Redação Pragmatismo
Política 03/Dez/2015 às 01:19 COMENTÁRIOS
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Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment contra Dilma. E agora?

Publicado em 03 Dez, 2015 às 01h19

Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. Aécio Neves, principal líder da oposição, comemorou a decisão. Presidente da Câmara nega revanchismo por perda de apoio no Conselho de Ética

Eduardo Cunha impeachment Dilma
Eduardo Cunha anunciou abertura de impeachment contra Dilma Rousseff

No início da noite desta quarta-feira (2), o Congresso virou palco para as mais diversas declarações de parlamentares da base e da oposição depois do anúncio de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que sua decisão estava tomada desde segunda-feira (30/11), mas que o noticiário influenciou em adiar sua divulgação.

Tão logo o procedimento foi a público, a oposição se apressou a dar declarações de satisfação, enquanto petistas e demais membros da base passaram a denunciar o “golpe” do peemedebista, oposição a Dilma desde 17 de julho.

“Essa atitude é uma atitude de revanchismo diante da decisão do Partido dos Trabalhadores, tomada hoje pela bancada, de orientar o voto dos integrantes do PT pela admissibilidade do processo de responsabilização, no Conselho de Ética, do deputado Eduardo Cunha. Na realidade, esse é o ponto culminante de um processo de chantagem a que não só o governo, mas a que o Brasil vinha sendo submetido”, pontuou Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

“O Congresso é capaz de muitas coisas, menos de virar as costas para a opinião pública”, contraditou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado por Dilma nas eleições de outubro de 2014. O tucano negou qualquer entendimento com Cunha no sentido de arquitetar o impeachment. Nos primeiros meses de mandato de Cunha, no entanto, eram frequentes jantares e reuniões entre o peemedebista, já na condição de oposição ao governo, e parlamentares de partidos como PSDB, DEM, Solidariedade e PPS.

“Para nós do PSDB não houve em qualquer momento negociação política em troca de votos, seja no Conselho [de Ética] ou na Câmara. Isso nos dá muita serenidade nesse instante. O PSDB continua tendo a posição que teve no Conselho de Ética”, acrescentou o cacique tucano.

Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), preferiu não fazer declarações sobre a decisão de Cunha – a exemplo do correligionário, Renan é um dos principais alvos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda não foi formalmente denunciado pela Procuradoria-Geral da República, como o foi Cunha. ”Não conheço o que processo contém. Dependendo do que acontecerá na Câmara, virá ou não para o Senado. Portanto, não é prudente eu antecipar qualquer posição”, ponderou.

Cunha nega revanchismo

No anúncio de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que sua decisão está tomada desde segunda-feira (30/11), mas que o noticiário influenciou em adiar sua divulgação. Rodeado por uma multidão de jornalistas, assessores e seguranças, ele informou ter rejeitado 34 outros pedidos de impedimento presidencial, por insuficiência de requisitos formais e legais, mas assegurou ter encontrado todas essas formalidades cumpridas no requerimento assinado pelo jurista Hélio Bicudo – juntamente com outros dois juristas, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal

“Havia me comprometido com todos a fazer um processo de decisão até o fim do mês de novembro, e pretendia tê-lo feito na segunda-feira [30/11] de manhã. A decisão já estava tomada, pronta, e assinada com a Secretaria-Geral da Mesa”, declarou o peemedebista (leia abaixo a íntegra da entrevista).

Segundo aliados, Eduardo Cunha ficou muito irritado com a decisão da bancada do PT de votar pela abertura do processo de cassação contra ele, no Conselho de Ética. No PT, por outro lado, tanto parlamentares quanto a cúpula partidária concluíram que qualquer proteção ao presidente da Câmara desmoralizaria a agremiação de uma vez por todas, além de dar margem para o deputado peemedebista no futuro voltar com a “chantagem do impeachment” sempre que se visse em dificuldades. A decisão da bancada petista na Câmara contrariou as recomendações de Lula e do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que vinham buscando uma aproximação com Eduardo Cunha para evitar novas crises no relacionamento com o Congresso.

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