Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 18/Fev/2016 às 17:44 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Mulher é bloqueada do Facebook após rejeitar “desafio da maternidade”

Publicado em 18 Fev, 2016 às 17h44

Jovem rejeita desafio da maternidade: “Amo meu filho, mas odeio ser mãe”. Com fotos que mostravam seu cansaço ao amamentar, ela lançou o “desafio da maternidade real” e pediu que outras mulheres publicassem imagens de seu desconforto e falassem sobre seus maiores medos. Seu post recebeu milhares de críticas e também bastante apoio. Em seguida, seu perfil foi bloqueado

Mulher é bloqueada do Facebook Juliana desafio da maternidade

Na última semana, um desafio levantado a mães nas redes sociais acabou gerando uma enorme polêmica.

Em vez de, como na proposta, compartilhar fotos felizes da maternidade, a dona de casa Juliana Reis, de 25 anos, decidiu mostrar a sua experiência real, que descreveu como dolorosa e cansativa: “Quero deixar bem claro que amo meu filho, mas odeio ser mãe”, disse, num trecho.

Rapidamente o post viralizou e, em pouco mais de um dia, teve quase 80 mil curtidas. Junto com ele, vieram milhares de comentários de apoio e de recusa à postura da mãe – alguns deles afirmando que a jovem estaria sofrendo de depressão pós-parto.

Por volta das 5h desta quarta-feira, antes de finalmente ir dormir, uma surpresa: o perfil de Juliana foi denunciado para o Facebook e, em seguida, bloqueado.

A mensagem de Juliana mostra que ser mãe não é um mar de rosas. Existem momentos difíceis e que temos de enfrentar ao lado de um bebê que ainda estamos conhecendo. Uma rede de apoio, formada por amigos e parentes, é fundamental para não se deixar abater.

Depressão?

Juliana contou com essa rede de solidariedade. Uma de suas amigas criou a campanha #tamujuntajuliana logo após o bloqueio do perfil da colega. E fez um post para contar que teve depressão pós-parto.

“Você passou pelo puerpério sorrindo? Que ótimo! Eu tentei me matar duas vezes e morria de chorar no primeiro mês toda vez que olhava a Mia. Me sentia incapaz como mãe e esposa. Achei que não fosse dar conta. Pedi socorro incontáveis vezes e só recebi julgamentos”, escreveu a amiga.

Para Juliana, que é mãe de primeira viagem, a experiência negativa não será impedimento de falar sobre real maternidade. Por meio de uma amiga, cujo perfil na rede social continua ativo, a mamãe publicou uma carta em que reforça seu ponto de vista.

“Ainda bem que eu estou com muita estrutura pra encarar isso porque se eu sofresse de depressão pós parto, como muita gente me diagnosticou, vocês só estariam me dando a arma pra me matar”, disse Juliana, que reitera não ter depressão pós-parto.

Em seguida, completou: “A quem critica, porque gosta de criticar, ou porque não concorda comigo mesmo (talvez você tenha tido a maternidade dos sonhos): Meu amor por você! E peço pra que tenham mais compaixão com a dor do outro! As palavras machucam”, afirmou.

Muitas mulheres enfrentam caladas a depressão pós-parto. Cabe aos parentes observar eventuais mudanças de comportamento ou humor e buscar ajuda, quando necessário. Um médico vai poder identificar se a mulher está com depressão pós-parto ou com o chamado baby blues, que é uma alteração de humor que costuma aparecer nos primeiros dias, mas desaparece em menos de um mês.

Pressão

Para Juliana, as mães recebem muitas cobranças. “Percebi que as pessoas olham para julgar e não para admirar. Tem gente que questiona a mãe que sai com o filho debaixo do sol quente. Alguém sabe se ela tinha com quem deixar o filho?”

Ela diz que pensa nas meninas que se tornam mães aos 15 anos, muitas vezes sem a ajuda de um marido. “As pessoas dizem que ela teve filho porque quis e que na hora de fazer foi bom. Alguém sabe se foi bom? Tenho vontade de responder, mas estou com medo de ser mal interpretada.”

Facebook

Sobre a repercussão do caso, Juliana diz estar absolutamente surpresa mas, sobretudo, decepcionada com a exclusão da rede social:

“Nunca ia imaginar, nem em sonho, que chegasse a esse ponto e fiquei extremamente chateada com o bloqueio do Facebook. Já denunciei muitas páginas que incitam ao ódio e nunca vi um bloqueio como o que sofri e, mesmo assim, aconteceu comigo em apenas um dia. Estou chateada por ter sido forçada a me calar”, diz.

Perfil reativado

Depois de doze horas de bloqueio, o perfil de Juliana, 25 anos, que deu à luz há 45 dias, foi reativado pelo Facebook.

“Fiquei muito aliviada por ter recebido a minha página de volta. Agora é como se tivesse ganhado um novo motivo para lutar. Não sabia que ia repercutir, mas, já que é assim, vou continuar defendendo o que acredito. Fui tirada do ar sem mais nem menos. Nunca quis ofender ninguém, só quis mostrar a real maternidade”, lembra a jovem.

Até agora, o Facebook não apresentou uma justificativa para o bloqueio de Juliana.

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informações de Jornal Extra e Blog Maternar

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