aluno.

O mesmo acontece em diversos municípios paulistas, como Caieiras e Franco da Rocha, na Grande São Paulo; Americana, no interior, e Ubatuba, no litoral norte. Ao menos 90 mil alunos foram afetados pela mudança. O Estado promete regularizar a situação até 5 de março -e, após ser questionado pela Folha, disse ter resolvido parte do problema na própria sexta-feira.

CUSTOS

“Tivemos que cortar custos na prefeitura e percebemos que aplicávamos R$ 2,47 na merenda, enquanto o governo do Estado só nos repassava R$ 0,50”, afirma Márcia Róttoli Masotti, secretária da Educação de Mogi Mirim.

Segundo as prefeituras, o governo estadual foi avisado cerca de 120 dias antes para que tivesse tempo para organizar a compra de alimentos e contratar merendeiras, que eram dos municípios.

A responsabilidade pela merenda na rede estadual é do governo paulista, que recebe uma complementação da União. Já os convênios com os municípios são opcionais: aderem os que quiserem.

“Tenho 30 anos na educação e isso nunca tinha acontecido. Foi triste porque não pudemos ajudar”, diz Márcia. Segundo ela, o dinheiro “economizado” (R$ 1,2 milhão) será aplicado em duas creches a serem abertas neste ano.

De acordo com a secretária, a prefeitura avisou o Estado que não renovaria o convênio em outubro de 2015. “Desde 2014 a gente vinha dizendo que não ia renovar. O governo prometeu ajuda, mas não chegou nada”, afirmou.

Mogi Mirim tem 11 escolas estaduais e cerca de 11 mil alunos. “Está todo mundo reclamando. Não dá pra oferecer bolacha e Toddynho todo dia”, disse Suelen Gabriel, 31, mãe de uma estudante. Já Marcela de Martini, 32, mãe de duas meninas, reclamou que as despesas em casa aumentaram com a redução da merenda. “Tivemos que comprar mais coisas para elas levarem. Está tudo ruim.”

Venceslau Borlina Filho, Folhapress

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